Não foi a surpresa do dia, nem sequer da década. Há muito que se conheciam as nada estranhas ligações entre o poder político-militar da Frelimo e negociantes de todos os azimutes. Quando da independência, houve quem colhesse fartos benefícios das atempadas contribuições anti-Portugal, entre as quais avultavam as verbas distribuídas pelo senhor Olof Palme. Madeiras e transportes foram algumas das recompensas vertidas pelos detentores do poder na antiga Lourenço Marques, bem embaladas naquela conhecida retórica do situacionismo bem pensante dos “amanhãs”, “justiça”, “libertação” e outros tantos recursos tirados da luxuosa valise Louis Vuitton que a progressista oligarquia europeia tem sempre à mão.
Chegou a vez de Cabora-Bassa (ou Cahora?). Pelo que se diz imprensa fora, o senhor Guebuza, conhecido pelo seu “fero anti-portuguesismo” para consumo interno de uma pequena minoria, terá recebido uma comissão pela venda da quota portuguesa da grande barragem do Zambeze. Nada de extraordinário, caso o referido dirigente não fosse o Chefe de Estado de Moçambique e antigo (?) marxista-leninista convicto. Pior ainda, chegam também outras novidades acerca de arriscados conluios no tráfico de estupefacientes cuja proveniência torna ainda mais controversa a questão. A ser verdade, quais serão as ligações entre a nomenklatura da Frelimo, com certos sectores anti-ocidentais, cujos “alcaides” são facilmente identificáveis com uma certa forma de fazer política de Kalashnikov a tiracolo? Reminiscências de outros tempos e outras lutas? Quem sabe?
Voltando ao que importa, os portugueses prescindiram daquela que até há pouco empo era a sua mais valiosa propriedade fora de portas. Os prestimosos serviços bancários que dão pelo nome de “consórcios”, prontificaram-se a encontrar 950 milhões de Dólares para que Moçambique pudesse tomar posse efectiva da barragem, naquilo que Guebuza caracterizou como uma “segunda proclamação da independência”. O que interessa saber, é a forma e o conteúdo dos acordos que não chegaram ao conhecimento do público português. Assim, os “entre 35 e 50 milhões de Dólares” alegadamente pagos ao senhor Guebuza, saíram dos bolsos de quem? É que a outorga da “soberania sobre Cabora-Bassa”, significou o arrecadar de dinheiro para os cofres portugueses e assim sendo, este caso reveste-se de uma inegável controvérsia, pois as ditas dezenas de milhão, foram retiradas ao património nacional, satisfazendo as ambições de arredondamento de conta do presidente moçambicano. Mais ainda, poderemos e deveremos questionar os palácios de Belém e de S. Bento, acerca do seu conhecimento, ou não, de um caso em tudo estranho e que roça a mais cúpida indecência. Foram coniventes no esbulho? Ou nada sabiam?
Talvez não estejamos em tempo propício para tal coisa, conhecendo-se as “ligações de negócios” existentes entre a cúpula do poder em Maputo e determinados cavalheiros que há muito se têm esforçado por parecer entusiastas dos incertos e neste caso fustigantes, Ventos da História. Há muitos “santos” por aí.
A publicação de certos nomes seria um autêntico tornado, para tardio gáudio de muita gente que foi imerecidamente despojada da sua dignidade. Cá e lá. No entanto, resta-nos saber – como aqui se diz -, se as mensagens dos representantes norte-americanos correspondem exactamente à verdade dos factos. Subitamente, os maiores inimigos dos EUA embandeiram em arco e espantosamente, colocam toda a sua exultante confiança naquilo que as “bocas do imperialismo” dizem urbi et orbi.
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