Contas de sumir

Os amantes da troika fazem umas contas giras:

Este acordo foi sufragado a 5 de Junho por mais de 78 por cento dos votos, ou seja, pelas pessoas que votaram PSD, PS e CDS.

prega Helena Matos.

Vamos admitir que sim. Vamos esquecer que este resultado contou com uma campanha de mentiras promovida pela comunicação social durante meses, que chama ajuda a um empréstimo usurário, acusa de irresponsáveis os que defenderam a renegociação da dívida, etc. etc. Vamos fazer de conta que durante toda a campanha não houve um silêncio sepulcral dos 3 partidos sobre o conteúdo do acordo que aceitaram.

O que posso assegurar é que pouco mais de 65 000 desses eleitores* tiveram acesso ao memorando que supostamente sufragaram, em português. Nem sei se todos o leram. Essas são as estatísticas de acesso ao único sítio onde a tradução estava disponível.

A diferença entre maioria parlamentar e maioria social, explica-se aritmeticamente assim: quando os tais 78% lerem o memorando nos seus bolsos, no prato, na saúde, na educação, no desemprego, ao mesmo tempo que Portugal, tal como a Grécia, continuará bombardeado todas as semanas pelos mercados e pelos amigos franco-alemães, vamos ver como votam, com os pés, e nas ruas. E a seguir nas urnas, se os deixarem.

*acessos antes de 5 de junho. Número máximo, não tendo em conta quem acedeu várias vezes, até porque a tradução foi sendo actualizada.

Comments

  1. Jaime Marques says:

    Caro João, uma posta lúcida que desmitifica por completo a embriaguez inebriada de algumas almas lusas. Bom fim-de-semana.

  2. joão says:

    não foi bem a comunicação social que teve só culpa no cartório.
    sócrates dizia que a renegociação era o fim dos nossos dias e passos coelho dizia que o acordo era o caminho a seguir e a ir mais além—-

  3. Ah bom, tudo se vai resolver: Depois de 78% lerem o memorando nos bolsos, vão na 1ª oportunidade votar numa maioria de esquerda verdadeira, a da Bayer, isto é, PCP/BE, “se os deixarem”. Não vai, é claro, acontecer. Mas, se houvesse esta inovação mundial de comunistas chegarem ao poder por via eleitoral, a comunicação social mentirosa e os credores usurários acabavam: a imprensa seria livre como na livre Cuba ou Coreia do Norte; e a dívida externa ficava ao nível da da Albânia. A economia também. Eu vou jogar no Euromilhões: parece que há fortes probabilidades de ganhar.

    • Vou fazer-lhe o favor de considerar a sua ignorância como fruto da mesma comunicação social que não lhe explica que:
      a) Chipre existe
      b) <a href="Chipre é governado desde 2008 pelo Partido Comunista de Chipre
      c) governam porque foram democraticamente eleitos.

      Como mistura o BE com as Coreias do Norte deste mundo, não me dou ao trabalho de lhe dar mais exemplos.

    • Manuel Gonçalves says:

      É claro que há para aqui muita deixa para ser comentada. Não sei o que significa maioria de esquerda ser equivalente a Bayer e por sua vez a PCP/BE. Nem me vou preocupar a buscar o significado! A minha interpretação é diferente: estamos metidos num grande sarilho, completamente dominados pelos meios financeiros desde o mais baixo ao mais alto nível e servidos pelos fantoches ao seu serviço e acredito que alguns nem se aperberão do mal que estão praticando, porque as escolas onde aprenderam têm todas cartilhas semelhantes. Para além do mais vão aproveitando em benefício próprio enquanto lá se mantiverem e certamente e como é habitual já terão garantidas subvenções ou indemnizações à custa do pagode.

  4. este País merece que não lhe emprestem mais um chavo! Pode ser que assim se possa despedir a resma de funcionários púbicos que passam o dia a comentar e a postar.

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