Mas em que século é que estamos?

Os tripulantes do pesqueiro “Virgem do Sameiro”, que estava desaparecido há dois dias, na zona da Figueira da Foz, foram encontrados com vida.

Esta é a boa notícia. A má notícia é que em pleno século XXI um barco de pesca pode naufragar e os seus tripulantes ficarem numa balsa sem comunicações.. Foram encontrados cerca de 20 km a norte do Cabo Mondego, uma distância ridícula. Eu sei que os pequenos armadores têm grandes dificuldades económicas mas isto é inadmissível. Quem vai para o mar aparelha-se em terra e cabe ao estado proteger a vida dos seus cidadãos. Bastava um sinal de presença que fosse captado pelos socorristas. Desta vez acabou bem. Nem sempre acontece.

Comments

  1. Porque é que “cabe ao estado” fazer as coisas? Porque é que não cabe aos armadores? Ou aos próprios pescadores?

    Porque é que tem de ser sempre o estado a fazer-nos a papinha toda?

    • Nightwish says:

      Porque às vezes regulamentação já servia… Por exemplo, hoje ninguém se insurge contra a obrigatoriedade dos cintos de segurança e etcs.

  2. Artur Bivar says:

    As pequenas embarcações de pesca não têm dispositivos sinalizadores de radio, provavelmente, porque alguem que não conhece o conceito de redundância entende que será um prejuizo em caso de naufrágio.

  3. ana borges says:

    “O barco de pesca “Virgem do Sameiro” tinha desaparecido na terça-feira ao largo da Figueira da Foz. A Marinha foi alertada às 10h20 de quinta-feira e, de imediato, enviou para o local o navio-patrulha oceânico “Viana do Castelo”, ”

    o barco desaparece terça e a marinha é avisada na quinta???!!!
    incrivel!

  4. Nortadas says:

    Uma muito boa notícia, mas, a balsa não tem GPS ( a não ser que o Estado o pague ), mas o Mercedes do armador tem, e uma embarcação desta dimensão não é pertença de um pequeno armador. As reclamações que se ouviram ontem na tv do presidente da associação, foram para fazer o “frete” ao snr. presidente da câmara, (agora mais conhecido por mãos-limpas) contra a ministra da agricultura, já agora porque será que as Caxinas não são freguesia?

    • Tiro ao Alvo says:

      Tem toda a razão. O barco não é de um pequeno armador, não. O barco é de um armador, ponto final.
      O autor deste post quer aproveitar todos os pretextos para pregar a sua doutrina, assim como fazem as testemunhas de Jeová.
      Quem fala do que não sabe, ouve o que não quer.

  5. jorge fliscorno says:

    Caros, não botem faladura à toa. Googlem AIS ou MONICAP. Se estiverem com muita preguiça, vejam o capítulo 7 deste PDF:

    http://www.forum-mergulho.com/index.php?app=core&module=attach&section=attach&attach_id=5133

    Quanto ao GPS do Mercedes, é pago pelo comparador. Ai cabecinhas.

    • Com o dinheiro que poupou nos dispositivos de segurança que os seus barcos não possuem…
      Embora neste caso até me pareça que se trata mais de devoção à Senhora dos Aflitos. Pior do que isso, da fora como correu o salvamento desconfio que ainda ficam os responsáveis convencidos de terem procedido muito bem. Aquele velho fia-te na virgem e não corras, vais ver o trambolhão que levas nunca chegou à Leirosa, Jorge. O povo do mar é muito complicado.

      • jorge fliscorno says:

        Ao que apurei, o “Virgem do Sameiro” tem 16.75 metros de comprimento. Portanto inclui-se no grupo das embarcações para as quais é obrigatório ter MONICAP. Se não tem, há leis para essas coisas. Se as leis não são cumpridas, há responsabilidades.

        Isso do GPS do Mercedes é mero preconceito ideológico, lamento. Porque há leis bem claras quanto a isso e não é por causa do armador ter ou não uma porcaria dum carro com GPS (grande coisa, já agora) que a traineira tem segurança ou não. Se não tem é porque o Estado, essa coisa maravilhosa que toma conta de nós, não fez o seu papel.

        Este post e a generalidade dos comentários, foram um pouco precipitados, na minha opinião. Os equipamentos também se avariam. E como disse e me parece melhor repetir, se não os têm pergunte-se ao Estado o que é que anda a fazer com o dinheiro dos impostos.

        editado: gramática

        • O que ouvi numa TV indica-me o contrário. E desculpa lá, mas reduzir os meios de sobrevivência em caso de naufrágio conforme o tamanho da embarcação, seria como tornar os cintos de segurança só obrigatórios nos carros com determinada cilindrada, ou coisa que o valha.
          Mas estamos de acordo: o estado não fez o seu papel. Foi aí que bati, e precisamente ressalvei as dificuldades de um pequeno armador (e nem sei se é o caso).

          • jorge fliscorno says:

            Bom, não sei o que tem sido vinculado nas notícias.
            Quanto aos meios, faz sentido sim. É uma questão de ver que embarcações são usadas para que fins e quais os tamanhos típicos para, a partir daí, traçar uma linha. Se não tínhamos um bote de água doce com AIS e MONICAP.

          • jorge fliscorno says:

            Quanto ao post, tens razão. Eu é que me precipitei na leitura. Já o mesmo não digo de alguns comentários 🙂

          • Tiro ao Alvo says:

            Amigo, quando publicou o seu post, ainda a notícia estava muito fresca e não tinha sido desenvolvida pela TV. E mesmo que fosse, o amigo precipitou-se, de imediato, para o seu PC, apenas com o intuito de dizer mal do Estado, ainda sem saber nada, sem saber se o barco tinha ou não tinha sistema obrigatório de sinalização por rádio, se a culpa era ou não do armador ou se são coisas que acontecem, apesar de “todos” os cuidados.
            Eu acho que o amigo se precipitou e agora não quer dar o braço a torcer, continuando a escrever coisas sem sentido como quando defendeu que “reduzir os meios de sobrevivência em caso de naufrágio conforme o tamanho da embarcação, seria como tornar os cintos de segurança só obrigatórios nos carros com determinada cilindrada”. Não reparou o amigo que alguns comentadores se mostram bem informados sobre esta matéria? Por que não os ouve? Acha razoável exigir o mesmo nível de segurança a um pescador que vai para o mar apenas com um companheiro, do que aquele que leva ao seu encargo a vida de seis companheiros?
            Dizem que agora há para aí uns “tudólogos”, que sabem de tudo. O amigo, se não é um, anda a candidatar-se.

          • Antes de os náufragos terem sido encontrados já se sabia que não tinham um sistema de sinalização e que uma Associação que luta por isso se queixava de tal não ser exigido por lei a embarcações deste porte (e nem percebo o que tem o porte a ver com o assunto: se podem navegar mais do que à vista, é óbvio que cumpre ao estado obrigar à protecção dos tripulantes).
            Donde a precipitação não é minha, o desenvolvimento das notícias só o está a confirmar, mas de quem, em vez de se procurar informar, vive obcecado com o que escrevo, lá porque me apanhou uma vez em erro, este comentário é típico.
            Continue meu caro, um destes dias volta a acontecer e quem sou eu para lhe retirar esses pequenos prazeres.

          • Tiro ao Alvo says:

            Qual erro ou meio erro? Os erros dos outros nunca me dão gozo. Eu sei que também erro.
            Relativamente a este acidente, que felizmente acabou bem, eu também ouviu esse representante da associação de armadores a insurgir-se contra o estado, que, segundo ele, deveria apetrechar os barcos de pesca com um equipamento de localização por rádio. Esse representante estava a fazer o seu papel, e até lhe pagam para isso, no caso aproveitando-se da desgraça dos seus companheiros, para pedir mais benesses ao estado. Entendo-o, mas acho mal.
            O papel dele, como disse, entendo-o, mas o seu não, porque se for o estado pagar somos todos nós quem paga e, neste como noutros casos, eu não acho justo. E digo isto por que um armador que vai para o mar com um barco de 16 metros, levando ao seu cuidado a vida de 5 (cinco) homens, alguns seus empregados, deve tudo fazer para defender a vida dos seus colaboradores. E o tal aparelho não é assim tão caro como isso. Coisa diferente poderá acontecer com um outro pescador que vai para o mar num pequeno barco e apenas leva consigo um camarada. Não é a mesma coisa, amigo.
            Além disso, não podemos, por regra, exigir do estado tudo, não. A cada um a sua responsabilidade

        • João Junior says:

          Sr. Jorge.Não compreendo o que o estado lhe fez, para ter uma tão grande raiva. O Sr diz ” o estado essa coisa maravilhosa que toma conta de nós,não fez o seu papel” mostra que não sabe do que fala. Saiba que existem regras com imposições de equipamentos de segurança para todas as embarcações, e saiba que muitissimas vezes os armadores trocam entre eles ou entre os barcos os equipamentos só para as vistorias. O que quer que o estado,que somos todos nós, faça mais? Ter um funcionário publico (policia maritimo) em cada barco?
          Estavam a 15 milhas da costa e seria visivel até um simples facho de mão,que é
          obrigatório até em botes .

          • Tiro ao Alvo says:

            Amigo Júnior, diga aqui a esta gente, e sobretudo ao autor do post, quanto custa um barco de 16 metros, semelhante ao “virgem do Sameiro”. Isso ajudará, penso eu, a situar melhor o problema.

          • jorge fliscorno says:

            «Não compreendo o que o estado lhe fez, para ter uma tão grande raiva»

            De que Estado falamos? A mim chateia-me imenso que eu não possa pintar a minha casa sem autorização do Estado (Câmara Municipal, neste caso) porque estou numa localização que alguém acha que carece de autorização e, logo ao lado, esse mesmo Estado autoriza a construção dum mamarracho. Aborrece-me imenso ver o dinheiro dos impostos estoirados impunemente na Madeira, no BPN e mais em tantos lados. É isso que me move contra o Estado. Sinceramente, o país não precisa do Estado que *actualmente* temos. É um verdadeiro empecilho e tem como principal objectivo apenas a sua perpetuação.

            Quanto à troca de equipamentos, o João talvez não esteja bem informado. As caixas MONICAP estão solidárias com a embarcação. Em todo o caso, se há truques desses e tudo passa em branco, é porque há negligência. Inspecções surpresa fazem milagres.

  6. A notícia: foram encontrados vivos os tripulantes do barco de pesca “Virgem do Sameiro” tinha desaparecido na terça-feira ao largo da Figueira da Foz. Talvez fazendo juz ao à miraculosa Senhora do Sameiro, Poderemos considerar tal inesperado aparecimento de milagre.
    Os Media, ávidos por explorarem os sentimentos humanos dos familiares dos possíveis envolvidos em tão trágico (mas não único) acidente, não se cansam de apelar à concretização do milagre, desmultiplicando-se em inúmeras entrevistas.
    Há, porém, um ponto que fica por tocar neste tipo de tragédias (que felizmente, desta vez teve um final feliz..): o papel essencial e incansável do pessoal militar, que dia e noite se envolveram nas buscas!! Nestes, estranhamente (??) ninguém fala!!!
    Como gosto de ser excepção, e estando naturalmente feliz por se não ter dada a previsível tragédia humana, presto por este meio, a devida homenagem aos salvadores dos resgatados, tantas vezes esquecidos… fizeram a sua obrigação, dirão alguns!! Mas há que se lhes reconhecer publicamente o seu mérito, sendo as buscas efectuadas bem ou mal sucedidas…

  7. mamacopa says:

    Um barco foi ao fundo… Quais foram os meios utilizados?… Aviões (não foram os F16)?. Barcos ? Submarinos ?
    É desta maneira que se vê quais as necessidades REAIS do nosso país e onde é que se estão a gastar os dinheiros.
    Já agora… Foi algum dos novos acessores da Assunção Cristas ao local coordenar as buscas…

    • jorge fliscorno says:

      Também se podem matar formigas com um canhão. É uma questão de opções.

      Quanto aos submarinos e “barcos”, há uma coisa chamada ZEE com um área de cerca de 37% da da Europa (ZEE + extensão da plataforma continental) e sob administração portuguesa. É capaz de dar para ver no Google sobre o que é que estou a falar 😉 Quem quer ter ilhas, paga-as e quem ter ter zonas económicas exclusivas toma conta delas. Ou alguém o fará por nós, como os espanhóis, por exemplo, que até mantêm uma pequena disputa connosco por causa do projecto de expansão da plataforma continental.

      • Tens toda a razão: sem submarinos nunca daríamos pelo afundanço das contas da Madeira.

        • jorge fliscorno says:

          Ora vês. Mede os buracos das contas públicas em submarinos, essa novel medida, e vê lá quanto vale uma RTP, umas SCUT ou a Madeira. Era bom não deixar as ideologias turvar o pensamento. Há muito dinheiro mal estoirado mas os submarinos e demais frota naval não estão, claramente, nesse molho.

          • O papel dos submarinos na vigilância da ZEE é nulo.
            Agora digo-te eu para ires googlar: os submarinos foram uma imposição da Nato, ainda antes do derrube do Muro, para mantermos um comando naval que até já perdemos.
            Entretanto isso passou, pela parte da Nato, mas continuou, pela parte de vários governos. A indústria de armamento sabe muito bem untar as mãos aos governantes, e não tenho nenhuma dúvida de que os submarinos só foram comprados por isso (vd o caso dos Pandur, fresquinho, de que ninguém fala).
            A aquisição de meios aéreo-navais de vigilância da ZEE sempre me pareceu a única prioridade razoável para a tropa portuguesa. Mas compram-se submarinos e veículos blindados, sabendo-se que em termos de defesa não servem para nada, que muitos gajos enriquecem nesses negócios quando a sua única utilidade será a participação em missões internacionais. É o chamado estado muito gordo que vive muita acima das suas possibilidades, e necessidades.

          • jorge fliscorno says:

            «O papel dos submarinos na vigilância da ZEE é nulo.»

            O pessoal que percebe do assunto tem uma opinião diferente.

            Do ponto de vista estratégico, o U-214 será uma considerável mais-valia na garantia de defesa das aguas portuguesas e na garantia igualmente importante do direito de ligação marítima entre o continente e os arquipélagos da Madeira e dos Açores. A existência destes submarinos, pode parecer insignificante. No entanto as suas características “Stealth” que o transformam numa arma quase virtualmente invisível, tornam-no numa arma a temer, por quem quer que seja, que durante o seu tempo de vida útil, possa negar a Portugal o seu direito de navegação nas águas do oceano Atlântico.

            http://www.areamilitar.net/DIRECTORIO/nav.aspx?nn=28

            E como referi noutro comentário, é preciso não esquecer o custo de operação (em missão), que é muito menor para este tipo de embarcação. Finalmente, com uma ZEE como a nossa e ainda a querer ser maior, há por aí muitos “aliados” a querem ser eles a controlar estas águas porque, argumentam, Portugal não tem capacidade de as defender e patrulhar. Pois.

      • João Junior says:

        Poderá nos explicar qual a utilização dos submarinos na (ZEE + extensão da plataforma continental) e o que significa “Quem quer ter ilhas, paga-as” e qual o papel dos submarinos nisto “quem ter ter zonas económicas exclusivas toma conta delas” e já agora a disputa com os espanhois tem que ver com as selvagens, acha o Sr. que como temos 2 submarinos eles já ficam a tremer de medo?É que não sei se saberá mas ao longo dos anos teem existido pequenas escaramuças nestas ilhas e apesar de estarem em permanencia fragatas na Madeira não o têm evitado

        • jorge fliscorno says:

          “Quem quer ter ilhas, paga-as” é uma citação e significa que ter coisas tem um custo associado.

          Quanto aos submarinos, não sou especialista na matéria. Mas sendo eles armas estratégicas (os traficantes que o digam) e tendo em conta a opinião de quem disto percebe (os militares), opto por esse ponto de vista. Acresce que a operação de um submarino tem custos muito mas mesmo muito mais baixos do que uma fragata ou um navio de patrulha. Quanto a custos de aquisição, muito se tem dito mas o facto é que não há equipamentos militares a preço de saldo, seja de que tipo for. Tem é dado jeito num certo combate político falar do assunto.

          O conflito com os espanhóis de que falei é outro. Tem a ver com quem autoridade sobre as águas. Portugal tem uma missão para a extensão da plataforma continental mas os espanhóis acham que parte dessa extensão lhes pertence. Isto não é uma guerra física – diplomática, vá lá – e nestas coisas a capacidade militar, como argumento para “tomar conta” dessa área, conta e muito.

  8. antonio silva says:

    Nos veleiros que fazem neste momento a maior regata de vela à volta do Mundo (estão agora na idade do Cabo) existe um dispositivo de localização via satélite que é accionado automaticamente em caso de naufrágio. Pode ser comprado em Lisboa e não é muito caro.

  9. Tiro ao Alvo says:

    Amigo Júnior, diga aqui a esta gente, e sobretudo ao autor do post, quanto custa um barco de 16 metros, semelhante ao “virgem do Sameiro”. Isso ajudará, penso eu, a situar melhor o problema.

    • Nortadas says:

      aproximadamente 300 mil euros nos dias de hoje, depende dos aparelhos.

      • Tiro ao Alvo says:

        Obrigado. Eu também pensava que seria qualquer coisa à volta do 50.000 contos.

  10. jorge fliscorno says:

    «Bastava um sinal de presença que fosse captado pelos socorristas»

    E liga-se quando? Está sempre ligado? Sem sim, como se sabe se há perigo? Se é preciso ligar, haverá tempo para ligar o sinal antes do navio se afundar? No caso em apreço apenas tiveram tempo de saltar para a balsa antes que o navio se afundasse (foi o que ouvi na Antena 1). E se houve tempo para lançar o alerta, é escutado por quem? E o emissor está onde? Na balsa? No navio? E se tudo se afundar?

    Todas estas questões têm apenas um propósito: sublinhar que isto não é um assunto para se tratar de modo leve.

    Ouvi alguém falar em linhas de crédito para rádio-faróis. As linhas de crédito são a nova versão do “fazer legislação” para resolver problemas sem se mexer uma palha. Enfim. Curiosamente, não ouvi – mas poderá ser falha minha – falarem se o navio tinha ou não o equipamento obrigatório. O que no caso em apreço, face ao pouco tempo que tiveram para se salvarem, de pouco valeria.

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