A Noruega, um dos países mais ricos do mundo e que ocupa o 1º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, vai atribuir 58 milhões de euros a Portugal (o Lichtenstein e a Islândia contribuem com 5% desta verba).
Não deixa de ser irónico que seja um país que faz tudo ao contrário das teorias neoliberais a dar esta esmolinha aos defensores da tanga “menos estado, melhor estado”.
Vejamos: Na Noruega 95% das escolas são públicas e os bons estudantes recebem bolsas para se matricularem nas melhores universidades mundiais. O petróleo (o grande recurso nacional) é propriedade do estado. O estado-providência não é posto em causa, é alimentado com os lucros do petróleo estatal (fundo de 400 mil milhões de euros) e apenas 4% dos lucros de cada ano podem ser usados para equilibrar o orçamento do Estado. A consulta popular é prática comum quando se debatem questões importantes. Os rendimentos de todos os cidadãos são públicos e estão disponíveis para consulta na net. A paridade entre sexos é rigorosa, tanto no sector público como no privado. O fosso entre ricos e pobres é dos menores do mundo e os noruegueses acreditam que as desigualdades corrompem as sociedades e os estados. A redistribuição é regra e é fomentada pelo ministério da Infância, Igualdade e Inclusão Social que movimenta mais dinheiro (cinco mil milhões de euros) do que os min. da Pesca, Agricultura e Cultura todos juntos.
É, portanto, giro ver estes estatistas couraçados oferecer dinheiro aos nossos neoliberais iluminados e emproados que governam povos cada vez mais empobrecidos. Talvez aprendam (duvido) que a regra do futuro é mais estado, melhor estado.
Conheço a Noruega sobretudo Oslo e fiquei fascinada por este povo!!!Simples ,educado extremamente organizado e muito simpático!!Hei-de voltar, o seu acolhimento foi muito interessante!!!
“Os rendimentos de todos os cidadãos são públicos e estão disponíveis para consulta na net”
Uma pequena adenda: não são apenas os rendimentos de todos os cidadãos: os rendimentos dos que não são cidadãos nacionais mas que trabalhem em empresas sediadas na Noruega também estão públicamente franqueados a quem os queira consultar. É o meu caso há quase vinte anos.
Aliás, é com alguma tristeza que vejo notícias destas. É dinheiro caído em saco roto. Dinheiro com origem nos impostos dos meus colegas (também o dos meus impostos) que vejo trabalhar com cabeça e afinco há quase vinte anos. Dinheiro que virá (fatalmente) parar aos bolsos do costume, alimentar o arraial das vaidades e os hábitos de latrocínio deste imenso pinhal da Azambuja. A não ser que a Noruega faça tal oferta por motivos de protecção florestal…
E quanto a este assunto, é de recordar a opinião contrária à divulgação de rendimentos em Portugal do nosso Secretário da Cultura, o sr. Viegas : http://origemdasespecies.blogs.sapo.pt/1118467.html
E logo ele que tanto apregoou a frugalidade e o modo de vida dos amigos nórdicos: http://origemdasespecies.blogs.sapo.pt/1168484.html
Obrigado pela adenda, Soliplass.
O post dedicado ao neo-frugalismo – que o bom senso e um estilo de vida mais “natural” impõem – do nosso SEC não deixa de me fazer sorrir. Não apenas porque o sr. já foi crítico de restaurantes, cervejas e outras bebidas e, ainda, de charutos, mas também porque aconselha menos idas ao cinema, como exemplo de consumo excessivo. Isto, por si só, explica muita coisa nas suas novas funções.
Este post está correctissimo. Trabalho na Noruega mas num cenário diferente do Soliplass, num cenário esquizofrénico diria : trabalho 50% do mês na Noruega e o restante em Portugal. Vivo nos 2 países e a comparação é inevitável.
Não vou falar de Portugal, porque já tudo foi dito, mas queria adicionar mais algumas palavras sobre a Noruega: ética e humanismo são valores cruciais; respeito pelo meio ambiente e preocupação em deixar um mundo melhor à geração seguinte; honestidade emocional da população; objectividade, cumprimento de regras e orientados para soluções concertadas sem meias tintas nem conversa fiada; respeito pelo bem comum porque é de todos.
Semana sim, semana não, quando chego a Lisboa parece que viajei no tempo … para a Idade Média. Fico irritado e e enraivecido durante o primeiro dia até adaptar-me. Mas é duro.
Cumprimentos,
Nuno Correia
Obrigado pelos acrescentos Nuno Correia. Compreendo-o bem, boa sorte.
“Na Noruega 95% das escolas são públicas e os bons estudantes recebem bolsas para se matricularem nas melhores universidades mundiais.”
Pois é, mas gostaria saber quantas pessoas trabalham em média em cada escola e quanto recebem. E depois comparar com Portugal. Ah e lá está, na Noruega os melhores alunos recebm bolsas para as melhores faculdades. Em Portugal deixa-se passar qualquer analfabruto, enviamos-o para cursos que não servem a nada e ainda lhe damos bolsa porque é pobrezinho, porque o pai tem um primo na câmara, onde ainda damos dinheiro a quem só declara o salário minímo. E ao lado está o outro condenado a emigrar.
“O petróleo”
Pois é. No socratismo havia o crédito barrato, no cavaquismo os fundos de CEE e no PREC o ouro de Salazar. Mas quando a torneira acaba e não se fez o necessário…
“Os rendimentos de todos os cidadãos são públicos e estão disponíveis para consulta na net.”
E porque não. Há tanta gente que não paga impostos em Portugal acima sabiamos mais sobre quem ao fundo vive à custa dos otros. Só que tamém depois não vos vide a queixar dos boatos das porteiras. Ah, e porque não continuar e mostrar os dados da Saúde de cada um?
“A consulta popular é prática comum quando se debatem questões importantes.”
Democracia semi directa = liberalismo = melhor Estado = menos Estado e bem posicionado
“A paridade entre sexos é rigorosa, tanto no sector público como no privado”
Razões culturais, lá ninguém obriga as mulheres a ficarem em casa e os homens não se armam de maiores. Mas não foi por imposição (não acredito), foi por inciativa das mulheres.
“O fosso entre ricos e pobres é dos menores do mundo”
Porque lá o Estado não anda a brincar aos protectores de pequenas minorias parasitas. Regula que ninguém “mate” os outros no mercado livre e mais nada.
“os noruegueses acreditam que as desigualdades corrompem as sociedades e os estados.”
Aguém duvida disso? E quem duvida que a igualdade a todo custo e imposta é mã também?
“A redistribuição é regra e é fomentada pelo ministério da Infância, Igualdade e Inclusão Social que movimenta mais dinheiro (cinco mil milhões de euros) do que os min. da Pesca, Agricultura e Cultura todos juntos.”
Ver penúltima frase em cima > PIB Noruega = 415 mil milhões de euros > Orçamento noruguês para as prestações sociais (5 mil milhões de euros) = 1,2% do PIB >> PIB Portugal = 167 mil milhões de euros > Orçamento português para as prestações sociais (36,8 mil milhões de euros) = 22,05% do PIB
“a regra do futuro é mais estado, melhor estado.”
Pois bem vimos isso. Mas como num país como Portugal, onde as nossas caras elites socializantes sabem que o povo português é pouco dado ao civismo e que é malandro (sabe como não pagar impostos e receber subsídios na mesma) vamos fazer para criar um Estado de bem-estar sustentável? Álias conhecendo as elites socializantes corruptas e esbanjadoras que temos, como vamos fazer para criar um Estado de bem-estar sustentável?
Ora aí está: como as nossas elites socializantes são corruptas e esbanjadoras, basta acabar com o Estado e entregar tudo à iniciativa privada. Tudo ficará resolvido, de certeza.
Porque não? Há condição que não seja para fazer corporativismo (sabe aquela coisa que acha que temos que privilegiar certos grupos, categorias, mesmo indirectamente). Mas se é para fazer liberalismo de verdade, onde toda a gente tem total liberdade para escolher e ninguém consegue a impor monopolios protegidos pelo Estado, nem que indirectamente; Força!
Pois não, nem impõem limites ao que cobram por serviços inelásticos, como se vê pela bolha do custo das universidades americanas prestes a deixar milhões de recem-licenseados na bancarrota com empréstimos a virem a ter que ser pagos pelo estado para, mais uma vez, os bancos não fecharem.
É o socialismo ao contrário, mas aí tá tudo nice.
Hein?!
Mas eu nao falei de establecer um minimo de regras? Se limitamos o financiamento publico às faculdades privadas a um certo pantamar ou se damos bolsa a certos alunos que atingiram uma média minima onde esta o problema? Agora claro estar a deitar dinheiro para o privado, subsidiando-o sem promover a concorrência é claro que vai tudo ir mal! Isso nao é liberalismo é CORPORATIVISMO.
PS: os EUA nao sao grande coisa para mim. Gosto mais da Suiça como exemplo.
“povo português é pouco dado ao civismo e que é malandro”
É verdade, mas os custos não se aproximam de um BPN ou de um submarino.
Quando é que as pessoas percebem que não é com pobres contra pelintras que lá vamos?
Mas o problema é o Estado! O problema nao sao os pobres, os ricos, os louros ou os funcionarios da repartiçao das finanças, o problema é o Estado português proteger certas minorias à custa da maioria! E minorias subsidiadas pelo Estado QUE PREJUDICAM os outros ha milhares e de varias formas!
Hordaland, my forefathers’ land! Make sure your money comes to the right hands…