Bloco de Esquerda – Ruptura/FER, a hora da (de)cisão

Que o Bloco não é um bloco tornou-se evidente há muito tempo, especialmente desde os inícios da representação parlamentar, época em que o BE inicial foi invadido por toda a casta de arrivistas atraídos pelo cheiro a poder (neste caso o estatuto de deputado, a possibilidade da presidência de uma câmara municipal, a remota hipótese de uma assessoria bem paga, a mera chance de protagonismo mediático). Chamar trotskistas, marxistas, etc., aos do bloco tornou-se não apenas caricato, mas verdadeiramente ridículo: havia (há) por lá de tudo, social-democratas orfãos de partido, socialistas desenganados, comunistas arrependidos, radicais adormecidos, utópicos desiludidos, anarquistas inconsequentes.

A divisão interna era evidente há muito e a perda de votos nas últimas eleições, somada a uma sucessão de erros e más escolhas políticas, agravou-a. A Ruptura/FER já por lá anda há bastante tempo, mais ou menos amordaçada. Agora ameaça sair e fundar um novo partido. É óbvio que o BE perdeu a sua frescura inicial, esgotou a sua caderneta de causas e aburguesou-se.

A Ruptura, por seu lado, tenta “capitalizar” os novos movimentos sociais, as acampadas, a geração à rasca, etc. Esse é o novo caminho da Ruptura e aquilo que, futuramente, vai ditar rupturas dentro da nova organização. Porque uma organização que nasce com estes alvos não vai permanecer unida, em bloco, durante muito tempo:

“aberto a toda a esquerda, independentes, ex-bloquistas e aos novos movimentos sociais das acampadas, e a todos os que não se revêem nas posições oficiais dos partidos e dos sindicatos institucionalizados”

Comments

  1. Anabela Sousa Dias says:

    Uma esquerda cada vez mais fragmentada abre a porta ao populismo, ao nacionalismo, e outros ismos, e todos sabemos como os ismos são maus.

  2. Haja pachorra: a FER nunca esteve no Bloco, andou por lá a empatar, vale 200 votos, correspondendo aos seus militantes, se é que ainda tem tantos já que muitos, por sinal os mais aguerridos, entretanto foram expulsos. Como partido é capaz de ultrapassar a Carmelinda Pereira, é verdade, e fazer alguma concorrência ao MRPP, pouca porque não tem um líder carismático e em Portugal as correntes trotskistas não sobrevivem fora do entrismo.
    Chama-se a isto comentar uma não-notícia .

    • Grande JJC, brilhante comentário. Eu não o saberia dizer melhor, apenas com mais conhecimento de causa. Sim, já lá andei e saí quando tinha que sair – alguns dizem que fui expulso mas nunca me comunicaram tal decisão (se é que realmente existiu) – e só me arrependo de não ter sido antes.

    • A. Pedro says:

      Há duas coisas de que gosto especialmente: de não notícias e de cortinas de fumo para dizer que o acontecido não aconteceu.

      • Mas não aconteceu mesmo… A FER nunca esteve no Bloco portanto a sua saída é uma não saída. Colou-se, algum tempo depois da fundação, com uma estratégia de entrismo e desde o princípio se falava mais ou menos abertamente de que o objetivo da adesão era um dia romper e levar parte dos militantes. Mesmo assim foram sempre “democraticamente tolerados” dentro do Bloco e por mais de uma década foram o esgoto onde desaguaram todos os enjeitados. Organizar um grande bacanal com estes enjeitados por sectarismo, doença mental ou ambos (a maioria) foi sempre a estratégia do tal “líder” de quem o JJC diz que lhe fata carisma… Se fosse só isso… (cont.)

      • O que lhe falta em carisma sobre-lhe em arrivismo; o que lhe falta em inteligência e visão política sobra-lhe em esperteza saloia e o que lhe falta de progressista e revolucionário sobra-lhe em homofobia, sexismo e manipulação. Deve o BE preocupar-se com a saída desse indivíduo e dos seus/suas secretários/as? De forma alguma. Os que saírem – bem menos que 200, talvez 50 com alguma sorte – não fazem grande falta. Pelo contrário serão menos 50 a empatar. Sim, esta é a verdadeira dimensão da notícia que claramente não o é.

        • A. Pedro says:

          Dito assim, visto dessa forma, continua a ser uma notícia. Pelos vistos, uma boa notícia para o Bloco.

          • É uma notícia para a direita, que ficou hoje a blogar sobre a extinção do Bloco, para os jornais que são sustentados para fazerem o mesmo, será novamente aquando da fundação desse novo partido morenista, e depois de contarem os presentes na sala valerá tanto como uma corrente de esquerda no PS, ou seja, nada.

  3. Nightwish says:

    A confirmar-se a morte do partido à muito moribundo, fico sem ter em quem votar…
    Assim, é fácil qualquer Coelho nos levar de vencida. Resta saber o que fazem as pessoas sem representação política e portanto sem esperanças de mudança à medida que aquilo que precisam lhes é retirado.

    • Carlos says:

      Podem ir para a escola, p.e., apreender quando é que o á tem agá. Coisa elementar, portanto.

      • Já agora, ” o á” nunca tem agá, porque muito simplesmente mal existe. Já o a e o à, quando correspondem ao verbo haver, ainda usam essa preciosidade arqueológica.

    • nightwish- à muito moribundo escreve-se com “h” – fala do tempo e seu movimento – se quizer ír ao mercado escreverá “a” (preposição) e “a” – artigo singular” – Passos Coleho à tanto tempo a asneirar até “merece” mais complicação com H-Quanto à falta de esperança de contraponto político, há muito que os partidos, mesmo o fundado por General Eanes e que deu tanta esperança aos portuguses que votaram maciçamente – cêdo desapareceu – a essência que parecia ter não foi aceite – restam os palavrosos e os parasitas e os ladrões – ou o apodrecimento da dita democracia que não é do “demo”

  4. clara says:

    maria celeste ramos – já agora, se “quizer”, escreve-se assim: se quiser.
    peço desculpa.

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