Um amigo que vai viajar pediu-me um favor: que lhe pagasse uma passagem numa ex-scut por se encontrar esse meu amigo ausente do país.
Eu conto. Informado de que tem cinco dias úteis após a passagem na ex-scut para proceder ao pagamento e efectuando a viagem precisamente para apanhar um avião para outro país onde permanecerá uma semana, o meu amigo dirigiu-se a uma estação de Correios – cuja fila de espera, entretanto, aumentou substancialmente – para tentar pagar antes da utilização da viagem, já que depois lhe seria impossível. Não pode. Ou seja, pode, mas tem que comprar um dispositivo que custa 27,5 €, além de ser obrigado a fazer um carregamento suplementar de 10€. Não viajando o número de vezes suficiente para justificar a compra e não querendo comprar um dispositivo de via verde, o meu amigo viu-se na situação de me pedir um favor que me vai causar o incómodo de satisfazer burocracias inúteis. Vá lá que tem amigos a quem pedir. Porque podia não ter e, nesse caso, ou era roubado por ser obrigado a comprar algo que não se justifica, ou teria que partir de véspera por estradas alternativas para apanhar um simples avião.
Dos países civilizados do Norte diz-se que “as pessoas säo frias e distantes” e que “näo há amizade como aqui no Sul”. Porque basicamente, eles näo precisam dos amigos/família para sobreviver! Lá nesses países, em vez de mariquices pseudo-tecnológicas caríssimas (dispositivos electrónicos+”portais” nas ex-SCUT), compra-se um dístico, por 1 mês, 3 meses, ou 1 ano, e está a andar. Eles recorrem aos amigos é em casos sérios.
Ai e tal entäo mas e se o pessoal näo o compra? Problema deles. Nesses países a Polícia EXISTE e FISCALIZA o tränsito! Pasme-se! O meu tio alugou carro na Chéquia e seguia pela mesma AE quando, já na Eslováquia, é logo parado pela Polícia por lhe faltar o dístico. Ele näo sabia que era necessário, tudo bem. O único reparo que levou foi “E olhe que está com sorte! Se isto acontecesse na Áustria [o destino seguinte] a multa era 3 vezes mais!”. Pronto, lá pagou a multa, e seguiu, e assim que chegou à Áustria, novo dístico.
E se não pagasse a multa, faziam o quê, mandavam-la para casa?
Confirmo que assim é.
Pela minha experiência a norte.
Em teoria, pode pagar nos CTT ou postos “Pay Shop”, nos 5 dias posteriores à passagem nos pórticos. Digo em teoria porque, num caso em que me apresentei nos CTT 24h após passagem, estes ainda não tinham registos a pagar. Nestes casos há que pedir declaração ao balcão de como esteve presente para pagar as portagens da viatura x e que se viu impossibilitado pelo facto de as mesmas não constarem nos registos. Caso o funcionário recuse tal declaração, há sempre o recurso ao Livro de Reclamações para registar o facto.
Este processo de cobranças é do mais burlesco que já vi. Começa logo pelas isenções. Só tem isenção quem cumprir os requisitos para tal (tudo bem), mas tem que ter o descodificador da Via Verde. O que no meu caso só foi conseguido três meses após várias tentativas para o conseguir. Ou seja, três meses a pagar portagens que por lei estaria isento.
E ainda ache estranho a Brisa dar tanto dinheiro…
Essa malta que inventou este sistema de cobrança de portagens sem possibilidade de pagamento em numerário, no momento em que as auto-estradas são utilizadas e que, ainda por cima, deixa passar de borla todas as viaturas com matrícula estrangeira, parece que não estava bem da cabeça. Pior: ainda se andaram a gabar que esse era um dos melhores sistemas inventados para o efeito, e que iam comercializa-lo para Espanha, pelo menos. E ninguém lhes foi às fuças…
Eu, que não quero ser exagerado, acho que essa gente devia ser castigada, como o tal dr. Campos à cabeça, e o defunto ministro da economia e transportes (o tal que se dizia ser professor universitário) logo atrás, com umas grandes orelhas de burro.
Mas, no fim disto tudo, com o afastamento de muitos turistas espanhóis, quer da Galiza, quer, agora, no Algarve, quem se vai lixar somos nós todos – eles andam por aí calmamente, alguns armados em inteligentes…
Esta forma de cobrar nos CTT está profundamente errada, uma vez que exige perda de tempo e custos com deslocações que, está-se mesmo a ver, em nada ajudam a melhorar a produtividade do nosso País. Nem me parece que os custos administrativos que cobram a mais compensem efectivamente os gastos.
O sistema deveria ser ao contrário: quem pagasse pela via verde, deveria ter desconto, uma vez que as empresas concessionárias ganham muito com essa forma de cobrança.
Quem não entende isto?
ou então compra uma caçadeira e a viagem fica de borla.