E assim vai o mundo

Um gajo, de 20 anos, matou o companheiro, de 40 anos, com várias facadas. Arrancou-lhe os olhos, o nariz e o coração e garante que “nunca teve intenção de matar”!

Importa-se de repetir? Repito: disse que “nunca teve intenção de matar“.

Claro que não. Dizem que o amor percorre caminhos sinuosos.

Comments

  1. Rodrigo Costa says:

    … Quem é que, por amor, não finge?… Quem é que, por amor, não se derrete? Quem é que, por amar, cansado de escutar e fazer frete, não corta uma laringe?…

    … E os olhos, sim, os olhos; essas janelas vivas donde chegam mensagens que nos colhem… Com rigor, podem bem ser tirados, para que mais não digam, nem nos olhem…

    … O nariz… essa excrescência perfurada, oca; moldado acima, logo após a boca, por onde entram aromas e fedores… e as memórias da pele, os odores, sem as quais, lembranças a granel, ninguém lembra os amores… Para quê, lembrar o que se quer esquecido?… O nariz pode bem ser perdido!…

    … Por fim, o relógio. O tic-tac de uma caixa romba; a bomba que trasfega vida e sonhos; relicário de sobressaltos e de dores, de ódios e de amores; caixa vermelha de todos os segredos, onde ecoam alegrias e medos; celeiro e pão. Que falta, por amor, é que há-de fazer o coração?…

    Nnota: peço desculpa pelo poema satírico, quando o momento devia ser entendido como dramático… Sinceramente, no entanto, começo a ter dificuldade para levar a Humanidade a sério.

  2. Artur says:

    A Estupidez humana é que percorre caminhos sinuosos.
    Se fomos criados à imagem e semelhança de Deus, diria então que certamente tivemos azar com o molde que nos saiu na rifa.
    Já há muito que deixei de levar a Humanidade a sério. Não porque a Humanidade tenha piorado recentemente. A minha percepção sobre a mesma é que se modificou.
    Tivemos os Gregos, o Montaigne, o Rosseau, o Kant, o Hegel, o nosso Eça, etc, etc,etc, e todavia continuamos a arrancar olhos, narizes e corações à facada, sem ter intenção de matar…enfim.

  3. Pois caro Rodrigo, também começo a achar que não vale a pena levar a humanidade a sério.

  4. graça dias says:

    O que dizer ! estamos perante crise de valores !… E não ecconomica !…

    • Albano Coelho says:

      Sinceramente o discurso beato da “crise de valores” já apesta. Apesta agora tanto ou mais do que há 50, 100, 500, 2000 ou mesmo 4000 anos atrás. É sempre a mesma merda (por isso apesta). Mude lá a cassetezinha que já estamos em tempo de BluRay.

      Se percebesse um mínimo de ciências sociais saberia o quanto estão interligados a economia e os “valores”, o quanto estes últimos são gerados e formatados pela primeira. E se tivesse dois dedos de testa saberia que um crime macabro destes não tem nada a ver com “valores” nem com qualquer suposta crise dos tais.

      A crise não é económica? É lá agora… Você deve ser assessora do José Sócrates. Se não é pode-se candidatar que a primeira parte do exame já passou.

      • Artur says:

        Também já não tenho paciência para o tal discurso da crise dos valores. Só revela uma profundo desconhecimento sobre a História. Já no tempo do Sócrates (do Grego) se falava na crise dos valores.Mesmo na época em que os padres dominavam, os valores estavam em crise.
        Agora Sr. Coelho dizer que os valores são gerados e formatados pela economia é muito reducionista da sua parte. Achará porventura que se formos todos ricos, se as necessidades primárias e os luxos forem asseguradas a toda a gente que o “mal” acaba no mundo? Se sim, diga-me porque é que alguns dos actuais abastados deste mundo também cometem crimes, fazem mal aos outros e não são exemplos da boa moralidade a seguir?

        • Albano Coelho says:

          Economia = Riqueza é que é reducionista. Por economia deve-se entender sobretudo as relações de produção e como a riqueza gerada se distribui. É a forma como a economia se organiza que compõe as ideologias. Com elas os valores. Aí tem de forma simples a explicação materialista histórica.

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