Das lágrimas de Itália ao exemplo da Irlanda

Merkel e Sarkozy, na reunião de Paris, apostaram em novo ‘tratado’ da UE, ainda que não inclua todos os países. Pode limitar-se aos 17 Estados-membros do Euro – ou a menos, acrescento eu. O objectivo central é colocar na ordem os países endividados, como nós e os gregos, através de políticas que se esgotam em programas de austeridade.

No actual jogo europeu de orçamentistas e monetaristas, falta que a Espanha de Rajoy explicite a obediência. A Itália já o fez ontem, de forma comovente e nas lágrimas incontidas da ministra Elsa Fornero:

‘Uma lágrima no rosto’, de Bobby Solo

Nós, portugueses, além da submissão à Sra. Merkel assegurada por Passos Coelho, segundo os inúmeros sábios e especialistas, nas TV’s e artigos de opinião, temos de tomar o exemplo da endividadíssima Irlanda como padrão; sim essa bem comportada Irlanda há 4 anos em austeridade e cujo governo acaba de publicitar um novo ‘pacote de austeridade’ para 2012, com 2,2 mil milhões de euros de corte nas despesas e 1,6 mil milhões de aumentos de impostos.

Insistem os entendidos que a banca deve continuar a ser recapitalizada. O crescimento do desemprego e da dívida pela dívida não os perturba, sobretudo  na exemplar Irlanda,  cuja situação é esta:

 Valores em 1.000’s de Milhões de euros

Indicador Unidades 2009 2010 2011 (a) 2012 (a)
PIB Euros 150.596 159.906 160.486 162.867
Tx.desemprego % 11,825% 13,625% 14,300% 13,900%
Dívida pública líquida Euros 67.947 121.741 155,349 168.557

(a) Estimativas do FMI

Fonte: FMI

De 2009 para 2012, segundo o FMI!, a Dívida Publica Líquida acabará por evoluir de 42,31% do PIB para 103,49%. Naturalmente, tudo se resolverá com medidas de austeridade. Contudo, o país, de onde no decurso deste ano já emigraram cerca de 80.000 cidadãos, “está bem e é o exemplo a seguir”. Caminhemos, então, para o abismo, Srs. Drs. Coelho e Gaspar, e respectivos séquitos.

Comments

  1. A senhora que chorou tem muitas razões para ter chorado, por ela, e por muitos que já nem chorar lhes é permitido

    • Carlos Fonseca says:

      Concordo sobretudo com “por muitos que já nem chorar lhes é permitido”…

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