Oportunismo político

As vozes não valem apenas pelo que dizem nas também pelo momento em que se fazem ouvir. Onde estava Mário Soares quando o BPN foi nacionalizado? E onde estava quando, em 2008, o primeiro-ministro e secretário-geral do seu partido decidiu ignorar a crise que aí vinha, lançando dinheiro a rodos em sumptuosas obras escolares, em mais estradas e num TGV-nado-morto até ao Poceirão apenas porque tinha uma eleição a ganhar, custasse o que custasse? Sabemos o que custou – está a custar.

E quando o programa de governo dos próximos anos, vulgo troika, foi assinado onde estavam tão ilustres signatários? Soares entretinha-se com o seu Nobre delfim, Pedro Adão e Silva brincava à escrita de programas eleitorais e quanto à maioria dos restantes militantes/simpatizantes socialistas, deles nada mais me ocorre para além do silêncio cala-consente.

Falam da terceira via. Porra, o que foram 6 anos de Sócrates? Haja decoro! E evocam a Primavera árabe, mas estarão a falar desse novel regime que também atira violência para cima dos que se manifestam? E, no meio de tanto palavreado que trataram de negar enquanto governo, mostram-se contra as privatizações e a austeridade. É certo que o memorando da troika não saiu no francês do agrado do sr. Soares nas o Aventar traduziu-o para a nossa língua.

Haja memória e coerência, que de oportunismo político estou farto.

Comments

  1. clara says:

    Mário Soares sempre assim actuou. Já está cansado de estar quieto. Quer protagonismo. Sabe que vai ter. Sabe que vai ter porque as pessoas estão descontentes e vão aderir à greve com ou sem o apelo dele. E ele vai aparecer depois colhendo os louros.
    É o costume.

  2. jorge fliscorno says:

    E ele vai aparecer depois colhendo os louros.

    Bem visto.

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