Eles é que não são parvos, apenas ignorantes

A partir da canção-hino dos Deolinda o Público apresenta hoje um trabalho sobre a geração que descobriu musicalmente a parvoíce do sistema. Destaco esta afirmação:

A qualificação dos nossos empresários é pior do que a dos operários. E com este tipo de empresários não criamos empregos para diplomados com ensino superior”, acrescenta Alberto Amaral, da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior.

Ora essa é que é essa.

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A escolaridade dos nossos patrões é das maiores vergonhas do capitalismo português, maioritariamente constituído por pequenas e micro-empresas, muito self mad sucateiro à godinho. Estão à espera que eles contratem licenciados? E mestres e doutores? E o orgulho?

É que o segredo do luso-empreendedorismo tem muito da arte de bem traficar influências, do contrato ganho debaixo da mesa, dos robalos e outras simpatias, e isso não se aprende nas universidades, mas na afamada escola da (má) vida. No país onde se glorifica um Berardo, que fez fortuna no esclavagismo mineiro sul-africano, estão à espera de quê?

Tabela de Eugénio Rosa

Comments

  1. francisco says:

    Rever o título, acho que falta um “NÃO”.

  2. francisco says:

    Aliás, acho que falta é um “SÃO”?!

  3. Muito obrigado pelo aviso Francisco. Nada melhor que um leitor para fazer a revisão de texto.

  4. A baixa escolaridade dos empresários é um problema… mas onde estão os empresários com altas qualificações, ou, pelo menos, qualificações razoáveis? Alguns existem, mas, como se pode ver, poucos.

    Invertendo o nexo de causalidade (ou, mais precisamente, procurando um) será que se poderá dizer que quanto maior a escolaridade, menor o empreendedorismo?

  5. Capitalismo Português? Ó Cardoso você tomou as 10 drogas que referia no post anterior?

    Qual Capitalismo Português? O Godinho é seu ‘filho’, ‘filho’ de uma esquerda que engorda o Estado e faz com que um empresário para dar emprego a quem não tem a sua sorte de ser ‘parvo mas ter emprego certo e seguro’ tem de corromper, rastejar (vide Henrique Neto que teve uma inspectora das finanças durante um ano na sua empresa só porque sim!) e outras coisas que nem vale a pena referir.

    Capitalismo Português? Onde? Com uma esquerda estúpida alimentada na escola de professores mentecaptos que leccionam a teoria de que tudo o Estado tem de dar sem nada ser preciso fazer e uma direita corrupta que apenas quer que o Estado financie as suas empresas incompetentes com subsídios e ajudas?

    Um país que se encontra entre o Rendimento Mínimo Garantido e o Condicionamento Industrial seja através da Lei seja através dos amigos que se colocam na presidência dos principais bancos tem Capitalismo?

    É por isso que este país está ‘sentado no chão com o volante nas mãos’ tem sido conduzido por malta que toma as drogas todas juntas!

  6. Isabel says:

    Nem nalgumas escolas “superiores” a qualificação dos “patrões” é superior ou igual à dos seus subordinados.
    Nalgumas destas escolas, se um docente decide fazer o doutoramento´, vai logo parar à lista negra. A partir daí só terá dificuldades acrescidas. Desde horários sobrecarregados, à humilhação de ter de se subordinar a pessoas com menos qualificações. Depois do doutoramento concluído, fazem tudo para meter o novo doutorado debaixo do tapete, para não fazer sombra aos velhos chefes…

  7. Já dizia o outro, atrás de um português está “um lavrador”. Isso a juntar a sermos (todos, sem excepção) mesquinhos, invejosos, supersubmissos perante o poder, diz tudo de um povo que faz as coisas bem quando quer impressionar a gente lá de fora. Portugal tem muitas coisas boas (gastronomia, turismos – se bem que muito mal aproveitado), mas a nossa atitude perante a vida é demasiado constrangedora para sermos orgulhosos de nós próprios.

  8. Acho admiráveis os Portugueses sem qualificações que fazem as empresas que sustentam, directa ou indirectamente, os qualificados que não fazem empresas. E deve haver alguma coisa errada com o Ensino Superior, que lança na vida gente com empreendedorismo pouco e choraminguice muita. Por mim, que sou empresário há mais de 30 anos, com boa parte dos defeitos que a intelligentsia nacional diz que nós temos, sorrio contrafeito sempre que recebo mais um inquérito de uma Faculdade de Economia ou Gestão a querer saber isto ou aquilo: os inquéritos destinam-se quase sempre, transparentemente, a fazer ressaltar as insuficiências reais ou imaginárias da minha gestão, dando pouca ou nenhuma atenção aos custos de contexto e obedecendo a uma moda qualquer de pensamento em matéria de gestão que esteja na moda. E quando as sumidades dão conselhos, é pior: estão a falar ou do mercado americano ou de grandes empresas monopolísticas ou oligopolísticas e não fazem a mais remota ideia do que é ser empresário em Portugal. Temos abundância de quem sabe muito; e escassez de quem faça melhor.

    • Segundo me contaram no Luxemburgo para se abrir uma empresa é obrigatório ter-se alguma formação em gestão. A ser verdadeira, aí está uma boa explicação para a alta produtividade luxemburguesa, obtida em grande parte com o trabalho dos mesmo portugueses que cá são improdutivos.
      Ainda ontem me contavam que ainda temos empresas onde a facturação é feita manualmente. E tempos atrás um técnico de informática dizia-me estar farto de instalar computadores em empresas onde a primeira dúvida do patrão era saber onde é que estava a Bola…

      • Essa história é ou patranha ou confusão com outra qualquer exigência. Exigir formação em gestão para abrir uma empresa é o mesmo que exigir formação em Literatura para escrever um livro ou em Música para compor. É claro que a alta produtividade luxemburguesa tem que ver com a localização, a intermediação bancária e muitos outros factores – a riqueza e a pobreza dos países é sempre um assunto complexo, não se deixa aprisionar em meia dúzia de tretas simplistas – mas nada com esta surreal exigência, se existisse.

Trackbacks

  1. […] governo fará o mesmo. Como sabe perfeitamente que o problema da produtividade tem outras causas: empresários analfabetos, por […]

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