Cavaco Silva, o simples

Se os Presidentes da República vierem a ter cognome, penso que “Simples” se adaptará à figura de Cavaco e não configurará, propriamente, um elogio.

Na seu discurso de vitória, Cavaco Silva conseguiu proferir palavras que dividiram, numa noite que se desejava de união. Como se isso não bastasse, transformou uma eleição num simples substituto de um hipotético julgamento, porque, na sua opinião, ficaram ali resolvidas todas as dúvidas acerca das acções da SLN, entre outros assuntos. Foi esta mesma figura que, recentemente, interpretou de maneira simples a Constituição, ao retirar o direito de protestar a todos os que se abstiveram nas eleições.

De acordo com esta notícia, requereu que fosse instaurado um processo a Miguel Pinheiro, o director da Sábado, que, acerca do discurso de vitória de Cavaco, escreveu o seguinte: “Tal como Fátima Felgueiras e Isaltino Morais, Cavaco Silva acha que uma vitória eleitoral elimina todas as dúvidas sobre negócios que surgem nas campanhas”. É mais uma prova da falta de estatura de Cavaco, o mais simples dos Presidentes na História da Democracia Portuguesa.

Comments

  1. Rodrigo Costa says:

    … Estou em crer —se é que posso crer— que o Prof. Cavaco Silva, mais tarde ou mais cedo, quando chegar a aposentadoria, estando, portanto, o acordo ortográfico estabilizado, se perguntará qual o papel que desenpenhou, enquanto Presidente da República.

    Nessa altura, antes de precipitar-se na resposta, será interompido pela esposa que, impondo-lhe e adivinhando-lhe os pensamentos, as respostas e as perguntas, responderá: —o Presidente da República fui eu, não tenhas problemas de consciência!

    • António Fernando Nabais says:

      Nunca vi casal mais perfeito. Podia dizer que só se estragou uma casa, mas só se o país fosse uma casa.

  2. Rodrigo Costa says:

    “desempenhou” — eu sou contra o acordo ortográfico 🙂

  3. Manuel Guimarães says:

    …e agora anda na pedinchice. É patético o apelo aos emigrantes!
    estará com medo de que alguma das reformas vá para o tecto?
    Simples será cognome para alguns dias. Noutros será o Patético

  4. o Simples??

    … o Amnésico… que não se lembra nada das medidas que tomou enquanto PM, nomeadamente o abate cuidadoso de vastas sectores produtivos nomeadamente o… marítimo…

    Virem-se para o Mar… virem… afoguem-se nele…

  5. linka says:

    Considero isto A pérola em cima do bolo!!! (ou do tolo)

    Interrogado sobre o que quis dizer com a expressão “não há cura para aquele que não quer ser curado“, o nosso presidente, Cavaco, O Simples, disse:

    Eu espero que nós queiramos ser curados e que sejamos capazes de responder aos desafios que temos à nossa frente”, sublinhou o chefe de Estado, que falava aos jornalistas à entrada para um almoço no Conservatório Regional de Castelo Branco, inserido no programa de comemorações do 10 de Junho.

    Frisando que acredita que os portugueses querem curar a “doença” que neste momento os afecta, o Presidente da República explicou que essa “doença” é “o grande desafio de responder aos desafios que foram colocados pela comunidade internacional”.

    LINDO!!!!!

    • A ver se percebi: os portugueses estão doentes.

      Pensava eu que o doente era este regime de absoluta impunidade a causa dos nossos males…
      Estou sempre a aprender.

    • António Fernando Nabais says:

      Isto inspirou-me para mais um texto amanhã. Obrigado.

  6. Lawrence says:

    O Sr. Silva, por quem eu tinha muito respeito já que bem para uns mal para outros governou a meu ver de forma aceitável este país, mesmo considerando os milhões e milhões vindos da CEE malbaratados (não podemos culpar só a ele), deixou-me à beira de um ataque de nervos ao ser indelicado, imparcial, anti-constitucional e ditador ao (tentar) condicionar o direito à contestação aos que não votaram.
    Esse seu discurso, mais cimentou a minha intenção de não votar.
    Odeio ser empurrado!
    E se tiver que contestar, tenho a moral de não ter votado em nenhum dos que por lá andarão a governar em nome dos Portugueses o que à partida me dará razão por não o ter feito.
    Desejo ardentemente (para bem deste cantinho à beira-mar plantado) nada ter que apontar aos nossos novos governantes.
    O mesmo já não acontece com o Sr. Silva, com quem desperdicei um voto que julguei bem dado.

    • ibmartins says:

      desculpe Lawrence, não me leve a mal mas não resisto: com esse seu discernimento ainda bem que não foi votar.. ora deixe-me adivinhar… votava pela mudança ou na verdadeira esquerda?

  7. José Mendes says:

    Só uma pergunta a tão doutos comentadores, quais de vocês não gasta mais do que ganha? Quantos já não fizeram umas viagens com dinheiro do Banco, a pagar a “perder de vista”? Quantos não compraram “casinha” com dinheiro para um carro ou dois? Quantos não dizem que trabalham e o que tem é um emprego em que a sua produtividade é nula? Quantos sabem como funciona um entidade financeira? Todas as pessoas minimamente informadas sabiam que os juros do BPN (e já agora do BPP) não eram “possíveis” na altura? Porque o estado colocou dinheiro no BPN? Os analistas (???) financeiros da Segurança Social analisaram o risco do capital investido no BPN? Quais foram as razões para a nacionalização do BPN? Risco sistémico, é para rir, só comparável a fazer o aeroporto na OTA, quem conhece o local sabe que era uma burrice, quais os interesses da Nacionalização? Quantos clientes institucionais e particulares ganhou a CGD com o negócio da Nacionalização? Quem na realidade esteve interessado na Nacionalização, não foram os donos que o quiseram “dar” ao estado! Porque o estado se intromete em negócios privados? Eu sei de uns quantos que ganharam com o “negócio” da Nacionalização. Para os artistas que falam do que não sabem, eu já comprei acções de uma sociedade comercial mais baratas que o preço avaliado e revendias ao vendedor a um valor superior e posso-vos afirmar que fiz um empréstimo bancário para isso e arranjei outros amigos que fizeram o mesmo, o que levou a salvar cerca de 50 postos de trabalho e eu ganhei dinheiro, a sociedade comercial ganhou dinheiro e os trabalhadores não perderam os postos de trabalho, cometi algum crime querem ver!! Quantos de vocês assumiam tal risco, quando me coloquei na situação não tinha certeza de nada só acreditava nos gestores da sociedade e no projecto apresentado e se eles tem fugido com o meu dinheiro e dos meus amigos?? Numa outra acção com outro Banco que sofreu um golpe de estado e acções já dão para as pastilhas elásticas quanto mais para a bica, foi no tempo do Vara, onde aí existem verdadeiras reformas douradas e muitas falcatruas. E na CGD que emprestava dinheiro a uns pretensos ricaços para investir em outros bancos, o que chamam a isso e davam como garantia as próprias acções??!!! Isso não vós diz nada pois de finanças e mercado financeiro, népia? Desde quando um banco financia um concorrente sem ser directamente, mas através de terceiros ficando esse banco como garantia acções que podem desvalorizar, ou seja, se valorizarem o artista ganha dinheiro se desvalorizarem o banco do estado fica com o prejuízo e isso sim, é crime público com o dinheiro dos contribuintes, mas não vejo ninguém a denunciar. Uma pergunta simples, qual o valor das acções daquele senhor com um sotaque estranho (e que tratou mal o Rui Costa) no BCP, neste momento e quanto deve à CGD no negócio dessas acções? Para refletirem e colocarem o cérebro a trabalhar.
    PS – Para não falar naquela vergonha que passou pelo BdP e que como recompensa da sua incompetência foi para o BCE, depois queixamos-nos da Europa!!

    • Essa do quantos de vocês é um clássico: eu faço, porque todos fazem. Linda forma de estar na vida, digna de um jogador da Bolsa.
      Ao capitalismo financeiro no seu pior, sempre lhe respondo que nunca fiz. E sei como funcionam as “entidades financeiras”, as responsáveis por esta crise: especulam, lucrando sem produzir, esbanjam, porque alguém há-de pagar, única preocupação: o lucro imediato. Alguém lhe há-de pagar a crise.

    • Rodrigo Costa says:

      Peçp desculpa, mas, essa de jogar na bolsa para salvar postos de trabalho… tem a sua piada! Quando muito, o José Mendes poderá dizer que, como efeito colateral, terá salvo ou ajudado a salvar os postos de trabalho; porque, se a coisa tem corrido mal, os postos de trabalhgo poderiam ser os primeiros valores a serem sacrificados —não o estou a ver a colocar em risco o seu dinheiro por causa dos postos de trabalho.

      Como é meu costume, eu acho que cada qual deverá fazer o que entende, desde que esteja preparado para as consequências e, em alguns casos, respponder por elas.

      E, para ser objectivo, toda a rapaziada que apostou em negócios fraudulentos —eufemisticamente chamados negócios de risco— ficaria sem ver um tosto, por ter tido a consciência daquiilo em que se meteu; seriam ressarcidos os que depositaram o seu dinheiro e sem intiuto de quaisquer jogos.

      Pedir dinheiro emprestado ao banco, para jogar na bolsa, para ir de férias ou comprar um carro —que não seja para trabalho— não é bem a mesma coisa que pedir dinheiro para comprar uma casa, muito embora eu viva em casa arrendada e nunca tenha pedido dinheiro para ir de férias nem comprar carro. Mas, pedir dinheiro para jogar na bolsa… bem!…., e por que não pedir dinheiro para negociar, objectivamente, em droga, como negócio de risco, porque também é disso que grandes e considerados lícitos negócios se alimentam?

      É claro que o segredo está em não querer saber em que negoceia quem proporciona os lucros, porque o que interessa é o lucro. Porém, a questão é que, agora, mesmo quem mão jogou está a pagar o prejuizo causado pelos viciados.

      Os jogos de que vem falar não são ciência oculta, Caro José Mendes. Nenhum império é criado sem fazer vítimas, sem ter, nos alicerces, ossadas. Há, inclusive, quem não tenha tidoi necessidade de jogar na bolsa ou de fazer outo tipo de apostas de risco, porque se lomitou a comer a bunda a quem, tendo possibilidades, arriscava.

      Todos esses jogos que refere são jogos conhecidos, porque todos sabemos que o Instinto passa a vda à procura de argumentos para sobreviver e para sobreviver comodamente. Devo dizer-lhe, já agora, que qualquer asno pode enriquecer, porque isso não depende tanto da inteligência como depende do carácter, E acrescento, até, que a inteligência íntegra é o maior obstáculo ao enriquecimento —ao económico, porque não fal pobres com muito dinheiro—; todos os dias aparefcem desgraçados a quem é possível meter a “faca” ao peito; e o mundo está cheio de espertos
      que podem ser facilmente enrolados.

      Mas o melhor ainda está para vir: as vítimas dos offshores. Faz ideia de quanto espertos vão ser despojados?

      O facto de ter corrido riscos nop jogo em que se meteu não faz, seguramente, de si mais corajoso do que os que não arriscaram. E se é verdade que, para se ser aventureiro, é necessária alguma coragem, porém, em determinado contexto —e refiro-me à situação que o País está a viver—, a partida para a aventura é a consequência da falta de responsabilidade. Eram esses irresponsáveis que deveriam, nesta altura, responder e repor o dinheiro que gamaram, porque não há outro termo.

      Cavaco Silva, não sendo, propriamente, grande espingarda, intelectualmente falando, tem, até por defeito de profissão, o dever de saber naquilo em que se meteu. Ele sabe —porque tem que saber— que não há lucros fáceis, a não ser por herança ou por jogo. E, no jogo em que participou, o “casino” estava cheio de vítimas que desconheciam que as suas vidas estavam na “roleta”.

      Condenar o terrorismo, por quê? É necessário, antes, definir muito bem o que é terrorismo e quais as causas do terrorismo, porque o príncípio da violência está, muitas vezes, no terrorismo de gabinete, que pode, inclusive, chegar a ser de estado.

      Repito: querem jogar, joguem; querem drogar-se, droguem-se… mas façam-no no seio de grupos que estejam conscientes, e sem que as consequências façam vítimas para além das suas fronteiras —utopia, eu sei, porque vivemos todos no mesmo quintal; por misso é que é necessário algum comedimento. Não podemos é andar a roubar e chamarmos a polícia quando nos assaltam.

  8. Jaime Marques says:

    Tem a certeza que foi o Sr. Silva que processou a revista Sábado. Não terá sido o Sócrates. Estou à espera que caia o Carmo e a Trindade e que a direita saia às ruas em pranto e com as vestes rasgadas por tão grave atropelo à liberdade de expressão. Ou será que não?

  9. sniper says:

    É de chorar copiosamente… O sentido de Estado, o patriotismo, a alma lusa do verde rubro da Pátria amada, este sim é o exemplo do Presidente da República, que todos queríamos ver noutro País .
    Como dizia não sei quem “não se pode ter tudo na vida”.
    O problema é que não temos nada e andamos a levar com tudo.

  10. Simples é demasiado complexo.
    Cavaco Silva, o Simplório, isso sim.

  11. Rodrigo Costa says:

    Um amigo meu costumava dizer… “saúde e merda, porque Deus não nos pode dar tudo!…

Trackbacks

  1. […] Os serviços prestados por Cavaco à língua portuguesa são inestimáveis. De qualquer modo, já não é a primeira vez que tem problemas com a palavra “doença”, como nota muito bem Rui Unas, que deve estar quase a ser processado por ofensa. […]

  2. […] do que manifestações do Deus-Mercado em cujo altar oram as tristes gravatas que nos governam. É demasiado simples. Esta entrada foi publicada em Política nacional com as tags Cavaco Silva, lixo, moody's. […]

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