Mas teve uma boa nota, o António José Seguro?
Não me lembro mas eu nunca lhe daria uma má nota porque é uma pessoa simpatiquíssima, cordial, perfeitamente capaz de perceber de que é que eu estava a falar, e estava-se a preparar, a ganhar conhecimentos…
Na entrevista que Manuel Villaverde Cabral deu ao I os disparates ocorrem linha sim, linha não, numa manifestação exemplar de que por vezes a idade não perdoa. Mas gosto em particular desta visão do ensino, da avaliação, dos alunos. Um primor.
“Simpaticíssimo” diria eu. A repetição da asneira, acabou por provocar a aceitação da forma “simpatiquíssimo”, o que não deixa de ser interessante quando se fala de ensino, de avaliação, de alunos. Um primor, de facto!
Coitado do Villaverde! Podia juntar-se ao José Hermano Saraiva e ao Malaca Casteleiro e começavam a trabalhar num livrito sobre a história da análise sociológica do português nas classes ditas eruditas.
Perdi tempo (exactamente, …perdi!) a ler a entrevista dessa coisa que diz que era da extrema-esquerda italiana (lol) quando isso era giro e que agora é muito liberal, e não percebi como este mero funcionário tem direito a ser entrevistado com direito a foto moderninha, há assim tanta falta de gente importante para entrevistar?
Já agora, este senhor tão liberal, fala do alto do seu tachinho no Estado com reforma de 100% à vista, e é tão liberal que também soube fazer os arranjinhos para a sua filha designer medíocre conseguir uns trabalhinhos…para o Estado.
Uma pena que, embora eu e o Tózé (seguro) tenhamos coincidido no ISCTE, ainda que não no mesmo curso… va de retro… o Villaverde Cabral nunca tenha sido meu professor (tanto quanto me lembro nem uma aulinha me deu), porque se há gaja simpaticissima, sou eu. Tinha tirado uma nota muito alta, obviamente. O mundo é um lugar injusto e é triste ver tipos que (não) foram nossos professores, e de quem respeitamos os trabalhos e os contributos para a consolidação da sociologia (e das ciências sociais em geral) estarem a ficar senis. Eu, professora universitária, me confesso… tenho alunos simpaticissimos, de quem gosto imenso como pessoas, quer dizer, fora das salas de aula e nunca, nem por uma vez, lhes atribuí uma nota à simpatia.
O Ruy Duarte de Carvalho, para quem não sabe o grande antropólogo angolano, tem uma frase lapidar mais ou menos assim: um filho da puta aos vinte por maioria de razão será um filho da puta aos setenta.