a lei foi criada pela burguesia para a burguesia

Há um ditado português que diz: quem pode, pode; quem não pode, arreia, sendo arreia uma palavra invulgar é, no entanto, muito usada, o dicionário define-a, entre outras, da seguinte maneira: largar pouco a pouco.

O conceito burguesia é para mim o mais vulgar dos conceitos, criado no século XIX por Kart Marx: classe social dominante no regime capitalista, porque os seus membros possuem os meios de produção. A classe trabalhadora, oposta à burguesia, possui apenas a sua força de trabalho para produzir, sendo designada de   proletariado.

Proletariado existente, actualmente, aos milhares, especialmente pelas mudanças à política económica introduzidas pela globalização, que nós bem sentimos pelos cortes salariais e pelos aumentos dos preços nos bens de consumo, sobretudo nos de 1ª necessidade. É a burguesia que governa e legisla, escrevendo com palavras que poucas pessoas entendem, seja o Código Civil, sejam outros códigos, todos eles baseados na denominada Carta Fundamental da República ou Constituição de República Portuguesa.

Criada no Século XIX (Constituição Politica da Monarquia Portuguesa, aprovada em 1822) como travão aos caprichos da monarquia de Bragança que governava o país à sua maneira, foi, ao longo do tempo, sofrendo tantas modificações, nomeadamente em 1911, com a aprovação da Constituição Política da República Portuguesa (reguladora da vida politica na I República) que tenho a obrigação de dizer que me oriento, para este texto, pela de 2001, modificada de forma mínima em 2005.

As palavras usadas nem deus bendito as entenderiam como deve ser. Ainda menos a multidão de proletariado que habita o país, calculada em mais de metade da população.

Para entender, é necessário estudar um curso de Direito ou munirmos com as suas ferramentas e conceitos. Foi o que eu fiz, para entender as palavras consagradas e para entender o que quer a lei dos cidadãos.

Eu diria, que é preciso ter uma cultura doutoral para entender as palavras da Constituição e comportarmo-nos como é requerido pela lei. Um bom exemplo é o começo do articulado da Constituição:

Princípios fundamentais


Artigo 1.º
República Portuguesa

Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.

Ao todo são 198 artigos, mas, para a minha pretensão, o primeiro é suficiente. Estou certo que todos sabem o que é uma República, excepto algumas pessoas mais afastadas da vida urbana, como verifiquei há una anos atrás nas aldeias de São João do Monte e Vila Ruiva, em que perguntavam: como se chama o rei que temos agora?

Pensavam que ainda havia rei porque o artigo que agora comento diz: baseada na dignidade da pessoa humana. Reitero o escrito mais acima: República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.

Quem podia entender estas palavras, se a nossa vidinha é de uma pobreza extrema. Se o que se come em casa é apenas o pequeno-almoço e o lanche? Ontem, na inauguração do Ano Judicial, o bastonário dos Juízes  dizia no seu discurso de abertura: devemos incrementar o número de juízes para servir rápida e de forma expedita, as necessidades do povo miserável, carenciado de bens e empobrecido.

Eis porque me perguntam qual é o rei que hoje nos governa. Especialmente desde que Portugal faliu e cortaram ordenados, aumentaram os impostos, mesmo sobre as pensões…

A (grande) burguesia não sofre destes problemas, apenas sabe o saber doutoral, manipula o povo que ignora o significado das palavras e tem de trabalhar em vários empregos para se sustentar.

É o meu comentário de hoje…A lei é feita por burgueses para burgueses. Por ser uma República Soberana, esta lei abrange toda a população, entenda ou não o que a Constituição e o Código Civil dizem: a lei é conhecida por todos, deve ser respeitada por todos, ninguém pode argumentar a ignorância da lei…. Coitados de nós…e da lei que se empenha em que nós obedeçamos as suas ordens, curvando a nossa dognodade….

Proletariado existente, actualmente, aos milhares, especialmente pelas mudanças à política económica introduzidas pela globalização, que nós bem sentimos pelos cortes salariais e pelos aumentos dos preços nos bens de consumo, sobretudo nos de 1ª necessidade. É a burguesia que governa e legisla, escrevendo com palavras que poucas pessoas entendem, seja o Código Civil, sejam outros códigos, todos eles baseados na denominada Carta Fundamental da República ou Constituição de República Portuguesa.

Criada no Século XIX (Constituição Politica da Monarquia Portuguesa, aprovada em 1822) como travão aos caprichos da monarquia de Bragança que governava o país à sua maneira, foi, ao longo do tempo, sofrendo tantas modificações, nomeadamente em 1911, com a aprovação da Constituição Política da República Portuguesa (reguladora da vida politica na I República) que tenho a obrigação de dizer que me oriento, para este texto, pela de 2001, modificada de forma mínima em 2005.

As palavras usadas nem deus bendito as entenderiam como deve ser. Ainda menos a multidão de proletariado que habita o país, calculada em mais de metade da população.

Para entender, é necessário estudar um curso de Direito ou munirmos com as suas ferramentas e conceitos. Foi o que eu fiz, para entender as palavras consagradas e para entender o que quer a lei dos cidadãos.

Eu diria, que é preciso ter uma cultura doutoral para entender as palavras da Constituição e comportarmo-nos como é requerido pela lei. Um bom exemplo é o começo do articulado da Constituição:

Princípios fundamentais


Artigo 1.º
República Portuguesa

Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.

Ao todo são 198 artigos, mas, para a minha pretensão, o primeiro é suficiente. Estou certo que todos sabem o que é uma República, excepto algumas pessoas mais afastadas da vida urbana, como verifiquei há una anos atrás nas aldeias de São João do Monte e Vila Ruiva, em que perguntavam: como se chama o rei que temos agora?

Pensavam que ainda havia rei porque o artigo que agora comento diz: baseada na dignidade da pessoa humana. Reitero o escrito mais acima: República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.

Quem podia entender estas palavras, se a nossa vidinha é de uma pobreza extrema. Se o que se come em casa é apenas o pequeno-almoço e o lanche? Ontem, na inauguração do Ano Judicial, o bastonário dos Juízes  dizia no seu discurso de abertura: devemos incrementar o número de juízes para servir rápida e de forma expedita, as necessidades do povo miserável, carenciado de bens e empobrecido.

Eis porque me perguntam qual é o rei que hoje nos governa. Especialmente desde que Portugal faliu e cortaram ordenados, aumentaram os impostos, mesmo sobre as pensões…

A (grande) burguesia não sofre destes problemas, apenas sabe o saber doutoral, manipula o povo que ignora o significado das palavras e tem de trabalhar em vários empregos para se sustentar.

É o meu comentário de hoje…A lei é feita por burgueses para burgueses. Por ser uma República Soberana, esta lei abrange toda a população, entenda ou não o que a Constituição e o Código Civil dizem: a lei é conhecida por todos, deve ser respeitada por todos, ninguém pode argumentar a ignorância da lei…. Coitados de nós…e da lei que se empenha em que nós obedeçamos as suas ordens, curvando a nossa dignidade….

Comments

  1. Eu pensava que os Burgueses eram os habitantes do burgo mas ainda bem que Karl Marx nos veio elucidar que afinal eram os mauzões.

    Também é bom ter entre nós quem em 2011 nos venha lembrar disso e de como a nossa constituição é burguesa.

    Ficámos elucidados, Obrigado

    • rauliturra says:

      Agradeço a sua paciência de ler o meu texto. O burgo acabou há faz anos, agora são cidades ou vilas. A nossa constituição é burguesa por ter sido redigido pela minoria da população, com palavras da cultura doutoral que a maior parte da população não entende. Como Etnopsicólogo e Advogado que sou, ando sempre entre o Zé Povinho. Que seja burguesa, não é um pecado. Que não se explique às pessoas, é felonia. Aliás, não esqueça que o artigo 1 foi mudado, e retiraram esta frase: ” Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e empenhada na sua transformação numa sociedade sem classes”. A palavra socialismo apenas aparece no livro de Ratzinger, ou Bento XVI, livro: Jesus of Nazareth,2004; e no catecismo de Wojtila ou do Beato João Paulo II que condena o capitalismo por abusar do trabalhador, sem condenar em sitio nenhum dos 900 artigos, o socialismo.
      Ora bem, qual é o socialismo que temos, como se foi transformando para uma sociedade de classes, como era? Em outros textos meus comento que a República começou no 25 de Abril, que hoje em dia não é comemorado, e que o 25 de Abril passou a ser o governo que hoje em dia nos encurrala.
      Agradeço o seu comentário, obriga-me a pensar, o que é sempre bom

  2. Artur says:

    Os burgueses são mesmo uns malandros sem vergonha. Até meteram no preambulo da Constituição a palavra “Socialismo” só para despistar.

  3. Rodrigo Costa says:

    Caro Raul Iturra,

    O ditado português assenta numa realidade universal. De facto, quem não pode… terá que ARRIAR —é este o infinitivo do verbo, e tanto pode ser lentamente, como de forma brusca. A intenção, desculpe, não é censurá-lo, mas informá-lo, por ser um termo não muito usado, na actualidade; mas de grande utilização, na minha meninice.

    Na Natureza, o que não pode, cede. É essa, inclusive, a pedra de toque do regime selectivo em que o Universo se desenvolve; de nada valendo as lutas estafadas pela igualdade; porque nada nem ninguém é igual; e, como mais e melhor se pode observar, à medida que a evolução tecnológica se acentua —contra-senso aparente, mas que não é—, todas as ferramentas criadas e reformuladas servem para marcar, se não acentuar, as diferenças que nos separam: intelectuais, físicas, etc, etc, etc… Daí, como se diz, e bem, haver, cada vez mais, desigualdade.

    Referindo-me, especificamente a Portugal, não adianta as pessoas evocarem a Constituição ou o Código Civil. Não é assim que as coisas funcionam. Tem-se ou não se tem amigos. Se se tem, a Constituição e / ou o Código Civil, momentaneamente, são alterados, se for necessário; não se tem amigos, a Constituição e / ou o Código Civil não existem ou são implacáveis, de acordo com a conveniência.

    Em Portugal, Caro Raul Iturra, o Senhor tem dois catecismos: o prático e o teórico´. Daí o outro ditado, muito antigo, ” Olha para o que eu digo; não olhes para o que eu faço”. Os partidos —desde a “esquerda” à “direita”, aplicam e explicam muito bem isto.

    Quanto às leis, todas elas são feitas por quem tem interesse em que elas vigorem. Faria sentido que alguém sem nada, fosse perder tempo a criar uma lei anti-roubo?…

    Quantas vezes o Senhor viu figuras relevantes a doar fundos para a luta contra uma qualquer doença?… Se procurar, vai ver que isso acontece porque, antes, algum familiar, ou o própio, foi afectado pelo mesmo mal. Dou-lhe um exemplo: Champalimaud. Sabe há quantos anos o homem era multimilionário?… desde que me conheço. Por quê, só agora, por morte, deixar fundos para uma fundação que luta contra doenças dos olhos?!… por ter sido afectado, a partir de adiantada da sua vida…

    Que diabo!… Já havia muita gente com problemas oftálmicos, bem antes de Champalimaud ser afectado. Por quêm, tão tarde, se lembrou disso, um homem que não pensou em mais do em dinheiro?… Talvez pensando que poderia comprar o Céu e que, ainda por cima, seria lembrado. É a vida.

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