Álvaro Santos Pereira, o ministro que discorda do economista que há em si

A ideia de que somos um país de baixos salários é simplesmente errada. Portugal tem os salários que merece e que se adequam ao nosso nível de produtividade e de desenvolvimento. Quanto muito, os nossos salários médios são demasiado altos para a baixa produtividade. No entanto, mesmo que isso seja verdade, não devemos pensar que a nossa economia está perdida e o nosso futuro hipotecado. Mesmo os “fundamentalistas dos salários” têm que reconhecer que ainda compensa a muitos investidores (incluindo espanhóis) investirem em Portugal, pois os nossos custos salariais são ainda razoáveis quando comparados com as médias salariais de muitos dos nossos parceiros europeus. Por outro lado, mesmo os fundamentalistas são forçados a admitir que o crescimento dos nossos salários tem ficado bem aquém do registado na maioria dos países do Leste europeu, o que, a médio prazo, lhes retirará a atractividade salarial face a Portugal. Por fim, mesmo os fundamentalistas dos salários têm que reconhecer que existem outras considerações para além dos salários. A inovação e mesmo grande parte da imitação depende bem mais de factores como o sistema de incentivos do que de meras comparações salariais.

Álvaro Santos Pereira, Os mitos da economia portuguesa, Lisboa 2007, p 70

Para os distraídos: aumentar o horário de trabalho é na prática baixar os salários. Os chamados 13º e 14º mês fazem parte do salário anual de quem os recebia, os ordenados, tal como os orçamentos, fazem-se ao ano. Aumentar o horário de trabalho também é um eufemismo para reduzir salários. Fundamentalistas, portanto.

Comments

  1. A média aritmética tem algo de mágico em si; se eu começar um frango inteiro e tu não comeres nada, “em média” comemos meio frango cada um!

    É um pouco como os salários “em média”. O problema é que a “média de baixo” é muito abaixo da “média de cima”.

  2. MAGRIÇO says:

    Aqui está a confirmação de um facto que há muito tempo é evidente mas em que parece ninguém ter reparado. Esta gente que só tem por objectivo “meter a mão no pote” não está à altura das suas ambições e tenho até dúvidas que sejam capazes de governar a sua própria casa, quanto mais um país. Estas declarações de Álvaro Santos Pereira revelam a sua completa ignorância sobre a vida empresarial portuguesa! Trabalhei durante 45 anos em várias empresas e só encontrei uma gestão competente e eficiente quando fiz parte dos quadros de uma grande multinacional americana. (Para evitar equívocos, devo esclarecer que, ao contrário de uma grande maioria, não tenho a mais pequena simpatia pelo sistema americano, mas isso não me impede de ser objectivo quanto à análise do seu desempenho enquanto gestores). Os gestores portugueses são, na sua maioria, medíocres, egocêntricos, vaidosos e incompetentes. Basta pensar que os portugueses que se vêem obrigados a emigrar são considerados bons trabalhadores nos países de acolhimento para facilmente se concluir que o mal não está no executante mas no maestro. Portanto, senhores decisores de circunstância, usem melhor a cabeça e em vez de estarem sempre a acusar os trabalhadores pela falta de competitividade das empresas e afirmarem repetidamente que necessitam de mais formação, seria mais útil e sensato se pensassem em dar formação aos gestores. Aliás, o fenómeno nem é novo: já Camões dizia, com a sua capacidade de ler os fenómenos sociais que vos escapa, que “um fraco rei faz fraca a forte gente”.

  3. lidia sousa says:

    Chegado de Vancouver, varrido pelos tumultos que não queriam professores estrangeiros incompetentes, chegou a Portugal, montou um blog, escreveu um livreco, plagiou na capa a ideia de Saramago – A JANGADA DE PEDRA – com Portugal a afastar-se da Espanha, descreveu o seu ídolo na Economia e ao contrário do Gasparzito, quis dar uma de original e elegeu o CAVALLO. E quem é o CAVALHO? É o antigo Super Ministro da Argentina, que dando tiros nos pés lá se ia aguentando de Governo em Governo. A florescente economia da Argentina, assente em Turismo de luxo, exportação de carne da melhor do Mundo, legumes, frutas, Cavalos do melhor do Mundo, distinguia este País dos restantes da Merconsul. Eis senão quando o DOMINGO FILIPE CAVALLO, grande admirador dos STATES, num conluio com estes resolve equiparar o Peso Argentino ao DOLLAR AMERICANO ao arrepio dos outros países sul americanos. A catástrofe foi total a grande e bela Argentina entrou em bancarrota e o longo braço do FMI que pouco tem a ver com o actual, deu.lhe o abraço da morte, escorraçado do País por aí anda em conferências a ganhar algum, Podem ver no YOUTUBE DOMINGO CAVALLO. Pela adoração do Álvaro já se prevê o fim do filme, se o ALFORREECA ou alguém não correr com ele a tempo, pois como somos um Pais pequenino, envelhecido a nós calhou-nos o BURRO, pois o CAVALLO sobrevive com o desprezo e o ódio dos Brasileiros que antes de serem uma potência emergente tinham inveja de morte da ARGENTINA e para eles a opção do CAVALLO foi uma benção. Dominam agora a politica Argentina. Maldito BURRO que nunca chegará a CAVALLO ainda será pior, ABRENUNCIO SATANAZ, como dizia a minha bisavó rata da sacristia.

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  1. […] tanto no público como no privado, onde os ingénuos se andam por enquanto a rir. É a lógica dos fundamentalistas dos salários, que o economista Álvaro Santos Pereira tão bem criticou, antes de virar Frei Tomás. Entendi-te […]

  2. […] e o turismo interno não deixava de ser mais racional, mas como é óbvio de um ataque dos fundamentalistas dos salários. A demissão de Álvaro Santos Pereira é já a seguir. partilhar:Facebook Esta entrada foi […]

  3. […] os custos do trabalho, fazendo por isso parte da cartilha dos fundamentalistas dos salários que o ex-economista Álvaro Santos Pereira tanto criticava. Trabalhas mais e recebes o mesmo é igual a receberes menos. Sim o trabalho é uma mercadoria, […]

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