Tripas à moda do Porto?

Do alto dos meus 48 anos de portuense, posso assegurar que nunca esta cidade teve um Presidente da Câmara tão medíocre. As qualidades que os meus concidadãos lhe reconhecem são para mim um mistério. Sempre o vi como uma figura provinciana, poupadinho, sem obra ou visão de futuro para a cidade. Com uma mentalidade tacanha, privilegiando os seus ódios sobre os interesses do colectivo, é um personagem tão desprezível que quase nunca me apetece escrever sobre este Salazar de pacotilha. Lembro o episódio pífio do fogo de artifício que não rebentou, o virar de costas ao maior clube da cidade, passando pela completa ignorância dos movimentos culturais e artísticos que se geraram na cidade sempre à sua revelia. Agora mostra uma vez mais a menoridade da sua dimensão com o triste episódio das tripas. Incapaz de se articular com quem não segue cegamente a sua cartilha, este homúnculo, dá o dito por não dito e não apoia as tripas como candidato às 7 maravilhas gastronómicas de Portugal. Episódio insignificante e um concurso um bocado ridículo, é certo. Mas como autarca da segunda cidade do país cumprir-lhe-ia apoiar o nosso prato mais antigo e tradicional. Mesmo a contragosto, que há muitos tripeiros que não gostam de tripas. Mas, uma vez mais provando a sua menoridade e incapacidade de estabelecer pontes ou consensos, gasta dinheiros públicos para verberar contra o seu rival Menezes. Como cidadão que paga os seus impostos municipais custa-me sobremaneira que o meu dinheiro seja gasto  para alimentar egos desproporcionalmente inflados ou rivalidades provincianas.

Fernando Lopes

Comments

  1. Aqui no Brasil isso ai é fichinha…
    http://pernadepautupa.wordpress.com

  2. Konigvs says:

    Eu não me considero portuense apesar de ter nascido na maternidade de Massarelos e viver no grande Porto. Mas o Porto é logicamente a minha cidade.
    Ele há coisas muito interessantes de analisar. Desde logo a corrente de opinião inflamada pela guerra do futebol de que “no norte é que se trabalha” e lá para baixo – os os mouros – vivem à custa do nosso dinheiro. Faz-se um referendo e curiosamente no norte foi onde mais as pessoas se manifestaram contra.
    Depois outra coisa curiosa é ver que Pinto da Costa figura idolatrada pelas gentes do futebol não consegue fazer mossa com as suas violentas críticas, e Rui Rio continua a vencer eleições tranquilamente.
    Que Rui Rio separe a política do futebol acho muito bem, o que não falta por aí é verdadeira corrupção entre câmaras/construção civil/clubes de futebol. Já que faça de conta e ignore o prestígio que o maior clube tem dado à cidade já acho ridículo.
    Como acho ridículo, como disse o bloggerconvidado, que se ponha de costas voltadas para a cultura, e as únicas coisas em que aposta é nas corridas da Boavista e no Air Race.
    Mas como eu costumo dizer, cada um tem o que merece, as pessoas continuam a votar nele é porque estão satisfeitas. Eu tenho um presidente, ex laranja que ainda é bem pior porque além de incompetente é corrupto – e esta acusação não gratuita pois já foi condenado em tribunal, mas apesar disso manteve o mandato na câmara.
    Ao menos agora ao fim de três mandatos consecutivos as moscas têm mesmo de mudar.

  3. Fernando Lopes says:

    Konigvs,

    Para os munícipes do Porto parece ser suficiente um edil honesto. Parece-me pouco. As artes performativas de RR cingem-se ao teatro de La Féria, na pintura o boom das galerias em Miguel Bombarda e no Rosário foi criado pelos artistas e galeristas, a movida portuense foi também de geração (mais ao menos) espontânea.
    Ambicionava que a minha cidade se transformasse num pólo cultural, artístico e porque não boémio. Sonho com uma requalificação urbana levada a sério. RR não tem projecto, apenas a preocupação com as contas. Para a segunda cidade do país é uma visão provinciana e (muito) limitada.

  4. Konigvs says:

    Fernando Lopes, (peço desculpa não vi que o texto estava assinado em baixo)

    Bom, ter um presidente de câmara honesto já não é nada mau, acho que não há muitas pessoas que se possam gabar disso!! Entre ter um incompetente e um gatuno ainda assim eu acho que preferia o primeiro!!
    E fazendo de advogado do diabo, também dou a mão à palmatória que as contas são realmente importantes, mas tendo alguma visão pode-se realmente fazer melhor.
    Sim, muita coisa podia e devia ser feita. O Porto à noite é um deserto, tirando os bares de Cedofeita e da Ribeira alimentados pelos estudantes. Se atravessarmos a cidade à noite, o que se vê são prostitutas e ruas mal iluminadas e todo aquele vazio de pessoas faz com se sinta muita insegurança. Encerram as lojas de Santa Catarina e rapidamente, aquela rua que fervilha de gente de dia, torna-se num vazio completo. Santa Catarina, Fernão Magalhães e o Heroísmo que morreram completamente. Sinais dos tempos, o Porto continua a perder população, e as pessoas deslocam-se para a periferia.
    Mas nem tudo é mau, a cidade é muito bonita, tem muitos pedaços da história, museus e recantos para serem descobertos, e os turistas parece que continuam a crescer.

  5. Miguel Dias says:

    Uma das poucas razões que me levaram a votar PSD nas últimas Legislativas, foi a de evitar que a curto prazo o Dr.Rio chegasse a PM. Se aguentar as suas vistas curtas, aqui na Invicta, já foi um suplício, imagino o que seria se chegasse ao poder a nível nacional. E esteve bem perto disso…
    Por ter afrontado o F.C.Porto no início do seu mandato, conseguiu granjear o seu prestígio nacional. Por uma estranha esquizofrenia dos eleitores da minha cidade, conseguiu renovar e dilatar democraticamente as suas maiorias. Os portuenses votaram como as classes bem pensantes e elitistas – confortavelmente acomodadas nas televisões e nos jornais da nossa capital – gostariam que eles votassem. E isso não é um bom sinal.
    Reconheço-lhe alguns méritos como uma certa limpeza na corrupção que grassava em vários organismos municipais e a desparasitação de alguns feudos/agentes culturais que sobreviviam à custa da subvenção municipal.
    Embora lhe atribua um elevado grau de seriedade enquanto político, sei que esta cidade precisava de um político bem maior do que ele: mais agitado, mais reivindicativo, mais cosmopolita e mais tripeiro (e, infelizmente, não gosto de tripas!).

  6. Só uma correcção: o fogo-de-artifício que não rebentou data do tempo do presidente Nuno Cardoso, o tal que deixou a cidade completamente esventrada e num caos total. Quanto ao resto, umas coisas concordo e outras não.

  7. Agradeço a todos os que comentaram este humilde post. Mas um sinal alarmante do estado a
    que chegou a democracia é que consideramos a honestidade uma qualidade, quando devia ser a regra e o ADN de todos os nossos governantes. As nossas expectativas são tão baixas que já consideramos o que deveria ser a regra como a excepção.

    Abraço,
    FL

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