Tem andado a atarantada direita a proclamar que Alberto João Jardim não passa de um “socialista” (eles pensam que o PS é socialista, e o CDS provavelmente centrista), que fez por lá o mesmo que se fez por cá.
Deixando de lado o ridículo da comparação, este negacionismo parte do pressuposto que a Madeira sendo território português vive sob a alçada da Constituição da República. Não é verdade.
Na Madeira nunca houve 25 de Abril: Alberto João Jardim, empurrado pelo bispo local, tomou o poder e manteve a ditadura, com chapeladas eleitorais, uma rede de clientelas e negócios, típica de qualquer oligarquia. Desde a comunicação social que controla (e nós pagamos), ao futebol que sustenta (idem aspas), passando pela dependência do estado, empregador mor da coutada, digamos que fez por ali o que Marcelo Caeteano talvez tivesse feito por cá, não fosse a questão colonial.
Os sucessivos governos, poder judicial e presidentes deixaram andar. Uns por medo, outros por acordo tácito, todos com receio de perderem votos. No caso do poder judicial (e policial) nunca percebi, mas como todos os fenómenos deve ter uma explicação.
A última prenda vem na forma do “falei de mais” de hoje. Chego a pensar que Passos Coelho faz destas para aparecer publicamente como um homem que assume erros, o que não é despiciendo, tendo em conta o que nos habituámos durante 6 anos. Foi o primeiro ajoelhar, outros se seguirão.
A Madeira não vai pagar a sua dívida e vai continuar a chular o continente. Ponto final. É quanto queiram apostar, e aqui se começará a provar que a troika apenas vai meter na ordem os direitos do trabalho. Parágrafo.
Veja a lista VIP, o verdadeiro motor do enriquecimento da Madeira, e tire as suas conclusões…
Alberto João Jardim – Presidente do Governo Regional
Andreia Jardim – (filha) – Chefe de gabinete do vice-presidente do Governo Regional
João Cunha e Silva – vice-presidente do governo Regional
Filipa Cunha e Silva – (mulher) – é assessora na Secretaria Regional do Plano e Finanças
Maurício Pereira (filho de Carlos Pereira, presidente do Marítimo) assessor da assessora
Nuno Teixeira (filho de Gilberto Teixeira, ex. conselheiro da Secretaria Regional) é assessor do assessor da assessora
Brazão de Castro – Secretário regional dos Recursos Humanos
Patrícia – (filha 1) – Serviços de Segurança Social
Raquel – (filha 2) – Serviços de Turismo
Conceição Estudante – Secretária regional do Turismo e Transportes
Carlos Estudante – (marido) – Presidente do Instituto de Gestão de Fundos Comunitários
Sara Relvas – (filha) – Directora Regional da Formação Profissional
Francisco Fernandes – Secretário regional da Educação
Sidónio Fernandes – (irmão) – Presidente do Conselho de administração do Instituto do Emprego
Mulher – Directora do pavilhão de Basket do qual o marido é dirigente
Jaime Ramos – Líder parlamentar do PSD/Madeira
Jaime Filipe Ramos – (filho) – vice-presidente do pai
Vergílio Pereira – Ex. Presidente da C.M.Funchal
Bruno Pereira – (filho) – vice-presidente da C.M.Funchal, depois de ter sido director-geral do Governo Regional.
Cláudia Pereira – (nora) – Trabalha na ANAM empresa que gere os aeroportos da Madeira
Carlos Catanho José – Presidente do Instituto do Desporto da Região Autónoma da Madeira
Leonardo Catanho – (irmão) – Director Regional de Informática (não sabia que havia este cargo)
João Dantas – Presidente da Assembleia Municipal do Funchal, administrador da Electricidade da Madeira e ex. presidente da C.M.Funchal
Patrícia Dantas de Caires – (filha) – presidente do Centro de Empresas e Inovação da Madeira.
Raul Caires – (genro e marido da Patrícia) – presidente da Madeira Tecnopólo
Luís Dantas – (irmão) – chefe de Gabinete de Alberto João Jardim
Cristina Dantas – (filha de Luís Dantas) – Directora dos serviços Jurídicos da Electricidade da Madeira (em que o tio João Dantas é administrador)
João Freitas, (marido de Cristina Dantas) – director da Loja do Cidadão
…e a lista continua.
Refrão da canção de Sérgio Godinho
Arranja-me um emprego
Arranja-me um emprego, pode ser na tua empresa, com certeza
Que eu dava conta do recado e pra ti era um sossego