Grécia: afinal é o referendo a demitir-se

cimeira do G20_Cannes_Nov-2-2011

As convulsões na Grécia, ao longo do tempo, têm dado a imagem de um país perturbado. Nos últimos dias, às manifestações de rua juntaram-se outros fenómenos do poder político e militar. De tão contraditórios, súbitos e efêmeros, é natural que suscitem a perplexidade geral.

A Grécia, no fim de contas, está a ferro e fogo. Seja no parlamento, nos gabinetes governamentais ou nas hostes da oposição ao governo. A desorientação é total. O que agora se anuncia aos gregos e ao mundo facilmente é contradito e abjurado a seguir.

Sucedeu assim com a decisão do referendo de George Papandreou. O homem  ainda esta manhã estava preparado para se demitir. Agora, notícias de várias origens – esta, esta e esta, por exemplo – dizem que renegou o compromisso de referendar a continuidade do país na zona euro. Afinal, como fosse gente, quem se demite é o referendo. Pronto, o Sr. Sarkozy, mais temperamental e entusiasta, já saudou o gesto de Papandreou e a Sra. Merkel, mais céptica e matreira, afirmou não ir em cantigas. Das autoridades gregas, a chancelerina – sublinhou – exige acções.

Com este golpe de rins, a cimeira do G-20, em Cannes, terra do cinema, distribui o filme dramático “crise do euro” por um conjunto de artistas famosos, entre os quais o cabeça de cartaz Obama que, como mostra a fotografia, está feliz da vida, rodeado de espadas ao alto. Os gregos, esses, estarão cada vez mais em baixo.

Comments

  1. José Galhoz says:

    Os gregos estão em baixo e visivelmente atrapalhados; quanto a mim, com razão, entalados como estão entre os donos do dinheiro europeus e os políticos caseiros, que só pensam em livrar-se das responsabilidades. Veremos como vamos nós estar se o Pai Natal não voltar em 2013, como nos é prometido (o que terão prometido aos gregos?). Pela minha parte, sou muito céptico sobre matérias de fé em política; acho que se deviam restringir às religiões.

  2. Carlos Fonseca says:

    Caro José Galhoz,
    Os gregos estão e vão continuar muito em baixo. Quanto a nós, julgo provável que tenhamos iniciado o percurso “crise-austeridade-crise agravada-austeridade-crise aguda…”. Oxalá esteja errado. No meio de 2012, já dará para perceber.

  3. Tragédia grega ou comédia ?? ou circus ?? com exibição de filmagem das várias manifestações dos píses dos Usa e do Ocidente, países incluindo Portugal
    Com refªa ao primeiro ministro da Grécia e caracterização dos antecedentes da “crise” , por mim, quanto à ªameaçadora senhora a querer castigar em público (global) os países mal comportados, adorei os vários depoiementos que lhe provocariam ainda maior cagaço do que o que já manifestou, aliás bem merecido mas que não a fez emagrecer – o que me levou a pensar se não será que a senhora não terá ainda, e também, muito para aprender ??
    Foi assim uma longa confª no ISCTE/IUL (-03 novembro-19-21:30H) com vários jornalistas na mesa entre eles Catarina Portas e o dr.joão Caraça da Gulbenkian-Ciência, iniciada pela exibição do longo filme interessante, – IDEIAS PERIGOSAS SOBRE UAM CRISE – com depoiementos de economistas e sociólgos de vários países ocidentais sobre a situação, incluindo Portugal
    Seguiu-se debate como é habitual – como se afundou a Sociedade do TER e ainda não chegou a sociedade do SER – como se houvesse um turning-point em que tudo começa agora com este trambolhão europeu, como resposta ao “olho do furacão” (2006-2008) que se deslocou dos USA até à europa
    Espero que a abordagem que as TV portuguesas tem feito até aqui, seja mais sunstancial e produiva e informativa, e não seja, como tem sido, a notícia pela notícia, sem proposta mesmo que ao de leve de como contribuir para se “mudar” , mas apenas repetições mais ou menos inúteis e superficiais, e sobretudo sem a VOZ do cidadão que foi afinal, o actor principal do protesto público e que vai querer mais do que nuunca ser cidadão activo e não apenas o sofredor, sendo que as TV acabam por ignorar o cidadão (que é a razão da sua existência) – acentuando o divórcio cidadão-decisores e cidadão-infomação, fazendo do cidadão objecto e não o sujeito

    • Carlos Fonseca says:

      Lamento não ter estado na conferência do ISCTE, que foi a minha escola.
      De facto, a falência da sociedade do TER não impede que aqueles que a dominavam continuem a liderar o mundo num espaço indefinido entre o TER e o SER. E, assim, a maioria dos humanos é constituída por seres avulsos, sem rumo e nem direitos, mesmo os declarados universais.

  4. Só a dúvida referente à eventual resposta do referendo, “abanou” o império financeiro global e este de certeza que jogou muito forte para demover George Papandreou. O trio esteve junto (Obama, Sarkozy e essa Merkel), Se o referendo dissesse não, o agente do terror “contágio”, não se aplicaria só à Europa. Obama tem a casa dele muito desgovernada e quer ganhar as eleições para o ano. O contágio, se o não ocorresse, afetaria à casa dele e as outras economias “emergentes”.

    Se a Merkel, a Holanda (berço dos Bildenberg) atingirem os seus objetivos, que são os da NWO, quem disser sim ao Euro, diga adeus à soberania e à independência. Porque a fase esperada pela NWO, que era o caos, está iniciada. Resta esperar mais um pouco, para a “solução” mostrar a cara.

    • Carlos Fonseca says:

      Abanou e não passou de um susto. Abanões maiores e imparáveis estão para vir. É uma questão de tempo.

  5. Típico, o sr. Sócrates também já se dispunha a governar com o FMI, quando dias antes dizia precisamente o contrário. Socialismos…!

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