Manifestação da Geração à Rasca, à rasca com o dia seguinte

É uma das perguntas sacramentais deste tipo de eventos. A festa foi bonita, houve muito povo, enrrascados ou com eles solidários, se bem que enrrascados estamos todos, muitos protestos, afinal este foi o dia em que o povo saiu à rua para mostrar que tem poder.

Vai longa a frase mas não lhe percam o sentido. Não é da manifestação que quero falar. É do dia seguinte. É de amanhã, de depois de amanhã, na próxima semana, no próximo mês, no próximo ano.

Hoje é a euforia. O nosso clube ganhou. A malta esteve em grande e foi para a rua, mobilizou-se, saiu de casa contra a resignação. Estiveram todos unidos pela mesma causa. Mas e amanhã, pá (este pá foi pedido emprestado aos Homens da Luta)? Como vai ser depois da resaca?

“Ah e tal que o manifesto é fraquinho…” ouvi dizer ao longo dos dias. “Pois, são mais uns que falam, falam, mas não fazem nada”, argumentaram outros.

É verdade que o manifesto era fraquinho. De tanto querer enfiar todos no mesmo saco, era um conjunto de banalidades em que todos, literalmente todos, nos poderiamos rever. Era uma espécie de Ruca misturado com Nody e umas pinceladas de Calvin, embora sem os meninos mal comportados de South Park e muito menos um American Dad.

Ideias, propostas, sugestões? Nada. Parece que foram recolhidas hoje, em folhas A4. Parece que vão ser entregues na Assembleia da República. Alto! Perdão, vão ser entregues onde? Na Assembleia da República. A partidos políticos? Ah… está bem.

A revolução segue dentro de momentos, num Facebook perto de si.

Comments

  1. MOURO says:

    Esta juventude orgulhou-me e espantou-me. acordaram finalmente, nós os mais velhos temos alguma culpa pela situação em que eles se encontram.
    Neste País os políticos e os empresários têm que mudar de atitude enquanto é tempo

  2. Johnny says:

    Hoje foi o primeiro dia do fim dos PROXENETAS DA SOCIEDADE…
    Essas criaturas que se cuidem, nada mais vai ser igual…
    Substimaram e abusaram da vapacidade do Povo Português…

  3. Pedro Alves says:

    Meus caros, claro que nada pode ficar como estava. Temos de pegar neste mar de gente que hoje saiu a rua e marcar novo protesto para dia 26 Março. A minha proposta é seguir para novo protesto e só desmobilizar até este PM sair. Chega de mentir com cara de pau!!!

  4. Desmobilizar quando o PM sozinho? Mas não leu na Visão o que o filho da puta do Passos Coelho quer fazer? Desmobilizar nunca! Obrigá-los a mudar de políticas e a respeitar as pessoas, isso sim.

  5. Pedro says:

    Não é só o Sócrates: são toda a cambada de políticos que fazem fila , que se tapam uns aos outros, que escondem as mordomias combinadas e aprovadas entre eles ….ISTO SÓ ACABA COM ESSES NOJENTOS TODOS CÁ FORA , DE VEZ!
    VIRAM SE ALGUM POLÍTICO SE QUEIXOU OU DENUNCIOU AS MORDOMIAS OU QUE NÃO AS QUEERIA RECEBER ? NENHUM…..TUDO ENCOBERTO…..TODOS À ESPREITA DO POLEIRO PARA CANTAREM DE GALO COMO O GOVERNO QUE LÁ ESTÁ …..

  6. Algumas palavras neste protesto andavam mal… a revolta é contra o SISTEMA e contra a CLASSE POLÍTICA!!! e não contra o PM ou o Governo q actualmente exerce funções… porque, verdade seja dita, qd este governo sair, o FDP que o povo lá vai colocar vai ser o Passos Coelho… e desculpem lá… mas de PS para PSD a m**** é a mesma… e a culpa deste sistema é dos 2 e não apenas do PS… acordem e revoltem-se contra o sistema e a classe politica que anda a enhcer os bolsos à nossa custa! “a razão pela qual se muda fraldas e muda o governo é a mesma…”

  7. Rodrigo Costa says:

    … Peço desculpa, eu também sou mais velho, mas não assumo culpas nenhumas. Há pessoas —mais velhas e mais novas— que já tinham, mais ou menos, a ideia de aonde isto ia parar. Houve quem alertasse, mas, esses, ou eram retrógrados ou “cotas”.

    As pessoas convenceram-se que isto era só ir à Universidade, obter diplomas —alguns, comprados— e entrar no mercado de trabalho. Errado, como se pode ver; porque a mão de obra qualificada —ou dita qualificada— é mais cara, e poucos são os industriais ou comercientes a que se possa chamar empresários; discutem mais os salários do que as qualificações.

    Depois, e naturalmente, como em todoas áreas, quando a oferta é muita, o valor decresce; e esta é a hora dos que, não sendo formados, se ocupam das profissões que cuidam das necessidades básicas.

    Num exército composto apenas de generais, quem acham que vai fazer “reforços” ou “piquetes”?… As pessoas pensam ser possível uma Sociedade composta apenas por doutores?…

    O avanço tecnológico é outra falácia. A tecnologia vem, de facto, facilitar as coisas, mas vem, ao mesmo tempo, reduzir a necessidade de mão de obra —veja-se o exemplo das portagens e das scuts, em que, nas primeiras, os empregados foram substituídos pelas máquinas; e, nas segundas, nem chegou a haver funcionários; máquinas, desde o início…

    É cómodo estarmos a enviar e-mails que substituem as cartas, mas, por causa disso, não desapareceram só os carteiros; há serviços, relacionados, que foram extintos ou quase.

    Assistimos, mais coisa, menos coisa, a um processo semelhante ao da Revolução Industrial. Foi convencendo o pagode de que passaria a haver mais tempo para o ócio, com a chegada das máquinas… Que ócio?… As pessoas continuaram a trabalhar as mesmas ou mais horas, e o número de trabalhadores foi sendo reduzido, por inabilitado e / ou desnecessário.

    O que vão fazer às “manifestações com tanta gente” —penso, se conheço bem os portugueses, em média— é o mesmo que Manuel Alegre fez a um milhão de eleitores, nas penúltimas presidenciais. O Homem não procurava trabalho, mas remanso; faltava-lhe o estatudo para coroar a vida de nababo que sempre tem vivido.

    Entre os manifestantes, havia, necessariamente, pessoas com vidas e objectivos muito diferentes. Recordem-se de Abril e vejam quem, com o tempo, tomou conta do “terreno”… Os “doutores”, com a ajuda, necessária e imperdível, de muitos crápulas pertencente e provenientes das “massas falidas”.

    Quem são, em média, as pessoas que governam e decidem, no País? Economistas e advogados. De onde a onde, um médico, um engenheiro ou de outra actividade qualquer. Maioritariamente, economistas e advogados. Os primeiros, em regra, diponíveis para vender a mãe, se esta der dinheiro e houver quem a queira; os segundos, também em regra, capazes de defenderem a vítima ou o agressor, dependendo de quem o constitua mandatário, e independentemente de a quem assista a razão… Esta é, meus caros, a Socierdade em que estamos inseridos.

    Alerto os pobres e os mais velhos,—os que, de algum modo têm escassas possibilidades— que olhem Abril e se recusem ser, de novo, usados; porque os “generais” necessitam de constituir exército, mas serão eles quem dividirá, entre si, a parte gorda de qualquer prémio. Os soldados dormirão, para sempre, nas casernas.

  8. José Freitas says:

    Boa reflexão, Rodrigo. Estamos, de facto, na mudança de um paradigma social e económico e não apenas económico-financeiro.

    • Rodrigo Costa says:

      .. Caro José Freitas,

      … Para lhe ser sincero, direi que poucos destes “jovens” terão a verdadeira noção do que se passa. Dá-me a ideia de que tudo isto faz parte de uma simples quebra de rotina, uma fuga ao marasmo, a procura de adrenalina… porque não há esforço para a mudança de mentalidade.

      A crise económica —que eu sempre considerei crise de valores, com reflexos económicos— é reflexo de tudo, menos de falta de dinheiro, porque, o que existia, não foi rasgado —nem lançado à fogueira; estará acumulado e gasto em coisas desnecessárias, de entre as quais destaco os parlamentos, quer o nosso, quer o europeu. Foram criadas estruturas pesadas, cujo sustento absorve mais do que o que poderia susportar melhores condições de vida das populações. E há, naturalmente, aqueles que, apesar da idade, continuam a aferrolhar como se estivessem em princípio de vida.

      Sou contra a Democracia?…
      É verdade que não acredito em nenhum regime, porque, como já deixei escrito, todos eles são alicerçados em pessoas; e todas as pessoas são alicerçadas e ligadas pelo Instinto. Pode-se —com base na educação e no exercício de dignidade, de amor-próprio— compensar alguns exageros, mas é necessário que os exagerados não sejam tantos como aqueles que podemos observar.

      No caso Português —por ser o que mais interessa e o mais gritante—, a Democracia —que não existe— é caríssima. há uma trupe com honorários e privilégios insuportáveis, e que não produzem eficácia: ex-presidentes da República e ex-deputados com regalias vitalícias e com acumulação de reformas; fundações e institutos; empresas camarárias; governadores civis sem utilidade… É um somar, por aí fora!

      Se juntar, a cada uma destas figuras, os familiares próximos e as pessoas que beneficiem, directa e indirectamente, da situação, teremos uma quantidade de gente votando a favor, que se oporá a qualquer mudança, salvo se a mudança os deixar melhor. Depois, junte-lhe, ainda, os que procuram chegar ao mesmo, mais os que acham, que, se lá estivessem, também fariam mesma coisa… Esta é a realidade.

  9. Alves Polónia says:

    Eu não sou desta geração, mas tb estou à rasca, tinha 20 anos quando se deu o 25 de Abril, e digo-lhes que é muito mau viver em ditadura. A Democracia fáz-se com partidos e há vários partidos, não é forçoso votar sempre nos mesmos PS, PSD, já percebemos que estes nos levam para o fosso. Foram eles que acabaram com o aparelho produtivo do país a troco dos milhões da C.Europeia, que foram parar aos bolsos deles e dos amigos. Votar nos mesmos é pactuar com estas politicas, exprimentem outros, ou então formem outros partidos. E não esqueçam que O POVO UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO, que hoje, amanhã ou depois, se não desistirmos vamos conseguir. TODOS Á MANIFESTAÇÃO DE 19 DE MARÇO

    • Rodrigo Costa says:

      Caro Alves Polónia,

      Desde o 25 de Abril, já todos passaram pelo poder. Como sabe —somos, praticamente, da mesma idade—, os partidos de esquerda tiveram, durante bastante tempo, o poder nas mãos; não o tiveram foi organizado, porque pensaram que bastava o “povo” estar unido e tudo se resolveria. Não basta, porque, na falta de outros, o “povo” rouba-se a si mesmo, porque, oportunistas, há em todas as classes.

      A questão não se resolve com partidos, mas com pessoas; com gente interessada em modificar-se, para que o resto e os partidos se modifiquem.

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