13 razões (e mais uma) para não votar PS

Ana Tomás (Administradora das Estradas de Portugal) - 151.200 euros António José Pereira Luís (Presidente da NAV) - 109.531 euros Carlos Beja - Administrador da NAV (99.710 euros)   Alexandre Rosa (Vice-presidente do IEFP) - 79.140 euros Fernando Rocha Andrade (Administrador da REN) - 48 mil euros

Luís Patrão (Presidente do Turismo de Portugal) - 83.170 euros Luís Nazaré (Comité de Estratégia dos CTT) - 49 mil euros Ascenso Simões (Administrador da ERSE) - 188.839 euros António Castro Guerra (Chairman da CIMPOR) 285.384 euros Mário Lino (Conselho Fiscal da Caixa Seguros) - 26.821 euros

Fernando Gomes (Administrador da GALP) - 529 mil euros Guilhermino Rodrigues (Presidente da ANA) Alda Borges Coelho (Administradora da ANA) - 109.486 euros paulo campos e ana tomaz

Clique-se em um a um para ver o respectivo currículo (CV), num trabalho publicado pela revista VISÃO em Outubro de 2010. Destas 13 pessoas, algumas têm um CV OK, apesar de não ser algo tão galáctico que justifique tamanho salário. Outros não estão na sua área de especialização, outros têm mesmo um CV fraco e noutros vê-se que a a única ligação ao cargo é o elo político.

São gestores públicos, cargos de nomeação política. Porque é que precisa de haver nomeação política? Porque, dizem, “executam as políticas do governo e isso exige confiança política”. Mas a resposta é fraca pois não responde ao essencial: porque é que estes sectores têm que ser controlados pelo Estado? O que é que ganham os portugueses com isso? O que ganham estes portugueses, isso é claro. Ganham até 529 mil euros por ano mais benesses como carro, motorista, telefone, cartão de crédito, etc.

São os boys de topo, o estrelato das  nomeações. A baixo deles orbita uma prole de outros nomeados. É fala corrente dizer-se que seja PS, seja PSD, existirão sempre estas nomeações pornográficas. Para mim isso não passa de argumentário socialista, já que, apesar de o PSD ter feito o mesmo quando foi governo, o certo é que já foi devida e justamente corrido do governo por essa e outras razões. E Guterres até ganhou votos com essa limpeza que se traduziu na famosa frase “No jobs for the boys”. Viu-se o que foi. Pois agora é a vez dos socialistas provarem o fel depois de terem chupado anos de mel.

Quanto a mim, o problema resolve-se de uma maneira muito fácil. Termine-se a presença do Estado no sector empresarial e acabe-se com a infinidade de institutos, fundações e afins. Chega de proxenetísmo fiscal.

Comments

  1. Acácio Martins says:

    Eu acho que o Estado deve ter um Sector Empresarial forte e dinâmico. Não posso é admitir que haja pessoas sem competência nos lugares que ocupam. Se me disserem que passará a existir um grupo de pessoas sem filiação partidária nem ligações aos cargos politicos que controlem essas nomeações, aceito.
    Esse Grupo de Trabalho, chamemos-lhe assim, teria um mandato predefenido (1 ano, mais ou menos, nunca ultrapassando os 2?) integraria pessoas sem filiação partidária (quer eles, quer familiares mais próximos) e que não tenham desempenhado cargos politicos; tenham experiência visivel profissionalmente, evitando as famosas J’s partidárias que apenas servem para formar politicos e lançá-los (basta ver o CV de Passos Coelho…). Esse grupo teria um numero fixo de lugares (10?20?100?) e os membros escolhidos não poderiam ser reeleitos nem integrar nenhum cargo politico num espaço de tempo aceitável (5 anos?). Seriam nomeados, em principio, por um tribunal ou por departamento de Justiça ou então as pessoas poderiam concorrer a esses lugares (nunca em full-time) e poderiam receber quantias simbólicas (nada de 500€ por reunião! O bilhete do cacilheiro e do eléctrico/carris e eventualmente subsidio de refeição pago nos dias em que comparecesse…um exemplo!)

    Possivelmente uma ideia sem grande sentido…mas é uma ideia. E isso é o que Portugal precisa neste momento.

    • jorge fliscorno says:

      Eu acho que o Estado deve ter um Sector Empresarial forte e dinâmico.

      Discordo por duas razões. Primeiro porque cheio de boas intenções está o inferno cheio, querendo com isto dizer que num mundo ideal os tachos de nomeação não existiriam, mas vivemos na Terra dos Homens.

      Em segundo lugar porque nas empresas onde até hoje trabalhei e nas quais o Estado tem assento como accionista sempre vi que o Estado foi uma fonte de problemas e não de soluções. Esses problemas traduziram-se em diversos aspectos:
      – instabilidade na administração devido a mudanças políticas
      – decisões tomadas em função da política, em vez do interesse da empresa
      – incapacidade de se tomarem decisões de forma rápida, especialmente em momentos de crise e de eleições (particularmente grave no presente momento)
      – pessoas nomeadas que parecem gafanhotos por saltarem de administração em administração, em sectores completamente distintos como se gerir uma utility fosse a mesma coisa que gerir uma software house.

      Cada coisa no seu lugar e o lugar das empresas é a iniciativa privada.

      • Cada coisa no seu lugar e o lugar das empresas é a iniciativa privada.

        Não há razão, fundamental, para uma empresa pública ser menos eficiente que uma privada. Obviamente que não pode haver é cargos de nomeação política numa empresa. O estado deveria limitar-se, como qualquer accionista, a delinear a estratégia a seguir e dar estabilidade à empresa (não se pode mudar a estratégia ao sabor das eleições).

        O problema é que a administração das empresas do estado normalmente tem como objectivo a privatização (neste caso, paradoxalmente desvalorizam a empresa!), ou dar trabalho a empresas de amigos, ou qualquer uma das fraudes a que assistimos todos os dias.

        Nota que a ineficiência de uma empresa é directamente proporcional ao seu tamanho. À medida que as empresas aumentam de tamanho a sua eficiência diminui.

        • Acácio Martins says:

          Concordo totalmente consigo, excepto numa unica coisa: quando afirma que (e cito) à medida que as empresas aumentam de tamanho a sua eficiência diminui (fim de citação). Não é totalmente verdade. Podem ser criados mecanismos internos para aumentar a eficiência da empresa. Seja ela publica ou privada. A ineficiência tem a haver com a cultura de trabalho que existe nas empresas publicas, quer por parte do gestor (que normalmente só lá está por causa da cor do cartão do partido), quer por parte de quem trabalha (que tudo exigem, muitas vezes com razão, mas não têm a noção da dimensão do que exigem). Basta ter um gestor mediano, que perceba do assunto ou pelo menos moste interesse, consultando (sem vergonha para tal) quem entende do serviço – o trabalhador. O gestor em Portugal é provavelmente o funcionário administrativo mais bem pago do mundo…tal é a quantidade de papelada de que se rodeia e tal é a “cagança” que o lugar lhe dá, isolando-o da realidade.

        • jorge fliscorno says:

          Tens toda a razão. No entanto, vivemos no mundo real.

      • Acácio Martins says:

        Não posso concordar com o que diz. O lugar das empresas é PREFERENCIALMENTE na iniciativa privada. Há sectores-chave na nossa industria que penso que deveriam manter-se debaixo da alçada do Estado, entre eles o sector energético. Quanto à iniciativa privada portuguesa, esta será uma boa ideia… se não for subsidiodependente, como aliás boa parte delas são. De facto a nossa iniciativa privada apenas apela à baixa de impostos, à retirada de direitos basicos dos trabalhadores, tais como férias e horas extraordinárias pagas. Não os ouço dizer “epá, deveremos ser mesmo independentes e tentar criar empresas SEM o Estado a financiar-nos, quer seja com subsidios, quer seja com grandes negócios ou negocios obscuros” ou ” porque não tentar adoptar uma cultura de empresa diferente, mais moderna” ou ainda “porque não inovar a nivel de estrutura empresarial, vendo como fazem as grandes empresas estrangeiras e adaptar à nossa realidade”. Nunca se ouvirá dizer: “este ano, graças ao vosso esforço de trabalhar n horas para o ‘banco de horas’ tivemos lucro. Em sinal de agradecimento, vamos dividir parte desse lucro com todos vocês”. Certamente assim conseguir-se-ia ter algum dinamismo…mas isto já sou eu a delirar.

        • jorge fliscorno says:

          A questão dos sectores-chave situa-se, quanto a mim, no campo dúbio. Por exemplo, a Galp. É fala corrente que pratica preços altos de mais mas, depois de análise, vemos que são os impostos que trazem esses preços. Vem isto a propósito da privatização da empresa. É que se olharmos para os preços praticados pela empresa quando era pública, vemos que estes eram proporcionalmente mais altos quando a empresa era pública (este assunto é detalhado aqui).

          Se do ponto de vista económico, nacionalizar a Galp foi positivo, o que é que se pode dizer do ponto de vista estratégico para o país? Aqui entra o tal campo dúbio e que daria pano para mangas. Coisa para outra ocasião.

          Não posso concordar mais quanto à subsídio-dependência do sector privado. É uma praga. Neste país ninguém arrisca sem ter o aval do papá-Estado. Mas atenção, de cada vez que ouvimos chavões como “é preciso mais apoio às empresas”, algo que tanto vem das empresas como dos governantes, está-se perante mais um apelo a essa subsídio-dependência. É um ciclo vicioso. Mais apoios-mais dependência-mais controlo político-mais fragilidade das empresas-mais necessidade de apoio-…

  2. Octavio Cardoso says:

    …nada de ficarmos admirados com tanta safadeza e ladroagem. No entanto e, sem querer apontar solução para este nefasto bando de que vive de vilanagem, recordo o que algumas vezes (muitas), vi acontecer em Moçambique onde trabalhei alguns anos e …era assim:
    …F.. era apanhado a roubar. O povinho, que sabe bem como a policia faz – prende e solta de seguida – resolvia o problema com um simples pneu enfiado pela cabeça do meliante. Deverá ser dito que o referido pneu era de seguida incendiado e que o “actor principal” estaria de mãos e pés amarrados.
    Foram cenas dantescas que eu vi mais de uma vez nas Provincias de Sofala e Zambézia. Nâo sou apologista de violencia de espécie alguma mas, que temos uma corja de abutres a pedir que lhes cortem as asas…isso temos e, que não se leve muito mais tempo a por ordem nesta nossa casa que levou oitocentos anos a ser erguida e está agora nas mãos de uma cambada de velhacos sem moral ou dignidade.

  3. Para não votar no BE basta uma: o Louçã ser a muleta da direita.

    • Acácio Martins says:

      Não posso crer nisso…contudo o poder cega…guardo para mim os meus pensamentos.

  4. joaquim silva santos says:

    …”algumas têm um CV OK, apesar de não ser algo tão galáctico que justifique tamanho salário…”

    o que me irrita solenemente é continuarmos a acreditar que o que interessa é mesmo ter um GANDA CV para justificar o tamanho do salário, aliás o tamanho em Portugal é mesmo o que interessa…eu sou um GANDA BLOGUER logo posso FAZER, assim, uns GANDAS POSTS

    • jorge fliscorno says:

      Exacto, exacto, lá interessa o currículo. Abaixo com as provas dadas para que se possa desempenhar uma determinada tarefa. Descriminação, é o que é.

      Alguma vez o CEO de uma grande empresa vai olhar para o CV de um director que contrate? Nunca! Venha daí a nomeação política.

  5. isso equivale a dizer que solução para um arranhão é amputar o braço. A corrupção é uma infecção e enquanto ela não for combatida a sério nada mudará, seja com um sector público, seja com parcerias com o privado. O maior foco infeccioso são mesmo os partidos! é obvio que acolhem e promovem a ascensão social através da política e não o contrário. Enquanto for assim nada mudará. Os partidos têm de acolher, estimular pessoas integras com carreiras de excelência profissionais e na sociedade, e não premiar o servilismo e o carreirismo partidário.

    • jorge fliscorno says:

      Vejo pontos correctos na sua análise. Mas depois lembro-me que vivemos no mundo real. Os partidos, por exemplo, precisam de mudança mas eles não estão nela interessados.

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