Ora aí temos Fernando Nobre, o autêntico!

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Ora aí temos Fernando Nobre, o autêntico, a suscitar divisões no seio do próprio PSD, com uma sentença de elevado carácter democrático:

“Se não for eleito presidente da AR renuncio de imediato.”

Pesem embora as críticas com que fui presenteado, o comportamento de Fernando Nobre está a provar à exaustão que o que escrevi em 25 de Janeiro de 2011 no ‘Aventar’ me deu razão antes do tempo e, por outro lado, justificou este outro texto, a criticar a escolha de Pedro Passos Coelho; equiparei-a, diga-se, ao apoio devoto de Mário Soares e à confiança de Louçã.

De filantropo a benemérito, se atentarmos na estrutura e nas contas da fundação AMI, talvez se comece a perceber que Fernando Nobre tem muito pouco. É um humanista errático – sim, errático para dizer o mínimo. Só se fixa nos lugares que, por mal disfarçada vaidade e falsa humildade, lhe deem interesse e projecção mediática. Está comprovado.

Com esta tirada de baixo nível de Nobre, talvez Pedro Passos Coelho comece a entender que errou, se é que não está já a combater a azia com Omeprazol.

Comments

  1. jorge fliscorno says:

    Concordo com o diagnóstico. E espanta-me como há tanto amadorismo político no PSD.

    • Carlos Fonseca says:

      Jorge, eu até posso admitir que PPC tenha sido bem intencionado. Penso que ele, como a maioria dos cidadãos, é induzido no sentido de uma avaliação errada de quem é Fernando Nobre. Há que ser coerente e lutar contra privilégios de concessão de dinheiros públicos aatravés de institutos e fundações que o País não pode pagar. E, neste ponto, o PSD tem a obrigação de não cometer os grosseiros erros do PS.
      Perceba-se a razão por que o soarista Vítor Ramalho ficou “perplexo”, Mário Soares “estarrecido” e até Isabel Soares, filha do dito, “muito surpreendida”. Tudo isto tem os seus fundamentos e o putativo Nobre não é cidadão de comportamento fiável. Como o próprio acaba de provar.

  2. … Não me parece que querer ser Presidente da Assembleia da República seja ter ambição. É um cargo que qualquer matrona pode desempenhar; assim a modos como quem se limita a guardar as ovelhas…

    Que isso lhe dará mediatismo?!… Eu acho é que lhe dará pouco trabalho. Ambicioso seria se se propusesse para ministro ou secretário de estado… ou até mesmo para motorista do Passos Coelho.

    A desorientação é total. Poucos, se os há, envolvidos no processo político, estarão em condições de fazer juízos úteis. Lembrem-se de que são gerações que apanharam as passagens administrativas e todos os vícios da facilidade. Honestamente, julgo que muitos deles dão o que podem, preocupados, em simultâneo, com a grantia da sobrevivência política e respectivas mordomias; serão demasiado medíocres, para que tudo o que fazem seja premeditado.

    Na verdade, o que o País, nesta altura, necessitava era que o FMI, em vez de enviar dois ou três técnicos, formasse um governo de pessoas experientes e isentas, muito embora haja quem ache ser vergonhoso deixar que estranhos interfiram e decidam os destinos do País. Vergonhoso, digo eu, é estarmos a ser roubados e humilhados por gajos burros e perversos que nasceram e vivem mesmo ao pé da nossa porta.

    Neste momento, a prioridade é a recuperação do País, e não a preocupação de que sejam outros a executar a tarefa. Quando se tem orgulho, o melhor é evitar pô-lo em risco; que foi o que não foi feito.

    Em toda esta embrulhada, O Fernando Nobre é um caso menor, por ser apenas mais um a fazer o que já muitos têm feito.

    • Carlos Fonseca says:

      Limito-me, apenas, a comentar a sua frase: “O Fernando Nobre é um caso menor…”.
      Se a despesa pública com institutos e fundações é reconhecidamente elevada – o FMI o confirma – não há casos menores ou maiores na política de gastos do Estado. Há que varrer de uma vez por todas com privilegiados, chamem-se Nobre, Joe, Soares ou outro nome qualquer. O dinheiro dos contribuintes de um Estado muito endividado não pode ser desperdiçado em projectos insustentáveis e susceptíveis de beneficiar venturosa gente. Sobretudo no momento em que fp’s, pensionistas e muitos cidadãos são castigados com quebras de rendimentos, seja pela via do corte salarial, puro e duro, seja pela agressiva política fiscal. Decência no uso de fundos públicos é o que se exige.
      FN, qual saltimbanco que mostra a face através de várias e contraditórias janelas, não deve ser submetido a mero juízo quantitativo: ser maior ou menor. É na falta de qualidade como cidadão, pelo próprio demonstrada, que o contesto. Pelos vistos, não estou isolado. No próprio PSD há um crescendo de vozes a expressar-se na mesmo onda hertziana.

      • Carlos Fonseca says:

        Rectifico:
        varrer de uma vez por todas os privilegiados, em vez de ‘com privilegiados’.
        na mesma onda e não ‘na mesmo onda…”

        • Caro Carlos Fonseca,

          Quando digo que Fernando Nobre é um caso menor, digo-o na medida em que se lhe dá, ou à sua atitude, tempo de antena desmesurado, por eu o entender apenas mais um.

          Que as pessoas esperavam que fôsse diferente?… Tenho que dizer outra coisa que não creio que o Senhor desconheça: não é possível chegar a lugares de poder e de decisão, de relevância, fora do regime de influências. Costumo, até dizer, sem ser por métodos corruptivos.

          O responsável da AMI, qualquer que ele fôsse, seria sempre alguém que gozaria de privilégios e do privilégio de ter pessoas e instituições ao dispôr, com portas que se lhe abririam, sem necessidade de as forçar. As pessoas são suficientemente hipócritas, para prestarem vassalagem àqueles de quem pensam que necessitam.

          Para ser sincero, não acho que Passos Coelho —como o BE, inclusive— o tenha convidado pela sua competência, mesmo que a possua; o convite terá sido feito com base nas pessoas que FN arregimentou, durante as Presidenciais. Foi a procura de votos que terá movido Passos Coelho. E o lugar que foi proposto a FN é o de uma figura pouco ou nada interventiva.

          Aliás, parece-me, a mim, que Passos Coelho, pelo tipo de personalidade que tem revelado, já esgotou o benefício da dúvida; vejo-o como alguém qie procura o poder e, ao mesmo tempo, com receio de que o poder lhe caia nas mãos. O que eu quero dizer é que FN faz parte de uma série de equívocos.

          De qualquer modo, nunca será “caso menor” o facto de haver alguém que não faz uso do amor-próprio. Referi-o, como “caso menor”, dentro do contexto da insistência; da valorização continuada de uma personalidade que parece ter repetido o que é hábito.

          • Carlos Fonseca says:

            Caro Rodrigo Costa,
            Entendido. Terá que admitir que cada um de nós possa ter reacções diferentes perante a vida e, neste caso particular, diante a conduta de homens públicos.
            Exerci funções de ‘Gestor Hospitalar’. Ainda por cima num hospital de mono-especialidade, Urologia, a que recorriam todos os políticos, grandes empresários, homens das artes e das letras, de todo o País.
            Com esta experiência de anos, e para além do que poderá ser a estrutura-base do meu pensamento político, entre médicos e homens da política, conheci largas dezenas, bons e maus. Dos seus hábitos, das suas imoralidades, dos seus oportunismos, das suas falsas filantropias, das suas hipocrisias, mas também de posturas de cidadãos exemplares, retirei experiências e ensinamentos que me acompanharão até ao fim da lucidez – como sabe, pode anteceder o fim da vida biológica.
            Por tudo isto, e por muito mais que me dispenso de detalhar, lutarei sempre e afincadamente contra o sistema corrosivo próprio da sociedade do dinheiro que esmaga a vida de milhões, em favor de minorias. A utopia é o desejo humano da perfeição e eu não abdico nem me vergo a princípios que se opõem aos meus.
            Cumprimentos.

  3. Caro Carlos Fonseca,

    O principal, numa conversa ou numa discussão, é sempre possível o entendimento, independentemente da discordâcias. O importante é que as pessoas estejam bem intencionadas. Como é o caso… siga para bingo 🙂

    Cumprimentos.

  4. julia says:

    Caro Amigo:
    Lamento a decepção que sinto, por F.Nobre, não facilitar a orgânica dos líderes.A conversa da “cadeira” foi com o líder PPC.. PPC., agora não está só,nas conversaçôes.Existe PP. O cenário mudou..São ELES que se têm de entender, mais o PS .Confio NELES.
    Fernando Nobre, se quiser ser autêntico e de sentimentos nobres deve facilitar a vida dos líderes e de TODOS NÓS…Entende? Na assembleia há muitas cadeiras. Escolha uma, onde nos pode ajudar mais. Deixe lá o poleiro para outro.
    Estamos a enfrentar a pior crise de há um século. Pensemos nos menos, que pelos vistos o SR. conhece melhor que eu.No entanto sou V desde 1987, até hoje.
    PPC e PP sede verdadeiros, autênticos e desabafem com o POVO.Sentir-se-ão respeitados e passarão a ser aliados de quem quer salvar o nosso País, da bancarrota.
    Até amanhã! Até sempre!
    Júlia Príncipe

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