Esta casa não é do Luis Nobre Guedes


Porque, se fosse, nunca seria demolida, ao contrário do que irá acontecer muito em breve. Uma casa construída com muito sacrifício por um lavrador, Florentino Duarte, que tem ali o seu único poiso e nos campos que cultiva o único sustento de 7 ou 8 pessoas. O mesmo Estado que o deixou construir a casa há mais de 30 anos; o mesmo Estado que, através dos fiscais do ICN, o incentivou a terminar e a ocupar a casa o mais cedo possível; o mesmo Estado que sempre lhe aceitou a contribuição autárquica rústica e urbana e todos os impostos relacionados com a casa; o mesmo Estado que recusou 2 vezes a sua legalização é o mesmo que agora quer fazer justiça sem olhar às circunstâncias.
Mesmo ali ao lado, naquela mesma aldeia da Piedade, concelho de Azeitão, Parque Natural da Arrábida, foi legalizada em 2004 uma outra casa ilegal, pertencente a Luis Nobre Guedes, advogado e político do CDS. Uma casa que só começou a ser construída em 2002, já depois da casa de Florentino Duarte ter sido ameaçada de demolição pela primeira vez, e cuja Licença de Habitabilidade demorou apenas 23 dias. Por uma coincidência incrível, Luis Nobre Guedes era então o Ministro do Ambiente, facto que, como é óbvio, nada teve a ver com a supersónica legalização da sua casa. Nem pensar, é tudo gente tão séria!
Parafraseando o lavrador Florentino Duarte, não se entende como é que por todo o Parque Natural de Arrábida foram legalizadas casas de fim-de-semana com mais de 200 m2, com piscinas em vez de hortas e «courts» de ténis em vez de capoeiras. E muitas delas sem o Parecer prévio do Parque Natural. E tudo isto enquanto as cimenteiras, agora com co-incineração, continuam a destruir a Arrábida.
Disse que não se entende, mas claro que se entende. E muito bem. Afinal, estamos em Portugal. E afinal, não é verdade que a sumptuosa casa de Florentino Duarte destrói e polui muito mais do que a singela e humilde Cimenteira do Outão?

Comments

  1. Artur says:

    Seja a casa de um Zé Borrabotas ou seja a de um Exm.º Sr. Todo-inchado, a lei é para cumprir. Quem é honesto tem que comprar um terreno, pagar umas licenças e umas quantas taxas. Não é justo para os honestos (E É ILEGAL), que uns chicos espertos se ponham a construir onde lhes apetece, sejam estes ricos ou sejam pobres. Não desculpemos as asneiras dos pobres com as asneiras dos ricos. Para mim iam todas as casas abaixo na Arrábida. As pessoas certamente sabiam o risco que corriam quando começaram as contruções.

    • O Outro Artur says:

      Este comentário é, na minha prespectiva, bastante incorreto. Logo porque as Possibilidades dos Ricos, não é a mesma da Possibilidade dos Pobres. Por outro lado, a casa não é própriamente um contentor que ali descarregaram dum momento pró outro. Foi sendo construida e o Parque Natural da Arrábida certamente foi vendo a construção. Se foram permitindo pelo menos e no minimo foram CONIVENTES. Agora já não se pode fazer um aborto habitacional.

      • Artur says:

        Sendo pobre ou sendo rico, e tendo havido ou não conivência das autoridades, o certo é que o património “de todos” foi profanado. O que fazer agora? Dar-lhe uma casa em troca da casa construida ilegalmente? Ou permitir a exceção, sabendo que isso pode servir de argumento para se requererem outras exceções futuras? Sim, porque se o outro pode, porque é que eu não posso?

        • O Outro Artur says:

          Há quantos anos, Longos, muito Longos são os anos em que TODO OPARQUE, foi como diz Profanado. Quantas são as casas no Parque natural da Arrábida? Quantas. Quantas são as Pedreiras? Quantas? e a cimenteira.
          O Falso puritanismos leva-nios a excessos. Ou Há moral ou comem todos. E Como Não comem Todos, ao menos haja moral

  2. Pornografia, pura e dura…

  3. Apenas concordo com uma parte, o Parque Natural da Arrábida acompanhou a construção da casa e nada fez, o Estado até arrecadou impostos. Desconheço obviamente se algumas poderiam ser legalizadas, quais devem ser demolidas, se estão todas na mesma situação ou existem razões técnicas. Para mim a Arrábida não deveria ter as cimenteiras. Recordo há uns anos, existiu em Portugal um tempo chamado PREC, onde toda a gente fazia o que queria, ou quase, porque nesses tempos, alguns lembraram-se de construir clandestinamente encostados à rede do aeroporto da Portela, que um belo dia chegou a sua vedação mais à frente e acabou-se ali a brincadeira, mas as casas tinham ainda apenas meia dúzia de tijolos colocados…

  4. Todo o mundo sabe,mas não o querem admitir, que a lei em Portugal não é igual pata todos, pois a mesma lei dos Parques Naturais deixam de pé as construções dos políticos e dos poderosos, e jogam abaixo as casas dos mais pobres.
    Neste momento no Parque Natural da Ria Formosa,mais propriamente na Fuzeta, estão a construir prédios de 4 pisos a menos de 20 metros da agua do Preia mar,ou seja onde dantes eram horta,s estão agora a construir prédios,depois de abaterem mais de 200 oliveiras.
    Também a lei dos Parque Naturais diz que não pode haver esgotos direcotos para as aguas protegidas da Ria Formosa e a CMOlhão descarrega esgotos Tóxicos sem tratamento,para dentro da Doca de pesca de Olhão onde a agua serve para a descarga do peixe. no Local de embarque para as ilhas da Culatra Armona e Farol existe um esgoto que há mais de 20 anos envenena a Ria Formosa dia após dia mas aqui ninguém faz cumprir a dita lei.e todo o mundo vê todo o mundo sabe.
    Pergunto eu mas afinal de contas se a lei existe,porque não é aplicada em todos os casos?
    Espero que a casa desse agricultor não vá abaixo pois ele paga os mesmos impostos que Luis Nobre Guedes,e o tratamento deve ser igual.

  5. ..Terminou ontem o prazo concedido pelo Tribunal de Setubal para Florentino Duarte demolir voluntariamente a casa de que e proprietario na Aldeia da Piedade no concelho de Setubal em pleno Parque Natural da Arrabida PNA . Os bandidos tinham invadido uma casa da rua por volta das 7h e fizeram os moradores refens.

  6. António Manuel says:

    Quanto a esta questão permito-me deixar aqui a minha opinião, como cidadão e português que sou. O Sr. Florentino Duarte foi, segundo eu entendi, construindo uma casinha para se abrigar com a sua familia. Talvez não tenha sido a coisa mais legal da vida mas, a verdade é que, este senhor não colocou uma casda pré fabricada, num par de horas…? então alguém terá que ser responsável por não ter feito uma intervenção antes que este homem ali investisse o seu dinheiro. Ora, se isso não aconteceu e, segundo parece, até aceitaram receber contribuições referentes a esse imóvel, só vejo aqui uma alternativa, que é a seguinte: As autoridades que querem proceder à demolição têm a obrigação de contactar com o senhor Florentino fazendo saber que aquela casa tem que ser demolida mas, antes disso, o Estado Português construirá uma casa igual em lugar a combinar e em seguida procedem à demolição. Quanto às outras situações existentes na Arrábida, não vale a pena comentar. Acrescento apenas que a minha esperança, referente a esta situação reside na confiança que deposito no novo Governo de Portugal, que eu ajudei a eleger, por me parecer ser constituído por gente muito boa e, sobretudo muito capaz.

    • Artur says:

      Então qualquer cidadão desenrascado que for apanhado em falta após vários anos sem que o Estado tenha detetado a ilegalidade, deveria ter o direito a compensação se tiver prejuizo com a reposição da legalidade? Porque a culpa não foi dele, foi das autoridades que não fizeram nada. A maioria dos portugueses empenhou-se 30 ou mais anos para terem uma casa. Este Sr. apropriou-se de um terreno, devassou uma zona protegida, provavelmente não pagou qualquer imposto, e deveria ter uma casa noutro local paga pelo Estado (contribuintes)?
      Enquanto tiverem esta mentalidade, não vamos longe. .

  7. Maria says:

    É muito triste constatar a falta de sensibilidade e humanismo deste “Sr” Artur!!!!! E é por existir gente como ele, que a sociedade portuguesa está neste momento destituída de valores.
    E agora faço uma pergunta ao “Sr” Artur – Se fosse o “Sr” a decidir o destino do Sr.Florentino e da família, para onde os mandaria? Para engrossarem a fila dos sem abrigo deste país? O “Sr” por acaso sabe o que significa – dignidade ? Sabe por acaso o que sente uma família sem um tecto para se abrigar? Sabe por acaso que, numa verdadeira democracia, todos têm o direito á habitação, saúde e educação? Enquanto não mudarmos esta mentalidade egoísta que hoje prolifera neste pobre país, não será com mudança de governos que seremos prósperos. Pense nisso “Sr” Artur. Porque o que hoje acontece ao nosso vizinho amanhã pode acontecer-nos a nós também. E não temos o direito de julgar ninguém!!!!!!

    • Artur says:

      Não temos o direito de julgar ninguém?!? Então quem é que têm?
      Aquela familia já deve ter sido notificada à muitos anos para abandonar o local. Para onde é que vão morar? São eles que têm que se desenrascar, como qualquer outra familia portuguesa que não herdou fortunas ou terrenos. Ou seja quase todos nós. Uns emigraram durante décadas, vivendo longe dos filhos para comprarem uma casinha; outros chegam ao fim do mês tesos após pagarem a prestação da casa. O que é que a familia que mencionou tem de especial para merecer um tratamento distinto? Ninguém está livre de desgraças e azares. É nestes momentos que se põem à provas os valores que se referiu.Ou ocupar um terreno do Estado, violando a lei, está de acordo com os seus valores? Com os meus não está de certeza.
      Desconfiei sempre das almas caridosas e defensoras de tudo quanto aparece sobre o manto da vitimização. Geralmente debaixo dessa caridade, humanismo ou sensibilidade, espreitam muitos outros sentimentos não tão puros e desprendidos. O egoismo é uma coisa natural, embora faça tudo para o esconder debaixo das saias da virtude.

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