Algumas contas por fazer, sobre o imposto extraordinário

-A prudência aconselharia a esperar duas semanas para perceber os contornos do imposto extraordinário anunciado hoje pelo 1º ministro hoje no Parlamento. No entanto, já que o Jorge em post anterior pega no tema, eu aproveito para acrescentar algumas questões técnicas.

-O IRS é um imposto anual, pelo que aumentar o valor da retenção na fonte num determinado mês, teria um efeito diluído no final do ano, quando se apuram a totalidade das contas. Criar outro imposto que não o IRS, fará pressupor que este não sofrerá alterações. Passemos à frente das pessoas que auferem baixos rendimentos e se encontram isentas, certamente que não será muito penalizador para alguém que tenha um salário de 500 Euros, pagar 7,50 Euros, aos que ganham 485 Euros a medida não será aplicável. Mas peguemos no exemplo de alguém que aufere 1000 Euros, já se encontra sujeito a IRS, que será retido na fonte, como em qualquer outro mês, mais segurança social, sofrendo ainda um corte de 257,50 Euros, irá receber cerca de metade do salário em termos práticos.

-À partida teremos assim grande parte da população a receber apenas um valor líquido aproximado ao SMN como subsídio de Natal. É fazerem contas. Mas aguardo pela apresentação da medida em concreto, para perceber se estarei enganado, temo que não.

-Devo no entanto acrescentar com o princípio de flat tax a partir de determinado rendimento, em sede de IRS, mas nunca 50% e sem dupla tributação, ao invés do que parece ser o caso.

Comments

  1. Deste Lado says:

    O Subsidio de Natal faz parte Integrante do Rendimento de quem Trabalha.
    Se o Roubam são Ladrões. Além do mais estão a roubar os Brinquedos dos Putos.

  2. José Cunha says:

    Desculpem lá, mas cobrar um imposto extraordinário a rendimentos de 500 € mensais dá-nos bem a ideia daquilo que nos espera já aqui ao virar da esquina e a imagem da m… do país que somos!

    • Se bem percebeu, quem ganha 485 Euros, paga 0. Quem ganha 500, paga 7,50 Euros e não 250 Euros, como já li por aí algures….

      • José Cunha says:

        Pois, pois…melhor seria que todos os portugueses ganhassem 485€, ver-se-iam livres deste maldito imposto.

        • Não estou a fazer juízos de valor, que guardo para o momento em que for apresentada a justificação técnica para o imposto extraordinário. Apenas realcei que a verba retida não será apenas 50%, mas superior, pelas restantes contas que têm de ser feitas, uma vez que este imposto não eliminará os restantes.

  3. és contra, claro… tens obrigatoriamente de ser contra tal imposto.

    • Sou obviamente contra os impostos, este e outros. Aguardo pela fundamentação para poder rebater argumentos, até lá, limito-me às contas…

  4. Pedro Pires says:

    A quem vai pesar mais, este roubo?
    Àqueles a quem tem sido tirado tudo. Direitos laborais, direito à assistência médica, direito à dignidade – que é indigno trabalhar, criar riqueza para alguém e ficar, depois de todo o roubo, com uma parte que não é suficiente para honrar as normais responsabilidades de uma casa de família (sim, não são só os agregados dos milionários que se chamam família)
    Este novo imposto incide, ao que se sabe, sobre os rendimentos do trabalho e reformas (?). Não outros.
    E sabemos bem que quem vive dos rendimentos do trabalho é que tem a massa que está em falta nos cofres do Estado.
    Os prémios pagos aos quadros, que constituem, também, remuneração do trabalho, vão ser tributados? É que eles representam uma elevada parte dos rendimentos desses trabalhadores que os auferem. Rendimentos em espécie, como BMW, Mercedes, VISA, casa, férias, vão ser tributados?
    Pois é. Os que já ganham menos, vêem ser roubado, metade do subsídio de Natal (além do costume). Os que têm outros rendimentos, vêem ir essa parcela, mas ela é uma parte muito menor do seu rendimento global e infinitamente maior daquele que é o rendimento disponível após o mínimo de sobrevivência.
    Tudo como sempre. Tudo como se esperava.

    Viva a sociedade por castas. A dos direitos e a dos deveres.
    Viva a caridadezinha. Ai, eles são tão pobrezinhos, coitadinhos, mas nós damos-lhes umas roupinhas velhas e mais umas sobrazinhas que para lá temos e íamos deitar fora.

    Gente séria e boa, estes senhores

    • Em princípio, e ainda sem conhecer o teor do imposto, os prémios serão tributados, pois também contam para efeito de IRS. As mordomias em princípio não o serão, mas temos que aguardar 2 semanas, para podermos falar com certezas…

      • Pedro M says:

        Daqui a duas semanas, arranja-se nova contribuição que colmate o valor em falta para a transferência e se calhar até uma descida da TSU ainda maior, como é advogado por tantos comedores de mexilhões.

  5. Lá voltamos à mesma história: muitos que votaram na “maioria” já começam a dizer que se sentem arrependidos; outros arrependidos porque não votaram e deviam ter votado no partido que os desiludiu; eu, embora contra os meus princípios de cidadão participativo na vida social e coletiva não defenda o que vou dizer, acho que nestes tempos de miserabilismo político/económico em que vivemos, isto é, a subserviência da política ao capital, não me arrependo do meu voto de excepção: ……(o voto é secreto). Mas gostava que não houvesse votos suficientes para eleger um só deputado. Depois, novas eleições e aí sim, nem uma só abstenção, porque o País como a Empresa ou o Lar tem que ser administrado. Ah, como eu gostava de ver as bocas em ÓÓÓ??? dos candidatos! Creio que 50% deles não se recandidatariam: os sem carácter, sem rosto, sem alma.

    • Muito bem, apoiado! Também votei em excepção, e foi o que fiz melhor…

    • Para mim já seria suficiente que os votos brancos, logo validamente expressos, vamos esquecer nulos e abstencionistas, se fossem em número suficiente para eleger 1 deputado em determinado círculo, provocassem um lugar vago na A.R. Iria ver quem obteria o maior crescimento eleitoral, a abstenção diminuiria, os votos brancos aumentariam exponencialmente…

  6. Pedro M says:

    Ir buscar ao subsídio de Natal dos trabalhadores para ir dar aos patrões uma redução de TSU.

    Não é um roubo, é uma transferência.

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