Quo vadis PSD?

-Ao contrário do que já li por aí, a frase de Passos Coelho em que terá admitido uma subida na taxa de IVA para 24 ou mesmo 25 por cento, provavelmente retirada de algum contexto que desconheço, pode ser um tiro no pé, um erro político, mas está longe de significar falta de preparação ou conhecimento dos dossiers, pelo contrário, quero acreditar que seja uma escolha, a meu ver acertada, ou antes, um mal menor, porque subir um imposto, qualquer que ele seja, nunca é a meu ver um facto positivo.

Imediatamente surgiram as vozes do costume clamando que o IVA por ser um imposto cego, atingindo todos os consumidores por igual, é socialmente injusto. Nada mais falso. Uma família que gaste 1000 Euros mensais, pagará metade de outra que gaste 2000, ora como sabemos, os gastos são normalmente proporcionais aos rendimentos, logo, quem mais ganha, mais paga. Não existe é no IVA um mecanismo do agrado dos socialistas, que são os escalões, permitindo que o Estado se arrogue no direito de tirar X ao sujeito A para atribuir, sob a forma de benefícios ou subsídios, vai dar ao mesmo, ao sujeito B.

Se pretende ganhar as eleições, Passos Coelho terá de explicar melhor o seu programa, mas pessoalmente prefiro ver reduzidos o número de escalões sobre o rendimento, o ideal seria mesmo existir apenas uma taxa única, se necessário aumentando a tributação sobre o consumo.

Fundamental para o país seria diminuir a despesa, emagrecendo o Estado, mas duvido que o aparelho do PSD, ávido por ocupar lugares de onde tem estado arredado nos últimos anos, permita que seja extinto o cargo absolutamente inútil de governador-civil, privatizem as empresas públicas e municipais, ou extingam boa parte dos Institutos, Direcções e Autoridades, alguns com duplicação de competências. Mais difícil ainda obter a anuência do PS para uma reformulação do mapa autárquico e judiciário, existem hoje Câmaras Municipais sem qualquer razão para existir, já para não falar em Juntas de Freguesia, mas todas elas comem uma fatia do bolo do orçamento.

Uma pergunta no entanto é necessário ser colocada desde já a Passos Coelho, que pretende fazer em relação aos faraónicos investimentos do TGV, Aeroporto de Lisboa e 3ª travessia do Tejo?

Comments

  1. torcato guimaraes says:

    COM a quantidade de empreiteiros que o PSD tem, bem como muito do empresário pato-bravo deste país…a resposta impõe-se: vai haver 3ª travessia e aeroporto, e não há tgv pq a Comissão nao deixará…

  2. O PPC já explicou o que pensa do IVA e, aparentemente, concorda com as “vozes do costume clamando que o IVA por ser um imposto cego, atingindo todos os consumidores por igual, é socialmente injusto.” O facto de mudar de opinião sem se retractar é um problema que pode vir a ser nosso http://aventar.eu/2011/03/25/psd-ainda-nao-governa-e-ja-imita-o-pior-do-ps/

    Segundo o próprio

    No livro “Mudar”, que antecedeu a sua candidatura à liderança do PSD, dizia que nunca concordou “em taxar cada vez mais os impostos indirectos, nomeadamente o IVA. Ele vale 20% para quem tem muito como para quem tem pouco”

    e

    os impostos indirectos “tratam todos pela mesma medida, tanto pobres como ricos”, numa alusão ao facto de o IVA, por ser uma taxa proporcional, e exigir o mesmo esforço a todos os consumidores, independentemente do seu nível de rendimento, se transformar num imposto socialmente mais injusto.

  3. Impostos como o IVA não são assim tão socialmente injustos, em primeiro lugar porque uma quantidade de bens e serviços de primeira necessidade usufruem de taxa reduzida, em segunda porque o valor apurado tem a ver com o bem adquirido, ora quem ganha mais, por norma também gasta mais, contribuindo assim com maior valor. O que o IVA não faz, são as correcções de tirar a A para subsidiar ou isentar B, mas pessoalmente sou adepto da flat tax e intervenção mínima do Estado na economia. Quanto ao PSD estar a imitar o pior do PS, não surpreende, afinal é um partido que ao longo dos anos, com vários líderes, deu o dito pelo não dito. A última vez em que votei PSD, aconteceu em 2002, entusiasmado com o choque fiscal…

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