Jamor é fogo que arde sem se ver

Ontem, quando cheguei a casa, fiquei irritado com a facilidade com que o Benfica resolveu o jogo. Afazeres vários me atrasaram e, ao ligar a televisão, já estava 2-0. O facto de ter jogado contra uma equipa vulgar não serve de desculpa: o espectáculo fica estragado quando um jogo dura apenas vinte e cinco minutos. Da próxima, exige-se menos banho táctico e mais respeito pelo espectador.

De resto, o modo como o primeiro golo foi marcado acentua a deselegância da equipa benfiquista: efectivamente, Fábio Coentrão, com nítida falta de cavalheirismo, não resistiu a aproveitar-se de quem lhe abre as pernas. Já Javi Garcia soube respeitar o adversário e correspondeu da melhor forma à assistência feita por Fernando.

Face à exibição descontraída de Sidnei, fico a perceber a pressa de David Luiz em transferir-se para o Chelsea, uma vez que corria o risco de ir para o banco. De qualquer modo, não deve haver precipitações, porque será bom esperar que o jovem central benfiquista seja posto à prova em jogos com elevado grau de dificuldade, o que não foi possível ontem à noite.

O árbitro também não está isento de críticas, devido à expulsão de Fábio Coentrão. Com essa decisão, Paulo Baptista contribuiu para aumentar a humilhação do Futebol Clube do Porto, que, mesmo contra dez, não conseguiu criar perigo. É inaceitável que um árbitro desrespeite assim uma das equipas. Por outro lado, esteve bem quando resistiu ao desejo de ser expulso manifestado várias vezes por Belluschi: Paulo Baptista soube mostrar quem mandava no jogo.

A equipa do Porto revelou, contudo, alguns pormenores positivos e os seus adeptos podem acreditar que a sua equipa conseguirá ficar na primeira metade da tabela, no campeonato. Entretanto, Pinto da Costa já manifestou o seu regozijo por ficar dispensado de se deslocar ao estádio de Oeiras. Finalmente, a secção benfiquista do Aventar já soube que, na festa de final de ano do FCP, Pinto da Costa participará numa pequena rábula em que fará de raposa, cabendo à Taça da Liga o papel de uvas.

 

Comments

  1. A. Pedro says:

    Fernando
    Concordo que se cite Camões fora do dez de Junho.
    Quanto ao resto também concordo.

  2. Ricardo Santos Pinto says:

    O André Villas-Boas não presta. Estudou no Colégio de Nossa Senhora do Rosário, vê-se logo.

  3. José Pereira (Eu Próprio no facebook) says:

    Não sou benfiquista, tenho mais simpatia pelo Porto mas sou adepto da Briosa, no entanto há que reconhecer que Fábio Coentrão é um dos melhores jogadores portugueses.
    E quanto ao Villas-Boas nem sempre pode ganhar… Acho que se lhe dessem um pouco de paz até poderia vir a ser “assessor” do Moutinho.
    Àparte isso, o que é o Jamor? o resto eu entendi.

  4. Rodrigo Costa says:

    … Penso que a rapaziada, de tão eufórica, esquece as palavras do “mestre”: — “a questão não é como começa; mas como acaba”.

    Quererei dizer, com isto, que pode dar-se a reviravolta?… Estou a dizer que essa possibilidade existe. Porque, se, até ao início da época, da verdadeira, era impensável que o Benfica viesse, em dois jogos, a levar 7 (sete), não é nada do outro mundo levar 3 (três), na Luz —sempre são menos dois, como compensação de jogar em casa, apesar de já terem levado os mesmo 5 (cinco), e não há muitos anos, e para uma taça, inclusive.

    Quanto ao F C do Porto, de que sou simpartizante —antes que se note, eu aviso :-)—, sempre disse que o facto de ganhar ao Benfica não comprovava coisa nenhuma, porque qualquer Apoel o podia fazer. O F C do Porto, se quer tirar dúvidas, deve esperar por equipas, a sério, vindas do esterior, porque, cá dentro, qualquer pássaro voa. E, no caso de ontem, nem necessitou de levantar voo, bastou comer o Maicon que lhe ofereceram.

    Quanto ao André, registo, apenas, a categoria das suas declarações, porque, seja qual seja o colégio que frequentou, consegue utilizar palavras, em vez do recurso ao vómito.

    Ora, para já, não há razão para alarme. No cômputo, está 7-2. ninguém diga que não é uma boa diferença. Mais, ainda, se percebermos que o F C do Porto jogou sem Falcão, Álvaro Pereira e Otamendi… e jogou com o Maicon, ontem, pior do que com um jogador a menos.

    Qual é a diferença?… Para mim, nenhuma. Têm que ser os mesmos a explicá-la, os que, enquanto perderam e empataram, evocavam o Di Maria e o Ramirez, e que, agora, até suspiram de alívio com saída do David Luís… —a Vida prega grandes partidas! O que o Luís Filipe não teria ouvido, se o Maicon não existisse!

  5. Rodrigo Costa says:

    Peço desculpa:

    Onde se lê: O F C do Porto, se quer tirar dúvidas, deve esperar por equipas, a sério, vindas do “esterior” , deve ler-se: O F C do Porto, que quiser tirar dúvidas, deve esperar por equipas a sério, vindas do exterior…

    Nota: vou deixar de assstir às conferências do treinador do Benfica :-).

  6. Uma vitória contra a arrogância como provam as palavras azedas do senhor Rodrigo Costa (e atenção, ele parece não gostar de vómito). Como qualquer Nacional também pode ganhar ao FCP, espero que qualquer equipa exterior tipo Besiktas lhe facilite mais a tarefa. [Homessa, mas nem aos turcos conseguiram ganhar em casa]

  7. Rodrigo Costa says:

    … Sobre arrogância, quem é que fica a perder, Caro Dylan?
    Se procurar, não verá nenhum comentário meu celebrando as últimas vitórias do F C do Porto sobre o Benfica. Sabe por quê?… Porque, como adeptos e como pessoas —todos os adeptos e todas as pessoas—, estamos sempre mais perto de perder. Quero dizer, ainda, que, ao contrário do Dr. Rui Moreira, eu não sai antes de acarbar o jogo. Vi-o na televisão, mas vi até ao fim, porque fui educado na consciência de que as derrotas também fazem parte da nossa vida —até Mourinho já percebeu isso.

    Só comentei, porque, no intervalo de uma eliminatória, as pessoas se precipitam; quis, apenas lembrar que falta ainda um jogo: mudará, isso, alguma coisa?… Gosto sempre de esperar pelo fim —já sei que o optimismo despropositado não é monopólio dos adeptos do Benfica; mas, quando falo em “optimismo despropositado”, por exagerado e extemporâneo, estou a falar para todas as pessoas que, digamos, gastam disso: sejam do Porto, do Benfica, do Sporting ou do Rechousa.

    Não sei por que razão as minhas palavras são mais “azedas” do que as da pessoa que, inteligentemente, construiu, sobre o jogo e o resultado, uma sátira —neste caso, o Fernando Nabais. Eu limitei-me a construir a minha.

    Se se percebe que eu não gosto do Benfica e que goste que perca com quem quer que seja?… É um facto que não vale a pena esconder; como não vale a pena esconder que, grande parte dos benfiquistas gostam que o Porto perca com qualquer um. Isso ofende-me? Nem pouco mais ou menos. De tal forma, que acabei de elogiar, pela qualidade, o texto do Fernando Nabais, e ainda ninguém me ouviu dizer que o Benfica não ganhou bem —não gostar do Benfica é uma coisa; ter falta de isenção é outra.

    Sobre o vómito, refiro-me, naturalmente, a Jorge Jesus, à diferença de discursos. Cilindrado, no penúltimo jogo entre os dois, não conseguiu mais do que inventar desculpas e vomitar, repito, azedume.

    Quanto ao André Villas-Boas, estava, eu, exactamente à espera de uma derrota, para aquilatar da sua postura. Gostei: assumiu sem desculpas. E vai perder mais veses —advito já, porque não há super-homens —volto a citar Mourinho.

    Não é verdade que, a exemplo do Jesus, o André Villas-Boas poderia ter evocado as ausências do Falcão e do Álvaro Pereira, com a vantagem de, um e outro, pertencerem ao plantel; enquanto o Di Maria e o Ramirez já nem faziam parte dos quadros do Benfica?… É mentira que sempre defenderam o David Luís como um dos melhores defesas centrais do Mundo, e que, agora, por pressentir que ia perder o lugar para o Sidney, percebeu que o melhor era ir embora?

    Onde é que estão as “palavras azedas”? Vocês comentaram com educação; eu comentei com educação… Com um aúnica diferença: não gostamos do mesmo clube. E acho, sinceramente, que ninguém morre por causa disso.

    Nota: embora tenha razão, quando alude aos turcos, tem que levar em conta que, ao contrário do Benfica, o Porto não tinha a obrigação de, por questões de apuramento, ganhar. Poderá perguntar: e se tivesse, ganharia?… —não consigo responder. Até porque não terá perdido, com o Nacional, propositadamente. Findos os jogos, definidos os resultados, restam as especulações, porque já nada pode ser modificado… A não ser numa eliminatória a duas mãos, em que só se jogou a primeira, e estando, o resultado, ao “intervalo”, a favor do Benfica. Venha a “segunda parte” 🙂

  8. António Fernando Nabais says:

    Obrigado pelas intervenções, caríssimos, mas não vale a pena irritarem-se.
    Rodrigo, sem ter muitos argumentos contra, devo dizer que é mais fácil gostar do Villas-Boas do que do Jorge Jesus, sobretudo se se der valor à gramática, mas ambos já conseguiram portar-se mal e bem. No fim do jogo contra o FCP, o discurso do Jesus foi muito ponderado, penso eu. O Villas-Boas esteve muito bem.
    De resto, com ou sem gramática, é sempre melhor ganhar do que perder. No fim de tudo, rir é sempre o melhor remédio, mesmo quando se perde.

  9. Rodrigo Costa says:

    … António, se quer que lhe diga, honestamente, não me irrito. Curiosamente, ontem, estive a “aturar” um co-simpatizante, um daqueles a que se pode chamar “doente”, porque centra a vida na evolução do clube; e ainda me ri, porque parece fazer de uma derrota ou de uma vitória um drama ou a resolução, respectivamente, de todos os problemas.

    Se eu não gosto que o Porto ganhe?… Claro que sim! Mas devo deixar que esse desejo se torne obsessão que me impeça de de ver as margens? Iso é, claramente, com aquelas bestas que passam a vida a atirar esqueiros, telemóveis e bolas de golfe. Eu gosto do futebol como espectáculo; de perceber a razão dos resultados e aceitá-los. E devo dizer que, se e quando quiser, posso ir, gratuitamente, ao estádio; e podia ter ido, porque me convidaram, também, para este jogo. Preferi vê-lo na televisão, onde costumo vê-los, na paz do Senhor —desinteressante foi saber que o Dr.Rui Moreira saiu antes do fim. E pergunto-me como é que, pessoas formadas, adultas criam tamanhas expectativas, que ficam incapazes de aguentar as contrariedades? Já são duas desistências; sintomáticas de de desenvolvimento mimado.

    • António Fernando Nabais says:

      Ó Rodrigo, você está a chatear-me, homem! Então não é que dou por mim a concordar com um portista? Só um bocadinho mais a sério, deixe-me comentar as suas palavras com um texto meu, aqui do Aventar: http://www.aventar.eu/2010/01/08/dicionario-de-futeboles-prefacio/

      • Rodrigo Costa says:

        Caro António,

        Como lhe prometi, deixo-lhe o endereço do meu site: http://www.rodrigo-costa.net.

        Como poderá ver, tudo é diferente. Resta, apenas, dizer que vou, frequentemente, a Lisboa, onde tenho grandes amizades. Por coincidência, benfiquistas… e um sportinguista. Tudo grandes 🙂

        Abraço

  10. Rodrigo Costa says:

    … Já vi o seu texto, António, depois de concordar comigo —o que não é uma fatalidade! :-). Penso que tem a atmosfera onde pode inserir-se o que originou o meu primeiro comentário —gosto de sátiras —a sério! Eu próprio sou autor de uma com o título, “AMOR, TRAGÉDIA E REDENÇÃO”, na qual brinco comigo e passo, brincando, algumas menssagens que penso serem úteis. A capa, é vermelha —como vê, não há traumas 🙂

    Hoje —de há anos— a minha actividade nada tem a ver com o futebol; embora eu costume dizer que as traves que ligam todos os compartimentos da vida são comuns; permitindo-nos encontrar soluções em campos totalmente difrerentes daqueles em que nos surgem os problemas —deixar-lhe-ei, na resposta privada, o meu site; não porque o queira esconder, mas porque não gostaria que surgisse como atitude de marketing.

    No entanto, no tempo dos Bébés do Leixões, era a equipa treinada pelo António Medeiros, eu estive a dois dedos de me tornar profissional de futebol —tinha eu, então, 18 anos. Fiz treinos; e, logo no meu primeiro, fiz golo, contra a principal defesa —o Raúl Oliveira, o Nicolau, os centrais por entre os quais passei, e o Serrão, o guarda-redes, sobre o qual, isolado, fiz passar a bola; porque o Tibi opunha-se ao principal ataque, onde se impunha o Horácio, que veio chamar por mim, à paragem do Auto-carro, porque o António Medeiros queria que eu voltasse… O mundo dá muitas voltas…

    Depois… interessei-me por outras coisas, e ia, de quando em vez, treinar ao Salgueiros, com um grupo de amigos que lá jogavam, apenas para fazer número; embora o Quaresma, treinador, pensasse que eu tinha outros objectivos. Não tinha. Descobri que a inocência dos júniores desaparecera, e a alegria com que corria atrás da bola não era a mesma; aquilo tinha todo o ar de rotina. O Mundo é muito mais do que uma bola…

    Acho que lhe deixei, agora, a razão porque olho o futebol como o olho: excitante, mas sem dramas-

  11. Rodrigo Costa says:

    Bem!, pensei que as respostas era privadas, António. Não há problema. fica assim.

  12. Caro Rodrigo Costa,

    Eu também não vim aqui celebrar a vitória da minha equipa. Tenho o meu blogue para o fazer. Admita que “picou” os benfiquistas com aquela história de “qualquer Apoel poder ganhar ao Benfica”. Por isso, limitei-me a responder na mesma moeda. Só isso.
    E sim, claro que houve arrogância por parte dos adeptos do FC Porto antes do jogo. Trabalho nesta cidade e sei muito bem do que falo.
    A mesma arrogância que Villas Boas teve ao referir-se ao penálti escamoteado (disse ele) em Guimarães. Dir-me-á o senhor que ele se penitenciou pelo erro. Nada mais falso – apesar de admitir que se enganou, tornou a criticar a arbitragem desse jogo e, ainda hoje, ressabiado pelo resultado da Taça, voltou a referir-se ao SLB como “o clube repescado para a Liga Europa”.
    Este pau-mandado não aprendeu a lição de humildade de Quarta-Feira e vem descarregar a sua bílis para as conferências de imprensa. Isto é que é uma postura digna de um treinador de futebol?!

    Quanto ao sr. Rui Moreira, é o habitual: quando a conversa/assunto não lhe agrada, levanta-se e sai. Onde é que eu já vi isto?!…

    Gostei de saber do seu passado em clubes marcantes como o Leixões e Salgueiros, muitos dos sócios também adeptos do Benfica.

  13. Rodrigo Costa says:

    Caro Dylan,

    Não sou pessoa com complexos.
    Quando diz que “piquei”, assumo que o fiz dentro do direito que assistiu ao Fernando Nabais de “picar” as pessoas afectas ao F C do Porto. É natural, desde que as pessoas o façam com inteligência, que foi o que reconheci no texto que deu origem ao meu comentário.

    Se trabalha no Porto, eu sou e vivo no Porto. Mas, mais do que saber o que se passa no Porto, posso saber o que se passa no País. E, se lê a Bola, por exemplo, acho que não necessito de lhe explicar tudo.

    Dir-me-á que… Eu respondo-lhe que há dos dois lados, porque o fundamentalismo não é propriamente o mais recomendado para a lucidez —leia, por exemplo, o texto, de hoje, do Fernado Guerra; o, de ontem, do José Manuel Delgado…

    Acho que o André —estupidamente, concordo— está a dar a corda que não devia, porque eu próprio não aprecio os “mind games”; acho-os jogos de parolos. Mourinho já deve ter percebido isso, relativamente ao Guardiola, que não lhe passa bóia: deu-lhe 5 e vamos embora, vamos partir para outra!

    Mas a idade também tem o seu peso, e ninguém faz anos porque é necessário fazer uma festa. Inclusive, sendo o Jesus mais velho, não volta a ficar ufano; não volta a proximar-se do discurso da pré-época?… Aprendeu? Não. Volta com as basófias.

    E, quanto ao “pau-mandado” —admitindo que o André possa ter sido—, não se esqueça daquele “recado” que encomendaram ou impuseram ao Jesus, depois dos elogios do Pinto da Costa.

    De qualquer modo, lembro-lhe que, embora tenhamos, cada qual, a nossa opinião, estamos a mexer num processo onde não há inocentes.

    nota: como penso que pôde ler no meu anterior comentário, vou muitas vezes a Lisboa, e a generalidade dos amigos é benfiquista. Inclusive, fico, com frequência, em casa de um deles. Quer isto dizer, portanto, que a convivência é possível e pode ser pacífica. É através dele, inclusive, que sei de coisas que acontecem no interior do Benfica; do mesmo modo que lhe falo sobre coisas que acontecem no interior do F C do Porto; coisas que, num e noutro clube, não são do domínio público. Daí, a facilidade com que nos entendemos, porque não há razão para questiúnculas.

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