Acabo de ouvir, na rádio, um destes políticos do interior, oficial camarário com mentalidade paroquial, a falar do desenvolvimento da terra, hoje lembrada pela tragédia de há 10 anos em Entre-os-rios. Segundo ele faltam ainda as acessibilidades, sempre as acessibilidades, só as acessibilidades. Que se demora mais de uma hora a chegar ao Porto, a apenas 50 quilómetros de distância. Quem for entrevistar os políticos vizinhos, a Cinfães ou Resende, Marco de Canaveses ou Baião, ouvirá o mesmo,:que faltam acessos, estradas, acessibilidade. A conversa é tão monótona como a bagagem cultural desta gente.
O cúmulo desta estupidez plasmou-se no ordenamento territorial local pós-Entre-os-rios: onde existia uma ponte que caiu devido à incúria dos organismos públicos, construíram-se 2! como uma espécie de lenitivo pela desgraça…
Falemos a sério: desde os anos 80 que o país se cobre de asfalto. Já temos 3 auto-estradas paralelas, de norte a sul do país. Falta axadrezar o interior com vias rápidas, é certo. E depois? quando todo o país estiver coberto de vias? Estaremos melhor? É que, para já, a coisa piora de dia para dia, não obstante o investimento em estruturas viárias.
Estes mandantes com sotaque, pequenos régulos do caciquismo municipal, acham que o desenvolvimento maior do rincão que governam é ter rotundas com chafarizes, estradinhas e caminhos municipais ora asfaltados, ora empedrados e muitos sinais de trânsito. Entretanto, por aqueles caminho e por aquelas estradas, as pessoas continuar a migrar. O país sangra o país através das suas estradas. E ninguém vê isto?
As 3 auto-estradas paralelas são um exagero, digo eu que sou da Beira Litoral, e as conheço fazendo outras funções complementares. Mas o resto, ai se estou de acordo, sobretudo vendo o asfalto assassino dos últimos 20 anos, que mata estruturalmente todos os dias.
Escrito pelo típico provinciano que felizmente já não edita jornais.
Escrito pelo típico provinciano. Felizmente, este já não edita jornais.