Sarkozy (felizmente) irritado

Chegam notícias acerca de uma desagradável troca de palavras entre o Sr. Sarkozy e o primeiro-ministro britânico. Tal se deve à insistência deste último, em participar na reunião do Euro na próxima quarta-feira. Embora o R.U. não partilhe a nefasta moeda que acabou por arruinar a nossa economia, David Cameron tem todo o direito de estar presente, pois o que ali se discutirá será algo que transcede em muito, as actuais dificuldades financeiras dos países europeus. É que nem todos estão “pelos ajustes” quanto ao contornar de referendos e Tratados.

Para nossa tranquilidade, é bom que a Velha Aliada lá esteja e aja em conformidade, como contrapeso a certos apetites continentalistas de má reputação. Um breve olhar para o mapa acima, responde a qualquer questão.

Comments

  1. A “Velha Aliada” está as we speak a votar no parlamento se deverá ou não haver um referendo para deixarem a Europa. Claro que nunca irá haver nenhum referendo, porque a democracia de aqui (eu vivo em Inglaterra) é tão boa como a nossa.

    E quanto a “Velha Aliada”, tenho uma para te contar.
    Em 97, no tempo das vacas gordas, estava rodeado de um grupo de amigos, alguns deles ingleses outros de outras nacionalidades, como aliás é comum onde vivo, quando eu, cheio de orgulho, disse a um dos ingleses.
    – Sabes que Portugal e o Reino Unido têm a mais velha alianca militar da Europa.
    – Every country needs its donkey, foi a resposta dele. E olha que quando ele se referiu ao burro nao tinha os ingleses em mente, caso nao tenhas percebido.

    És tu com a Velha Aliada e os Ingleses com a Special Relationship no que diz respeito ao EUA
    Balelas!! Há pessoas que vivem num mundo imaginário…

  2. Nuno Castelo-Branco says:

    Pois é, José, vives preocupado com aquilo que uns tipos dizem “no meio de amigos”, enquanto no Parlamento de Londres, o Hannan diz outras coisas. É que ele tem algum poder de argumentação lá dentro e na comunicação social. Não existem alianças de paixão (…), mas sim, de interesses. A verdade é que esta tem funcionado, mesmo que com altos e baixos.

  3. Consegues explicar como é que tu sabes com o que eu vivo preocupado?

    Alem disso és tu que está convencido que existem alianças de paixão, ou fui eu que escrevi que a presença “Velha Aliada” nos trás tranquilidade? Ainda não percebi onde é que os interesses dos ingleses se igualam aos nossos. Ainda para mais, se estás a falar no Parlamento de Westminster, julgo que estejas enganado no Hannan, já que o David Hannan, que escreve um blog no Telegraph (esse bastião dos interesses lusos), que eu saiba é membro do Parlamento Europeu e não de Westminster. Talvez haja para lá outro Hannan, até porque não pretendo conhecer todos, ainda para mais os abutres dos Conservadores, em quem tu pareces depositar tanta esperança.

  4. Sao estes os “velhos aliados” que vao lutar pelos “nossos interesses”?

    http://www.guardian.co.uk/politics/2011/oct/24/david-cameron-tory-rebellion-europe

  5. Nuno Castelo-Branco says:

    Pelos vistos, a antiga propaganda de há mais de um século, acabou mesmo por fazer escola. Claro que a “velha aliança” nos tem dado tranquilidade, pois é acertada política mantermo-nos ligados à potência marítima dominante. Se tal foi o caso dos ingleses durante séculos, hoje temos os EUA – aos quais o RU se mantêm ligados, por muito que queiram alguns contestar o facto- como um eixo fundamental para a preservação da nossa independência. Tudo depende daquilo que vocês pretendam, se um país como o nosso completamente diluído nessa “União” que ninguém ainda sabe o que será, ou se, apesar de tudo, mantendo uma réstia de soberania. Gostem ou não gostem, a tal famigerada aliança tem servido e a prova disso, é a existência de Portugal como Estado. Vou até mais longe e atrevo-me a dizer que sem a “boa vontade” inglesa, hoje nem sequer existiria um único PALOP: A política tradicional sempre foi essa, a de tentar passarmos entre as rivalidades das potências continentais. Se isto não coincide com a política inglesa, então não sei o que se possa mais dizer.
    Quanto a Hannan, tem razão, o dito Westminster saiu-me automaticamente, tal o poder simbólico que esse parlamento tem, historicamente sem comparação em qualquer outro país europeu.
    O artigo que o José Marques enviou acerca da rebelião Tory, é bem demonstrativo de como têm sido feitas as políticas europeias ao longo de mais de 40 anos, nem sequer auscultando a opinião dos povos. É claro que para uma certa esquerda, totalmente avessa à representatividade, consultas e eleições, isto é normal. Se tudo o que vem dos tories “é mau”, então não posso nada mais dizer, até porque há exemplos do passado em que eles representaram um certo espírito de resistência que muita falta tem feito, para nem sequer falarmos daquilo que os trabalhistas deixaram para resolver nos anos 70 e bem recentemente. Julgo que episódios como este não ficarão por aqui, até porque muitos não estarão dispostos a abdicar da sua esfera em benefício das conhecidas políticas centralizadoras do eixo Berlim-Paris, ou melhor dizendo, da Alemanha e do seu apêndice francês. Pergunte aos noruegueses, por exemplo, eles logo lhe dirão o que pensam acerca da “padronização” europeia.

  6. A “velha aliança” tem nos dado tranquilidade? A mim parece-me que o Nuno não entende o conceito de client-state. A nós, portugueses, não nos dão nada, pagamos tudo e muito bem pago.

    Quanto a mim é indiferente receber ordens de Bruxelas ou de Washington (que continuam a ser quem realmente manda) via Londres. Gostava era que o país de onde sou natural pudesse ser soberano, sem FMIs, PECs, FEEFs etc etc

    Discordo quando diz que foi apenas a boa vontade inglesa que permite haver PALOPs hoje em dia. Eu diria que os ingleses tinham um império enorme que mal conseguiam manter e que lhes saia demasiado caro, tendo em conta os benefícios que dai advinham, ou estás sobre a impressão que se desfizeram das suas antigas colónias devido a um ímpeto democrático repentino?

    Já percebi que é de direita pela maneira como elogia os Tories e o seu “espírito de resistência”. Imagino de imediato todos os milionarios do Partido Conservador a marchar para as barricadas enquanto entoam palavras de ordem como “No Banker Left Behind” e “Whose Banks?? Our Banks!!”

    Pessoalmente não sou adepto dos Trabalhistas nem dos Conservadores, quanto a mim não passam de duas faces da mesma moeda i.e. as chamadas “democracias” liberais. Sendo este mesmo bloco central, tanto no UK como Portugal, França, Alemanha ou EUA, os culpados pela situação em que nos encontramos, até porque foram eles quem (mais uma vez) destruiu a nossa economia, entregando-a de mão beijada aos banqueiros, especuladores e demais vampiros.

    Um outro ponto que me parece pertinente. Diz que não houve consulta alguma feita sobre a permanência na UE mas tal não é 100% correcto, por exemplo no Reino Unido, qualquer cidadão que queira sair da UE, podia ter votado UKIP, que é um partido que advoga isso mesmo, o manter da libra como moeda e posteriormente a saída da UE. Curiosamente o UKIP não conta com um deputado sequer em Westminster, embora tenham conseguido eleger para o Parlamento Europeu o espalha brasas e populista demagogo que dá pelo nome de Nigel Farage, o Querido Líder de todos os Little Englanders que gostam de fazer de conta que o Império Britânico ainda dá cartas no jogo de poker que é a geopolítica.

    Alem disso, em 1975 houve no Reino Unido um referendo sobre a permanência ou não permanência no mercado comum. Embora eu reconheça que mudo tenham mudado entretanto, não é correcto dizer que nunca houve consulta alguma aos cidadãos.

    Em termos reais não sei se deveríamos continuar ou não continuar na UE. Reconheço que neste momento não me encontro informado para tomar tal decisão, ainda por cima com uma comunicação social de cortesãos e cheerleaders do vulture capitalism, mais difícil se torna a tarefa. Quiçá o Nuno Castelo-Branco considere-se, a si e ao resto da população, informados ao ponto de tomar esse tipo de decisão, ou quer apenas mandar umas bocas a “esquerda totalmente avessa à representatividade, consultas e eleições”?? Já agora, que esquerda é essa? Deve-se estar a referir a centro-esquerda, tipo Labour Party, PS, PSOE etc etc

    Mas folgo em saber que é assim tão a favor de referendos, pode ser que, depois de corrermos com a echo chamber que faz as vezes de comunicação social, o Nuno apoie referendos sobre a saída de Portugal da NATO, as portagens nas nossas auto-estradas, a energia nuclear, a legalização das drogas, o capitalismo de casino e já agora, para terminar, um referendo sobre a compra de submarinos e/ou carros blindados para a policia de choque manter as massas na ordem.

    Mas esses referendos já não devem ser tanto ao teu gosto, presumo.

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