as diferenças que levam às complementaridades

Wagner – Tannhäuser, Coro de peregrinos

Pensava escrever sobre a observação das diferenças entre homem e mulher. Pensava. Continuei a pensar e consultei amigas. No meu ver, as amigas são complemento de nós homens. Não pela sexualidade, mas pela intimidade que se desenvolve entre gâmetas diferentes, sendo gâmetas cada uma das duas células (masculina e feminina) entre as quais se opera a fecundação dos animais e vegetais.

A minha ideia original era escrever sobre as diferenças entre homem e mulher. No entanto, ao rever os códigos que nos governam, especialmente o Código Civil, reformulado em 2001, não encontrei nem diferenças nem complementaridade. Hoje em

dia, a diferença sexual tem apenas uma diferença: a mulher grávida carrega a criança durante nove meses no seu ventre. Ainda assim, esta época moderna leva essa mulher a trabalhar para sustentar o lar en conjunto com o homem que a engravidou, seja marido, companheiro, amancebado ou outro tipo de relação a dois. Seja qual for o tipo de relação, as pessoas complementam-se por causa da economia, especialmente em épocas de crise financeira, como a que hoje em dia vivemos.

Crise financeira que nos complementa, estamos todos submetidos à mesma lei, ao mesmo governo que nos retira o que não temos, porque antes de pagar, as nossas autoridades retiram um novo imposto, baixando os salários e subindo os preços dos produtos alimentares através do aumento do IVA, que o vendedor retira dos preços cobrados aos clientes. Estes impostos, são um complemento da crise económica que vivemos, todos por igual, excepto os proprietários de indústrias ou os financeiros que sabem colocar os seus lucros em empresas que criam mais-valia. É um pequeno número da população que lucra com a necessidade de consumo, do pagamento da educação dos mais novos, da compra de livros que mudam em cada ano escolar, mesmo que a justificação seja a introdução de novos conhecimentos produzidos pela ciência que devem ser ensinados para desenvolver ideias que melhorem as formas de vida do nosso país, que muito atrasado está. Atrasado, porque a classe política está sempre preocupada em semear crises entre os diversos partidos, para assim saber quem apoia a quem. Estes são os complementos que eu referia: parte que se junta (ou falta) a outra, para esta formar um todo completo.

Quanto às diferenças, não se pense que falo de emotividade ou sexualidade. A reacção da primeira amiga que consultei, foi directa: eu sou autónoma e independente, não complemento ninguém. Por outras palavras, tem liberdade moral, intelectual e independência administrativa. Conheço poucas pessoas que possuam estas virtudes. Conseguir ser independente ética e economicamente, parece-me, a mim, ser a procura da solidão das solidões. Conhecendo a pessoa, parece-me que é apenas um dizer para se defender de uma eventual solidão real. Se diz ser autónoma, como pode, porém, amar? Ou procurar amor? Estas são as diferenças que levam à complementaridade entre pessoas que protestam por obrigações e, no entanto, sonham com a companhia e estão sempre acompanhadas. Mas, também, a solidão não as afecta nem ficam abandonadas: acabam por ter ânimo para a autonomia, essa autonomia que todos queríamos ter, mas não conseguimos por sermos seres sociais, precisamos dos outros que nos inspiram confiança, fazendo das diferenças, uma complementaridade.

A outra senhora entrevistada falou-me de complementaridade como primeira frase. Pessoa que adora a solidão e se refugia no trabalho permanente.

Quais, pois, as diferenças que levam à complementaridade? Ou, colocando a pergunta de uma outra maneira, será que há diferenças entre seres humanos de uma mesma cultura, uma mesma língua, uma história comum, de leis que governam todos por igual, especialmente se elas são respeitadas e mandadas respeitar? A diferença que complemento é, no meu ver, apenas um sentimento que nos defende de uma solidão não esperada. Solidão que existe quando há outros assuntos a fazer. Ou, apenas, essa dedicação à solidão porque não há outras alternativas para a companhia.

Um assunto parece-me certo: apenas os seres fortes, que cumprem as suas obrigações e não choramingam pela vida que lhes coube viver, são capazes de criar uma abençoada autonomia, criando alternativas perante a vida. Estas ideias são filosofia de alto voo.

No começo, pensava escrever sobre a diferença entre homem e mulher, contudo ao rever os códigos e ao não encontrar nada que não mande a todos serem cidadãos ou indivíduos no gozo dos direitos civis e políticos de um estado livre, mas nós, que vivemos debaixo de ditaduras opressivas ou de pessoas que não acompanham nem com carinho nem com trabalho, somos amantes da autonomia, procuramo-la, aceitamo-la e se acontecer que dois autónomos se encontram… Seria a felicidade das felicidades, com respeito e companhia, especialmente respeito a essa companhia. É assim que, sem dar por isso, enamorei-me e estou sempre acompanhado pela pessoa, ou pela sua relíquia…Esta é a diferença que leva à complementaridade. Amo-te, rapariga autónoma, porque nos complementamos, rimos, divertimo-nos e confrontamos as diferenças com paz, tranquilidade e companhia…

Comments

  1. packard says:

    olá se há diferenças! elas trabalham em média, por cá, mais duas horitas diárias do q os homens. para não falar em salários ou lugares de topo. estando em maioria no corpo docente das universidades, quantas são catedráticas? e reitores? e na magistratura? e nas empresas? e nessa oficina aí ao virar da esquina todas no puxa-q-puxa, quem controla o larga-q-larga? leia isto:

    http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1218732780P9jPM6nt5Ik17YP4.pdf

    quanto ao amor, sabe o q dizia dele, do amor, o miguel esteves cardoso? pois ; )

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