Dando por quase certa a queda do regime de Mubarak, impõe-se a pergunta: e depois o quê?
Há quem recorde o caso iraniano e tema a implantação de um regime teocrático à imagem de Khomeini. É uma possibilidade e tem que ser considerada. Tal situação, do meu ponto de vista, equivaleria a um retrocesso civilizacional num país (região) que já ensinou História e Civilização ao resto mundo.
Existe ainda como possível – mas com menor probabilidade – a implantação de uma ditadura militar como consequência dos actuais motins. Seria uma releitura do mudar algo para ficar tudo na mesma, prolongando o regime e os interesses instalados até ao seu estertor final, agora de forma mais musculada. Não creio que esta via possa, neste momento, vingar.
Outra hipótese, aquela de que sou partidário, é a mudança de regime e a instauração de uma democracia que respeite os direitos de expressão, culto, associação e voto. Não vou aqui recorrer a ironias sobre a qualidade das democracias actuais, especialmente enquanto morrem pessoas nas ruas do Cairo e de outras cidades.
Se atrás falei de retrocesso, considerando a implantação de um regime teocrático, parece-me igualmente importante que pensemos na enorme oportunidade que a contestação nas ruas oferece. Se, no caso egípcio, a democracia triunfar, e atendendo à natureza viral destas manifestações, poderemos assistir à democratização-dominó do Norte de África e de alguns países árabes.
Um facto destes mudaria a geografia política mundial e os desiquilíbrios instalados no Médio-Oriente. Nada menos do que isso.
Estou convencido que a próxima noite vai trazer a chacina. A coberto da escuridão provocada por um corte de luz o centro do Cairo vai ser varrido e limpo sem que vestigios sejam deixados para testemunhar os acontecimentos.
A chacina está próxima.
fodam-se
fodam-se com merdas