Paulo Chitas, detentor de uma carteira profissional de jornalista, processou Paulo Guinote, por causa deste texto, com a acusação de Difamação, Publicidade e Calúnia.
Paulo Chitas escreveu uma série de falsidades, incluindo a de que por obra e graça de Isabel Alçada os professores já não precisam de ter Muito Bom ou Excelente para progredirem na carreira (quando as quotas para a progressão se encontram em vigor, ou melhor, não se encontram porque as carreiras estão congeladas). Nada a que não estejamos habituados no “jornalismo” dos devotos de Maria de Lurdes Rodrigues.
Não tenho nada contra o princípio de que quem escreve em blogues está sujeito às leis em vigor, nem a minha solidariedade com Paulo Guinote tem algo de corporativo, por muito que os corporativos do PS assim o entendam. Aos jornalistas acresce a obrigação de cumprirem com o seu código deontológico e quanto este processo for julgado (se for) quero ver como vão reagir os organismos competentes. É que os números não enganam, e o Paulo Guinote tem mesmo razão.
De resto o assunto (aumento das despesas com pessoal no Ministério da Educação, nos primeiros 6 meses do ano passado), tratei-o no Aventar, comentando um texto do jornalista Pedro Romano, o primeiro a levantar a lebre. Pedro Romano veio aqui discutir os números (ambos estávamos errados, mais tarde percebeu-se que o governo tinha feito uma engenharia financeira com a segurança social). Descubra as diferenças…
ano após ano, governo após governo, tudo na educação gira à volta de questões ligadas aos professores: ele são os concursos para a colocação, ele é a carreira, ele é a avaliação. e toda a energia do ministèrio da educação se esgota nestes assuntos.
cansa, mas cansa mesmo estar continuamente a ver estes temas martelados na comunicação social, e sobre a verdadeira política de educação, nada.
bem sei que existem mais de duzentos mil professores em portugal, somando os reformados e os que estão “a dar aulas”, o que representa mais que 2% da população, o que é significativo.
mas caramba, quem dera a privatização resolvesse todos os problemas da educação, que o dos professores resolveria certamente, no sentido positivo, porque não consta que os professores reclamem junto do privado.
e assim as grandes preocupações do ministério seriam verdadeiramente viradas para a educação.
é isso mesmo, completamente de acordo. mas ao mesmo tempo a servidão feudal para resolver o problema da lavoura, a escravatura o da indústria, e a mocidade portuguesa para meter a juventude na linha, isso é que era.
não deve ter entendido o meu comentário.
como digo, no vemos os professores reclamar no privado, tudo deve correr bem, penso eu, as colocações, os vencimentos, a avaliação. não será assim?
da sua resposta, fico com a idéia que acha que privatização do ensino serviria para “condicionar” os professores. tem exemplos que seja assim? e não denuncia?
os professores do privado não reclamam por razões óbvias. são explorados, ilegalmente em horas extraordinárias que ninguém lhes paga, mas têm emprego. são assaltados na carreira (mal entrem nela sabem que o despedimento está ao virar da esquina), mas estão com a família todos os dias, não foram colocados a 400 km de distância.
os professores do privado até vão à missa e escondem o seu agnosticismo (conheci um recentemente assim).
sabe porque é que o privado funciona, sem reclamações? porque a ACT não existe, os tribunais de trabalho são uma anedota, etc. etc.
e sim, denunciei e discuti muito isso aqui. basta pesquisar dentro do aventar por ensino privado. tem muito com que se entreter.
pronto, já compreendi o seu ponto de vista.
não conheço o sector e não vou dizer que discordo ou concordo, mas anoto para minha informação pessoal enquanto cidadão e contribuinte.
o que espanta, mas espanta mesmo, é que perante esta realidade, se assim é, que descreve, as poderosas e altamente mobilizadoras organizações sindicais dos professoras pareçam tudo isso ignorar.
O Grande objectivo dos sindicatos não é o sector privado, é o público, por ser o espaço
onde não hã patrão; e por, em consequência, ser mais fácil mobilizar os trabalhadores.
Não ponho em causa a legitimidade das greves; ponho em causa é a coragem de muitos funcionários públicos que, se estivessem no privado, talvez lhes faltasse metade dessa coragem. E continuo a dizer que ainda não vi nenhuma manifestação dos funcionários públicos contra as admissões através dos concursos viciados, com as vagas preenchidas, antes de lançados os concursos. Há o acordo tácito; o silêncio cúmplice de uma “família” à parte.
Como se pôde ver, na TAP, por exemplo, bastou aumentar ao número de acompanhantes ou de viagens com acompanhantes e tudo o mais deixou de ser obstáculo.
Trabalhei, já, por conta de outrem, em empresas diversas e numa cooperativa, cuja experiência não repetiria nem recomendaria, e conheci alguns delegados sindicais… Tudo rapaziada à espera do seu naco.
A vida é assim; não vale a pena a máscara, porque, mais tarde ou maqis cedo, ela cai.
Nota: Os funcionários públicos —talvez não passando por grande momento— habitam uns andares acima daqueles em que a pressão se faz, de facto, sentir; tendo eu consciência, embora, que, não há muito, só lhe faltava a sarna, para se coçarem. Muitos dos departamentos eram espécie de aldeia, onde apenas faltavam os passarinhos; nem faltavam, sequer, vendedeiras de bordados e de peças em ouro ou em prata; e havia, até, estratégicos vendedores de relógios.
O caso dos professores reconheço que é complicado… mas não se pode ter tudo. Prazer e sustento garantido… não é fácil conciliação