Aproveitar o caso A. Vara, para reflectir…

-Não concordo ou pactuo com falta de educação, pelo que sou forçado a condenar a atitude de Armando Vara, no Centro de Saúde de Lisboa a que se terá deslocado na passada 5ª feira. Aproveito no entanto a oportunidade para questionar a obrigatoriedade de qualquer doente se deslocar ao Centro de Saúde para obter a necessária baixa médica, que lhe permita justificar uma falta ao trabalho.
Nos últimos 20 anos, fui forçado a duas paragens que me obrigaram a visitar um médico de família, que apenas sabe que existo, sem praticar qualquer acto médico em ambas as visitas. Não que eu tenha qualquer atitude menos elegante ou falta de cortesia para com o médico, mas visito com regularidade uma médica de clínica geral que está ao serviço da seguradora com a qual contratei um plano de saúde. Mas um dia apanhei uma gripe, evoluiu para pneumonia, recorri à urgência do Hospital privado mais próximo, fui diagnosticado, tratado e medicado, mas o médico que de facto me tratou, passou uma carta para que um colega que nunca me tinha visto até então, passasse uma declaração de incapacidade temporária, que me permitiu justificar as faltas perante a entidade patronal e receber da segurança social o subsídio de doença. Passado algum tempo, planeei uma intervenção cirúrgica, consultas, exames complementares de diagnóstico, cirurgia e reabilitação, tudo feito em Hospital ou clínicas privadas, mas uma vez mais apareci sem problema algum à frente do médico de família no Centro de Saúde, apenas a carta do cirurgião, acompanhada de alguns exames, bastaram para sair novamente munido do necessário papelinho.
Fará sentido ocupar um médico com trabalho burocrático? Tempo também é dinheiro, o que gastei no Centro de Saúde já não faz parte de qualquer terapia ou reabilitação, foram mesmo algumas horas mais que desnecessariamente também não trabalhei, mas justifiquei. Apenas não fui mal-educado com os presentes, nem passei à frente de alguém, esperei a minha vez, diminuindo a minha produtividade.

Comments

  1. Ó meu caro António de Almeida, SOU FORÇADO a concordar com a substancia ‘da coisa’ mas SOU FORÇADO a discordar da relação entre ‘a coisa’ e o Vara.

    A única coisa a reflectir no caso do Vara é a de que ‘coisa’ se transformou este Portugal Socialista?

    Mas, é claro que a culpa é provavelmente das pessoas:
    http://aquihatertulia.blogspot.com/

  2. J.S. Lopes says:

    Os médicos dos Centros de Saúde gastam a maior parte do tempo de trabalho, a tratar doentes que não têm dinheiro para ir a clínicas privadas, e não, como insinua neste seu apontamento, na tarefa burocrática de passar baixas a Varas e Almeidas.

  3. António de Almeida says:

    Ainda bem que sim, mas em qualquer caso, o tempo que gastaram comigo sem nada a verificar, seria mais bem empregue a cuidar de alguém a necessitar efectivamente da consulta, e não a preencher uma papelada que bem poderia ter sido feita por quem recebeu os honorários, esse é o meu ponto de vista e não qualquer insinuação… Em qualquer caso não fui nem sou mal educado, faço questão nesse ponto, caro J.S.Lopes!

  4. Penso que esta alteração não faz sentido. A medicina privada não é proibida portanto qualquer profissional deveria poder atestar a doença tanto no hospital como na clínica ou no centro de saúde. E a fiscalização que actue.

    • António de Almeida says:

      Como é óbvio, em primeiro lugar libertaria o médico do Centro de Saúde para atender mais 2 ou 3 pessoas, efectivamente necessitadas dos seus cuidados. Em segundo lugar, que argumentos tem um médico para contrariar uma carta do colega de profissão? Nenhuns! A fiscalização até poderia ser mais eficaz, porque ficaria ela própria mais próxima de quem efectivamente decidiu a baixa médica.

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