Investir na Educação? Não, isso é nojento!

Tudo o que deveria ser obrigação do Estado está a ser abandonado, ficando à mercê dos privados e ao alcance de quem tiver possibilidades financeiras. Num país ainda subdesenvolvido no âmbito da Educação, continua o desinvestimento.

O governo prossegue um caminho que levará a que as universidades só possam ser frequentadas por jovens das classes altas ou por aqueles a quem for lançada uma esmola. Com cortes sobre cortes e com a Educação dominada pela busca do lucro e dependente do assistencialismo, daqui por uns anos, será necessário recorrer ao robô Curiosity para descobrir vida inteligente em Portugal.

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Comments

  1. Tiro ao Alvo says:

    O amigo acha mal que as universidades estimulem os seus ex-alunos a serem mecenas e, se puderem e se for essa a sua vontade, doarem alguns valores à casa que, em muitíssimos casos, foi, para eles, fundamental para alcançarem uma vida folgada, do ponto de vista financeiro? Acha melhor que sejam algumas empresas, apenas por interesses de marketing a fazer esse papel? Ou então, pensa que o que é louvável é algumas empresas, às vezes monopolistas monopolistas, “ofereçam” cadeiras de Mestrados, apenas para promoverem amigos? Será que, para si, a palavra donativo deve ser uma palavra proscrita?
    Ser do contra não implica ser cegueta.

    • António Fernando Nabais says:

      A resposta a todas as suas perguntas é não. O texto é contra a desresponsabilização do Estado. Leia com mais atenção, para a próxima.

      • Tiro ao Alvo says:

        Você diz que há quem pense que investir na educação é nojento (não explicando porquê) e depois vem responder afirmativamente a todas as questões que lhe pus e, por fim, manda-me ler com mais atenção, não sei o quê.
        Com cuidado deve escrever o amigo e aceitar as críticas justas. Arrogantes já temos que chega.

        • António Fernando Nabais says:

          Só mais esta vez: o texto é uma crítica a um Estado que não quer assumir as responsabilidades que lhe cabem. Nada no texto implicava que eu tenha alguma coisa contra o financianciamento dos privados ou contra a contribuição dos particulares. Quem lê de modo simplista parte sempre do princípio de que criticar o branco é o mesmo que dizer bem do preto, mas que se há-de fazer?
          Quem termina um comentário com “Ser do contra não implica ser cegueta.” está a pedir para não ser bem recebido e depois queixa-se de arriogância.

          • Tiro ao Alvo says:

            Diz o amigo que a crítica que fez foi a “um Estado que não quer assumir as responsabilidades que lhe cabem”.
            E eu pergunto: onde é que viu isso? No Corte do valor do financiamento estatal? Na mudança de regras na autonomia daquelas Escolas? No incentivo para procurarem outras fontes de financiamento, inclusive no mecenato? Onde? Onde é que está o nojo?
            Eu digo-lhe: o nojo está na sua cabeça, que não consegue escrever sem ser grosseiro.

  2. Guillaume Tell says:

    Aaaah…
    E se passamos ao sistema de cheque-ensino? Todas escolas, univesidades que forem mais baratas que o público (valor calculado atráves do preço médio por aluno no sector público) porque não lhes entregar os alunos? E de depois para evitar burlas decretamos exames nacionais a realizar em todos os anos de escolaridade a partir do 7 ano. Obviamente neste sistema os pais têm direito de escolher a escola que querem para os seus filhos.
    Quanto ao problema de concentração excessiva de bons alunos em poucas escolas há uma solução simples: obrigar as escolas a publicar que notas tinham os alunos no ano precedente e no ano da sua chegada à escola. Assim as pessoas se vêm que há escolas que só recebem génios não enviarão os seus filhos para essas escolas “oportunistas” mas para aquelas que conseguem fazer mais progredir os alunos.

    Quanto às universidades, explicam-lá como é possível haver tantas unversidades públicas incapazes de se desenrascarem sozinhas apesar de se pagar propinas elevadíssimas em Portugal (aí chegais a pagar 800 anos por ano pelo que ouvi, dois salários minímos, na Suiça as públicas cobrem 1500 francos anualemente, meio salário minímo!)? Porque o sistema está desorganizado! Quantos cursos são de utilidade duvidosa? Quantas faculdadas públicas há a mais em Portugal (olhai para Lisboa por exemplo)? Em quê que os reitores gastam o dinheiro do contribuinte? Porquê que o privado não participa mais no financiamento das universidades, não são eles que irão empregar os alunos mais tarde?

    Em vez de temer o privado, andar a mandar bocas ao Estado para depois choramingar por ele que tal mudar de paradigma? Porquê não fazer mais participar o privado? Porquê não fomentar a excelência e a flexibidade, em vez da mediocridade e do imobilismo?

    • António Fernando Nabais says:

      Não há nada contra a intervenção do privado, como não deve haver nada contra a obrigatoriedade de o Estado ser rigoroso na gestão daquilo que lhe cabe. Não há nada contra a livre escolha, desde que o Estado não fuja às suas obrigações de criar um sistema público de Educação de qualidade.
      O que deve haver, sobretudo, é uma análise da realidade e não uma aplicação cega de filosofias. Não há soluções simples: a aplicação de exames nacionais, por exemplo, não é uma panaceia que tudo resolva. Para além disso, a avaliação da qualidade de uma escola vai para além dos resultados obtidos pelos alunos.
      O financiamento das universidades não pode estar limitado às questões do emprego, porque isso implica, por exemplo, o desprezo das humanidades, uma área tão fundamental para um país como outra qualquer. A participação dos privados poderia estar sujeita não só à proposta de áreas de investigação, mas também a benefícios fiscais.

      • Tiro ao Alvo says:

        Lá vem o amigo desconversar…,
        olhe que a paciência esgota-se.

      • Guillaume Tell says:

        Ah assim gosto mais.

        “a aplicação de exames nacionais, por exemplo, não é uma panaceia que tudo resolva”
        Não, mas ajuda e é essencial.

        “Para além disso, a avaliação da qualidade de uma escola vai para além dos resultados obtidos pelos alunos.”
        Mmh sim, mas para os pais o mais importante é as notas (desde que promolugadas por uma entidade racional e independente). A variedade dos cursos é uma maneira de conhecer uma escola claro. Em particular a empregabilidade que eles oferem.

        “O financiamento das universidades não pode estar limitado às questões do emprego, porque isso implica, por exemplo, o desprezo das humanidades, uma área tão fundamental para um país como outra qualquer.”
        É claro, mas de nada serve de formar milhões de filósoofos.Tem de haver um sistema de quotas que evite uma excessiva concentração de alunos em determinadas áreas. Queira queira não, o país precisa mais de informáticos que embaixadores, apesar da importância de cada uma dessas profissões. E de isso os alunos tem de estar conscientes, como os professores têm de lhes dar os instrumentos para singrarem na vida professional (e apetece-me dizer, os intrumentos para singrarem ponto. Isto é a minha opinião, de jovem impulsivo e convencido, mas tenho muitas vezes o sentimento que os professores custumam privilegiar mais o saber repetido que a creatividade e a procurar de novos paradigmas. Mas outra vez, e insisto, é a minha opinião).

        • António Fernando Nabais says:

          Por muito utópico que possa parecer (ou ser), não concordo que se possa impedir alguém de estudar numa determinada área, com o argumento de que não terá emprego. Concedo que seja importante que as pessoas estejam informadas das saídas profissionais que as esperam, mas a Universidade e a Escola servem, em primeiro lugar, para se ter acesso ao saber e não a um emprego.
          Para os pais, aliás, o que deve ser importante é aquilo que os filhos aprendem. As notas serão uma consequência disso. A introdução de um sistema de concorrência puro no sistema educativo pode levar a muitas perversões, como, por exemplo, um falseamento das classficações (o que já acontece) e a uma excessiva preocupação com os exames, o que poderá levar a que os professores se preocupem mais com o treino para esses mesmos exames do que com o desenvolvimento harmonioso dos alunos, o que inclui a questão da criatividade, embora reconheça que é possível e desejável que os exames sejam elaborados de modo a testar também a criatividade, o que acontece cada vez menos, devido à introdução de factores como a empregabilidade ou a preparação para o mercado de trabalho.

          • Guillaume Tell says:

            “não concordo que se possa impedir alguém de estudar numa determinada área, com o argumento de que não terá emprego.”
            Mas quem falou de impedir as pessoas de estudar em tal área porque não oferece muito trabalho? Eu falei de quotas. As quotas são o último argumento que um professor tem de fornecer ao aluno se não tiver certeza que ele seja capaz de prosseguir na sua via. Primeiro tem de ver se ele tem capacidades, quais são as suas capacidades, quais alernativas há, e se o aluno estiver mesmo motivado, se demostrar ser bom na disciplina. Se for o caso, força!
            (E se o aluno não quiser escutar o professor, que assuma os riscos da sua escolha)

            “a Universidade e a Escola servem, em primeiro lugar, para se ter acesso ao saber e não a um emprego.”
            Não. O sistema escolar foi criado para fornecer à Pátria o que ela precisa. Ou seja trabalhadores e empresários criativos e flexiveis, cidadões responsáveis e respeitáveis. O interesse no saber é de ordem pessoal (de toda a maneira se o sistema de ensino é bom, os alunos tornam-se naturalemente mais interessados no saber).

            “como, por exemplo, um falseamento das classficações (o que já acontece)”
            “as notas (desde que promolugadas por uma entidade racional e independente)” e acresentou, uma entidade independente com capacidade de controlo e de acção em caso de necessidade.

            “e a uma excessiva preocupação com os exames”
            Basta dizer que a nota final conta para 50% de exames e 50% de notas “normais”.

            “a questão da criatividade, embora reconheça que é possível e desejável que os exames sejam elaborados de modo a testar também a criatividade, o que acontece cada vez menos, devido à introdução de factores como a empregabilidade ou a preparação para o mercado de trabalho.”
            Sem creatividade é impossível ser-se um bom trabalhador ou empresário. Ainda mais no mundo actual, onde o mercado é constituido de diversos nichos que não podem serem todos da mesma maneira, e que necessitam que os productores sejam capaz de responder com criatividade para conquistar o cliente.
            Além disso, a criatvidade está muitas vezes relacionada com uma forma de especialização. Por isso não podemos continuar num sistema onde basta ter boas notas a Português e a Matemática para passar de ano. É preciso dar mais possibilidades aos alunos que são bons noutras matérias de passarem (claro a “superioridade” do Português e da Matemática não pode ser posta totalemente em causa, como um aluno que seja só bom na Música e no Desporto e um desastre no resto não pode passar tão facilemente).

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