É coisa para acontecer de vez em quando. Está um gajo muito sossegado e batem-nos à porta, ou param-nos na rua. É uma daquelas pessoas que não conhecemos mas que nos interpela ou conhecemos de forma distante. Lá trocamos uma ou outra palavra, mais ou menos de circunstância, e nas despedidas dizemos um longíquo ‘adeus’, um breve ‘até à próxima’, um amigável ‘até já’. Em troca recebemos um banal ‘continuação’.
Continuação? Mas continuação de quê?
De um bom dia? E se ele estiver a correr mal? Quer, por acaso, o parvalhão que o nosso dia continue uma merda?
De uma boa carreira profissional? Mas e se estamos desempregados? Quer o magano que continuemos assim, a viver do subsídio?
De uma continuação do que estamos a fazer? Provavelmente, mas e se isto é dito a um gajo que se está a enforcar? “Vá lá à sua vida, tenha uma boa continuação do seu suicídio, que corra bem. Tenha em atenção ao nó e veja lá essa corda que já teve melhores dias. Continuação…”.
É ridículo, não é? Como aqueles relatadores ou comentadores de futebol que dizem que uma equipa que está a perder tem de “correr atrás do prejuízo”. Ó senhores, pelas alminhas, quem é que vai correr atrás do prejuízo?
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