Qual é o problema?

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Consta que o dono do Chelsea paga ao F. C. Porto os 15 milhões da rescisão do contrato com André Villas-Boas. Quem tem dinheiro tem vícios.

Não consta mais nada excepto a euforia dos adversários com uma eventualidade, aliás prevista e sabida desde sempre. Se André achar que 4 milhões, já, valem o que muito mais clubes lhe pagariam para o ano, problema dele. Com 15 milhões no bolso o Porto até pode ir buscar um treinador à concorrência nacional (e no caso do Sporting, até nem era mal pensado).

Os dragões são animais tranquilos, calmos, que cospem fogo na hora certa. Se Pinto da Costa ou Antero Henriques fossem para outro clube qualquer, ficava preocupado. Assim, quanto muito perde-se um jogo com o Barcelona. O resto é rotina, de quem não tem o mesmo dinheiro mas tem outro vício: o de ganhar.

Comments

  1. Rodrigo Costa says:

    … Eu acho, essencialmente, que a organização do Clube é que deve manter-se, ainda que lamente a saída —se se concretizar— do André Villas-Boas.

    De qualquer modo, acho que, a saír, fá-lo depois de fazer o mais difícil, ganhar o que e como ganhou e de arrumar, definitivamente, com todas as dúvidas, quanto à sua capacidade, mas esbarrando-se no que entendo como o cálculo mais fácil e o que lhe traria maiores dividendos: a incapacidade de resistir à tentação. E por quê?…

    O André tem apenas 33 anos… e um mundo à sua frente. O lógico seria fechar o ciclo com a próxima época, acontecesse o que acontecesse, sem a necessidade de repetir a que findou, mas de a realizar de acordo com as suas capacidades e a organização e o apoio que a organização do Clube disponibiliza. Mais interessante, ainda, era um golpe de marketing tremendo, recusar uma pipa de massa e ocupar a posição do gato.

    Dir-me-ão que qualquer um ficaria com a cabeça à roda. Eu digo: qualquer um que fosse pobre; que ganhasse mil ou dois mil euros por mês; alguém que necessitasse de trabalhar uma vida, para ganhar o que o André ganha num mês, e fazendo aquilo que mais gosta, onde —palavras suas— mais gosta… e, repito, com 33 anos…

    Percebe-se os ansios da juventude, e ninguém, aos 33, tem 50, por mais precoce que possa ser. Depois, dando de si tudo o que tinha e pôde, o André há-de ter a consciência que poucos clubes poderiam oferecer-lhe o que o Porto lhe ofereceu.

    Por último, o momento; quando toda a máquina está montada de acordo com o seu pensamento. Inoportuno. Imaturo. Essencialmente em função das suas confissões e da sua alusão à cadeira de sonho. Quem ama, não abandona o que ou quem ama no meio do vazio, deixando ao abandono; sem ter o cuidado de deixar o que ou quem se ama em conforto. Ou não se ama; pensa-se que se ama; enquanto que não chega o que, realmente, se descobre que se ama.

    Nota: O F C do Porto —e todos os outros clubes— têm sobrevivido às entradas e saídas de muita gente, mais ou menos importante. A seguir a Mourinho, pensou-se que o F C do Porto não voltaria a conhecer o apogeu; e, como se pôde ver, reencontrou-o.

  2. “Os dragões são animais tranquilos, calmos, que cospem fogo na hora certa.” hahahaah, essa foi boa! Conta mais, conta…

  3. Fernando says:

    Gosto do futebol enquanto desporto. Odeio o futebol enquanto antro de negociatas anárquicas, vigarices, corrupção etc. Seria bom saber “democraticamente” quanto e’ que o cofre publico recebe por esta e outras transações, que no futebol atingem verbas de milhões.
    Bem sei que estou a escrever em algo sagrado em Portugal. E’ como na Índia escrever ou falar mal da vaca.

    • Rodrigo Costa says:

      Compreendendo e aceitando como razoável a sua questão, digo, no entanto, que o Desporto não deve nada ao Estado, porque o desporto profissional existe, exactamente, para distrair as pessoas das corrupções do Estado; é por isso que as negociatas acontecem e ninguém, do Estado, pergunta como nem por quê; porque o desporto profissional presta um serviço, pelo qual recebe a liberdade de existir como coutada, onde, imagine-se, se pretende, inclusive, negar o acesso aos tribunais comuns.

      Se o Estado estivesse, de facto, interessado em fomentar o Desporto, não tinha acabado com ele nas escolas. E acabou, por quê?…. Para não concorrer com os clubes, com as “escolinhas”, nas quais, para serem inscritos, pais dos miúdos têm que se chegar á frente.

      Posto isto, são as pessoas que devem decidir o que querem e quais as expectativas que devem alimentar, relativamente ao Desporto. São as pessoas que devem reflectir, sobre se vale a pena andarem à pedrada, em constantes quezílias, ou se, simplesmente, devem limitar-se a ver um espectáculo de que gostam, com a intervenção do ou dos clubes de que gostam, mas não indo, sequer, muito para além da constatação do resultado.

      Aliás, repito o que já várias vezes tenho dito: há uma cambada de analfabetos a serem sustentados por gente que, pelo tratamento de que é ojecto, é formada e que não ganha, numa vida, o que essa gangada arrecada num ano, com assistência médica de topo e inigualável, enquanto muitos dos adeptos, mesmo agora, com problemas de saúde, estarão à espera de serem chamados.

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