À atenção dos responsáveis pelos exames nacionais

Agora que querem meter os professores a fazer trabalho extraordinário à borla, não seria altura de pouparem os professores do ensino privado a esse sacrifício?

Eu explico porquê. Em primeiro lugar não passa pela cabeça de ninguém que funcionários de uma empresa privada façam um trabalho que compete única exclusivamente ao estado. É o mesmo que pôr empresas de segurança a fazer trabalho da polícia. Já os alunos do privado não terem de ir fazer o seu exame a uma pública é perigoso, e por alguma razão nem sempre foi assim.

Depois tenho uma pequena experiência. Quando fui corrector pela primeira vez de acordo com as modernices actuais das grelhas supostamente mais objectivas e das aferições dos critérios trabalhadas em grupo, dois colegas dentro do assunto explicaram-me os novos procedimentos e no final avisaram-me:

– E nas reuniões de aferição vais ver como está sempre alguém de um colégio e como avalia sempre por baixo.

Achei estranho. Nos dias seguintes confirmei: uma jovem muito jovem, nos intervalos de demonstrar a sua ignorância sobre os conteúdos que avaliava, classificou sempre pelo mínimo possível. Ganhava o pão num conhecido externato onde em tempos um “professor” dava aulas a duas turmas em simultâneo, cada uma em sua sala.

É que os professores correctores sabem que nunca lhes entregam exames da sua escola, mas sempre de outras. O que é para mim a escola pública ao lado, e para todos efeitos temos o mesmo patrão, para esta donzela e seus empregadores eram empresas concorrentes. As guerras do mercado e o ensino público dão-se muito mal.

O GAVE podia muito bem tratar estatisticamente o trabalho desta gente, e a bem da seriedade tirar as suas conclusões. Além do mais diminuía o insucesso escolar.

E sim, os rankinks das escolas também passam por aqui.

Comments

  1. António João says:

    Acha que vale a pena comentar o que acima escreveu? Não me parece.
    Os insultos na boca de certas pessoas, são para mim elogios.
    Fique bem.
    PS: Quer que eu lhe envie o endereço do Gave?

  2. Quais insultos?

    • António João says:

      Leia com calma e verá. Tempo, pelos vistos não lhe falta.
      Quanto às acusações, quem ler que julgue as suas afirmações.

  3. Pureza says:

    A distribuição de exames não é feita de forma tão ligeira. E, se sabe que houve quem avaliasse por baixo, deveria expor essa situação nas reuniões de aferição de critérios. O que descreve, contudo, não deve ser um caso isolado. Há com certeza colegas do público que o fazem também. Isto não é um problema entre público e privado, mas entre competência e incompetência.

  4. otário says:

    Caro João,

    Vejamos se eu o consigo esclarecer em alguns pontos:

    1. Os exames não são trabalho extraordinário para os professores pois são corrigidos dentro do horário lectivo (que como sabemos, nessa altura, está livre de aulas para a maior parte dos professores);

    2. Convém que se saiba que apenas os exames do Ens. Secundário eram pagos. Os outros, desde provas do aferição dos primeiros ciclos até aos Exames Nacionais do 9º ano, sempre forma um trbalho atribuído aos professores sem qualquer tipo de pagamento extraordinário;

    3. A história do pagamento da correcção das provas do Ens. Secundário tem uma história que vale a pena conhecer para melhor compreendermos esta medida. Como sabe há uns anos atrás (era eu aluno) as provas do 12º ano eram apenas provas de acesso ao ensino superior, ou seja, não tinham qualquer espécie de valoração para as notas finas do 12º ano. Dessa forma, considerou-se que a correcção dessas provas era um serviço que não fazia parte das competências dos professores do ensino secundário pois serviam essencialmente o ensino superior. Dessa forma considerou-se justo que um serviço de correcção externo fosse pago e assim foi.

    3. Como sabe a realidade do ponto 3) há muito que se alterou pois as provas do ensino secundário tornaram-se, na maior parte dos casos, obrigatórias para a conclusão de alumas disciplinas do 12º ano. Assim, este serviço deixou de ser externo à escola e, por isso, a justificação do seu pagamento deixou de fazer sentido.

    • Meu caro, como essa situação já vem detrás, e de que maneira, espero que obriguem à devolução dos pagamentos entretanto efectuados por engano. É capaz de entupir os tribunais administrativos, mas não se pode ter sol na eira e chuva no nabal.

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