Os governos de José Sócrates têm feito coisas que a dita direita (como se a tivéssemos) nunca ousaria fazer. Ou logo seria exonerada do governo ou tantas seriam as bocas a gritarem fascistas que a demissão seria o caminho.
Vejamos apenas um pouco do que tem feito aquele que se diz o maior defensor do estado social:
- Brutais aumentos de impostos;
- Anunciar impostos para a banca e não os regulamentar (já lá vão 25 dias desde que estamos mais cortados e banca, népias);
- Cortes salariais;
- Aumentos de taxas para acesso ao SNS.
Lembram-se da histeria que foi quando Passos Coelho veio com aquela ideia estapafúrdia de mudar a Constituição para o despedimento ser com “razão atendível”? Onde estão agora esses jugulares e corporativos perante esta coisa inacreditável da bolsa para as indemnizações por despedimento? As empresas já dizem que não hão ser elas a pagar, logo já se sabe qual é o burro de carga que entra em acção nestas coisas. E esta de reduzir 33% o valor das indemnizações por despedimento e criar um tecto máximo de 12 anos? Não há por aí um socialista que venha gritar que a direita que está no governo nos vai comer a todos? Passem lá por esses blogs. Vão lá e comprovem: nem uma palavra. O vinagre é adoçado dizendo que é apenas para novos contratos, como se o emprego para a vida ainda fosse uma realidade.
Diz a ex-sindicalista que agora é ministra do trabalho que é para ficarmos em pé de igualdade com Espanha. Ó senhora André, o cinismo fica-lhe mal. Fosse esse o objectivo e procurava-se harmonizar a carga fiscal entre os dois países, começando pelo IVA e acabando no Imposto Sobre Produtos Petrolíferos. E se fosse para comparar com o resto da Europa, acabar-se-ia com a atribuição de carros, como os que constam desses 2655 veículos a comprar. Ou não saberá a senhora André que nesses admirados países nórdicos os políticos têm meios próprios de locomoção? E acaba-se também com o sector empresarial do Estado, que mais não é do que um meio empregar boys por essas CGD, PT, EDP, REFER, REN, CP, EMPORDEF e tantas outras por aí fora. Agora falar de harmonização só para o que lhe dá jeito, tenha paciência, nem dá para disfarçar.
“Não vivemos isolados numa ilha, temos que olhar para os outros países”, diz a ministra André. Será pedir demais que comece por olhar para o que não temos?!
Sob a capa de ser um partido de esquerda, avança o PS com medidas que a direita sonharia mas não arriscaria. Mas se o povo tem votado desta forma, é porque tem gostado. E como já dizia o Variações “O corpo é que paga; Deixa´ó pagar deixa´ó pagar; Se tu estás a gostar”.
Adenda
Via Paulo Guinote, encontrei este artigo: «Carga fiscal das famílias duplicou numa década». Então, senhora André, já que não somos uma ilha, tem alguma coisa a dizer quanto a comparações com a restante Europa?
Quero lavrar meu mais profundo protesto por este texto:
Venho eu aqui para ‘discordar’ e deparo com um texto perfeito que, só não podia ser escrito por mim, porque certamente não teria a habilidade para o fazer.
E se esta concordância me tornar um corno feliz, que assim seja mas aqui fica o meu protesto. Veementemente, aliás!
Olá Carlos, está registado esse profundo protesto 🙂 E que discordemos com frequência 🙂
E como “les beaux esprits se rencontrent”, é ler o que escreveu o Manuel António Pina:
http://www.jn.pt/Opiniao/default.aspx?content_id=1765654&opiniao=Manuel%20Ant%F3nio%20Pina
E, ao lado da Helena André, está essa grande figura do socialismo reaccionário que é Valter Lemos.
Ahhhhhh Valter de Lemos, esse grande vulto da educação e do doutoramento em Boston. Se foi lá fora, é bom.