Programa de Emergência Social: vamos brincar à caridadezinha

Programa de Emergência Social (PES) agora apresentado ultrapassa as piores expectativas, e muito por baixo. A lógica é um clásssico: esmolar aos pobrezinhos. Os pobrezinhos, tão engraçados, não tendo pão podem comer merda proveniente das cozinhas das instituições do costume (que não tem dinheiro não tem vícios, e a ASAE é um vício).

Os pobrezinhos, tão engraçados, receberão em média 11 euros mensais de esmola. Uma fartura.

Quem recebe RSI passa a trabalhar (tramando o mercado de emprego, mas ninguém repara nisso, e há que meter os malandros a render).

A lógica disto tudo é muito simples: para baixar os custos de produção aumenta-se o desemprego, logo corta-se nos salários (em breve concorreremos com o mercado asiático).  É claro que não é por aí que se aumenta a competitividade económica do país, mas sempre crescem os lucros. Por sua vez os que vêem os seus lucros aumentados dedicam-se à caridadezinha. Como conta o Nuno Ramos de Almeida

No grupo Jerónimo Martins detectou-se um número elevado de roubos de funcionários nos supermercados. Perceberam que essa gente o faz porque tem fome e resolveram fazer um plano social para ajudar na alimentação de 1100 trabalhadores. Fantástico! Posso dizer uma coisa? Porque raio não lhes pagam salários decentes? Se o fizessem, essas pessoas não precisavam de roubar.

A pergunta faz sentido. Mas o sentido desta gente é outro: aproveitemos a crise, os pobrezinhos que se lixem, e deixem-nos brincar à caridadezinha. Um verdadeiro dois em um: é que assim os ricos garantem um lugar no céu. Ámen.

Comments

  1. Voltámos à caridadezinha das “senhoras” do tristemente célebre Movimento Nacional Feminino!!! :(((

  2. É um bom exemplo do que separa uma pessoa de esquerda de uma pessoa de direita: a de esquerda pensa em solidariedade, a de direita em caridade.

  3. Pisca says:

    Como dizia a outra menina:

    – Somos tão ricos que o meu pai até me arranjou um pobrezinho para eu dar esmola todos os domingos !

  4. Pobrezinho says:

    O que nos vale são os Josés Joões Cardosos, bem instalados na Função Pública, lutarem por nós em todas as frentes, no céu, perdão… no ar, na terra, no mar e nos blogs. Muito obrigado a todos os JJC, almas puras e desinteressadas neste mundo tão injusto e malévolo.
    ass) Pobrezinho

  5. Triste mesmo, eu não encontro tanta separação entre caridade e solidariedade. Parece-me que a primeira é para quem a pratica naturalmente e a segunda é quase sempre para quem a reclama e exige.

    • Khe Sanh says:

      Quem dá esmola humilha, quem a recebe é humilhado. A caridade nunca resolveu os problemas dos mais carenciados, adia-os, mas não os resolve. Só com justiça social se resolvem os problemas sociais.

      • IsabelPS says:

        “Quem dá esmola humilha, quem a recebe é humilhado.”

        Presumo que fala com conhecimento de causa. Só por curiosidade, de que lado?

        Pergunto porque, assim à partida, se eu estivesse em vias de me deitar sem jantar acho que preferia adiar essa situação. Mas deve ser inconsciência minha.

  6. às direitas says:

    Muito bem, João Paulo.

    Solidariedade é caridade de…balcão. Há que pôr as coisas como elas são, e…não como o nosso desejo…que se confunde com direito.

  7. Far Todema Landros says:

    Conversa estéril e imobilista demonstrativa da incapacidade para compreender e aceitar uma realidade: Mais vale receber 11 euros mensais ditos ” de esmola” do que ter de pagar 11 para sustentar governos de ladrões, corruptos e incapazes que até aos pobres roubavam.
    Aliás a introdução da frase, com frustradas intenções humorísticas de ” Os pobrezinhos, tão engraçados…” revela bem a visão pequeno-burguesa, dum pseudo gracioso que deve estar bem instalado em qualquer função pública onde pouco mais deve fazer do que escrever tristes e desinteligentes frases como essa para gáudio dos companheiros da máquina de café, militantes do batalhão de parasitas de qualquer repartição onde ninguém trabalha mas onde todos recebem.
    Então a estafada e cansativa discussão existencial entre caridade e shulidariedade é arqueologia social com que nem os sacerdotes druidas se preocupavam.
    Resumindo: Típica conversa de bar da moda, ultrapassada e sem nexo, ao gosto dos pseudo intelectuaisas escardanhetas.

    • Manel says:

      Foda-se não te lembravas de mais palavras aleatórias para meter aí no meio?

  8. Fernando says:

    E’ muito dificil um portugues fazer algo em Portugal.

  9. Também Pobrezinho says:

    Ainda devia ser pior, nem sequer haver Programa de Emergência Social. Podia ser que rebentasse isto tudo de vez e aprendessem.
    Afinal os “pobrezinhos” votaram em quem?
    Pelas minhas contas não há assim tantos ricos que dessem a maioria ao PSD-CDS (e PS, que é o mesmo).

  10. Sofia says:

    O que me espanta é k o português é sempre preso por ter cão ou por não ter. Por amor de Deus ….. caridade não resolve o problema do país mas resolve o problema de um cidadão anónimo. Mal de quem faz e de quem pensa k quando se é caridoso é para humilhar. Depois queixam-se k não ha valores….. Criticam quem os tem!!! Enquanto eu tiver para comer e para dar a quem precisa …… digo.vos uma coisa ….. Se isso é humilhar ….então eu ADORO humilhar. E deito.me mt melhor sabendo k com a minha “humilhação” aquela familia foi para a cama sem fome!! Podem.me criticar à vontade. Mas o k me interessa é o k eu penso e o k eu sinto. E sinto.me lindamente a partilhar o k é meu!! Fiquem bem!!!

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