EDP ou a “Casa Amarela”.

A EDP, que tenta ocultar o seu carácter empresarial feroz com a pele de um cordeiro filantropo, anda a pintar barragens de amarelo, sob o pretexto de Arte pública ou activo turístico. O Henrique Pereira dos Santos, consegue por-se na pele do lobo e chama-se a si próprio o conservador contraditório (eu chamaria a isso ser do contra, quando todos estão a favor e estar a favor quando todos estão contra). Eu acho que a EDP nos anda a roubar há tempo de mais. Com a agravante de pagar a alguém 150 mil euros (!) para gozar connosco em tom de amarelo. É como escrever num muro, em letras garrafais: ide-vos ****. Isto também pode ser considerado arte, pois as palavras também combinam bem com a natureza. Juízo! Até a população, que costuma usar a mesma paleta de cores que o Cabrita Reis nas fachadas das casas, acha a cor um asco. Uma habitante local chega mesmo a comparar o flagrante mau gosto com a bandeira nacional que podia lá ser colocada e tinha o mesmo efeito repelente. Não bastava a auto-estima deste país litoral estar em baixo, ainda vão ao interior atemorizar os pobres autóctones com a cor da loucura.

Comments

  1. Por acaso não concordo nada com a aversão cada vez mais publica de contestar a colorização das barragens. Até acho bem! As obras gigantescas não tem que ter sempre aquele tom sombrio e cinzento do betão. Este meu gosto é estritamente pessoal, como é normal que seja…
    No entanto, a reflexão acerca do tema levanta-me duas questões:

    PRIMEIRA – O “cinzentismo português”. Quando nesta terra alguém pretende fazer algo de novo, diferente, original, antes de ser ponderado o mérito ou desmérito da “obra” (seja em que ótica for), “o português” é imediatamente contra! Não pensa, não faz um esforço de reflexão. manda logo abaixo. Os exemplos estão por todo o lado; muito na arquitetura, na música, nas artes dum modo geral, e nas empresas, na gestão e na governação… A inovação, as ideias frescas e novas, são sempre mal acolhidas. Nesta terra, fazer algo obriga a respeitar regras seculares, preconceitos estabelecidos (e transversais social e politicamente). Como pode uma nação medrar se tem tanto receio do futuro, se o acolhe com desprezo, desconfiança (e muitas vezes com inveja subliminar).

    SEGUNDA – A EDP e o setor energético. Anda-se para aí a bater na tecla da competitividade, na necessidade de a obter reduzindo os custos salariais (e outros benefícios como férias, etc.) como se isso fosse a panaceia “salvadora”, quando na verdade uma grande parte do “problema” estará noutros quadrantes. Por exemplo no custo absurdo da energia, e na carência de dinamismo e criatividade (privada e estatal). Infelizmente o governo “esperança” (como se quis fazer crer) já deu mostras de mexer despudoradamente (sem restrições éticas, nem maneiras) no bolso da classe média (e baixa), não tendo o vislumbre de atingir as causas de raiz dos problemas que nos atingem. Como a energia cara!

    Enquanto cidadão, é-me indiferente que as barragens sejam amarelas, verdes ou cor de laranja (embora desgostando do cinzento…). Não obstante, pesa-me muito a miopia saloia de quem governa, a total ausência de escrúpulos quando se vê à luz das opções que toma, que afinal a pretensa competência técnica que teriam, não passa dum saco de vento… Pela primeira vez em muito tempo tenho a noção que está no poder um governo que detesta os portugueses, os culpabiliza e condena a uma contrição por “pecados” que não cometeram.

    Para governar uma nação é acima de tudo necessário amar as pessoas vivas e reais que a compõem. Tudo o resto vem depois.

    • maria celeste d'oliveira ramos says:

      Pois é adepto do maior impacto visual da Paisagem ?? assim percebo sendo que eu oensaria o oposto e tentar harmonizar a COR NA PAISAGEM sobretudo rural em vez de levar uma tapada nos olhos com esta aberração que nem sendo de arqt: pritzer escata – lá se vai mais um ítem se caracterização da paisagem através desta situação em “obra de arte” já que a sua designação técnica, a que se adiciona mais a arte de gastar dinheiro inutilmente e permissivamente ,e se calhar este amarelo ficaria bem no alentejo a referenciar o trigo, mas nem sequer já há nem trigo nem senteio nem pousio mas sim desertificaçºao levada ao limite, e felizmente que o alentejo é ainda sficientemente inteligente para ser só doirado e branco, que nunca nenhum Pritzer aí meteu o bedelho e até o Siza construíu o belo lagar branco se calhar pela grande crítica a que se sujeitou quando da expansão urbana de ´+Evora fora de muralhas que ora é branco ora é Robialac, como se cada paisagem não falasse por si mesma a pedir “esta” e a regeitar “aquela” cor quando não se era tão “universitário” manhoso de Independentes saberes

  2. Existe um “aversão cada vez mais publica de contestar a colorização das barragens”? Não sabia. Pensei que fosse o primeiro caso. Eu também não gosto nada do cinzentismo português. Sou pelo colorido e tudo e tudo e tudo. Desde que este tudo e este colorido em democracia. Vai-me desculpar, meu caro, mas em democracia convém escrutinar tudo. E se em 100 houver um que não concorda, os 99 terão de procurar saber se a sua opinião está assim tão certa como isso. Sobretudo quando envolve dinheiros eminentemente públicos, como é o caso, dado que a EDP ainda é uma empresa do Estado. E depois, quando vierem os chineses, mesmo que não em importe que gastem 100 mil euros em baldes de tinta amarela, devo esclarecê-lo que, fosse num país minimamente civilizado, com regras urbanísticas para cumprir, aquela cor não seria permitida numa casa particular, quanto mais numa barragem, no meio de um parque natural. O que não há neste país, não é falta de bom gosto e de bom senso. É educação.

    • A minha primeira frase – que citou -, está mal construída, como deve ter notado. Teclados e escassez de tempo combinam mal.
      Também acho que entendeu que o comentário vai um pouco além das barragens… Aliás, como o seu, com o qual concordo na parte final, quando diz “O que não há neste país, não é falta de bom gosto e de bom senso. É educação”.

  3. henrique pereira dos santos says:

    Nuno, deixei um comentário no outro blog, mas faço aqui também um, diferente. Eu não sei se toda a gente é contra, o que sei é que nestes últimos três anos colaborei com a universidade do Porto num projecto para a EDP distribuição (não tem nada com barragens) sobre um guia de integração de infraestruturas. E aprendi umas coisas sobre o assunto, nomeadamente a apreciar melhor as intervenções (não, não são exemplos de “só neste país”, são doutros países também ou sobretudo) em que se está perante a realidade do impacte visual irresolúvel. Nessa altura a opção não é entre maior ou menor impacto, mas sim entre impactos positivos ou negativos. Não vi a intervenção concreta no sítio, não sei como vai ser pintado o paredão todo (pode ficar pesado e excessivo se for todo amarelo, mas espero para ver), não sei como envelhece a intervenção, enfim, tenho muitas dúvidas. Mas há coisas interessantes no vi, a clarificação do que é e não é barragem (como é de boa prática na recuperação de estruturas antigas, as intervenções modernas são claramente distintas e não miméticas, muitas vezes) e o jogo entre o amarelo dos muros que se prolongam na encostas e as cores e texturas (reparou nas texturas?) da envolvente. Mas sabe, o que me motiva nesta discussão é que a intervenção em espaço público deve ter participação pública, e não percebo por que razão toda esta discussão não se fez antes da intervenção. isso sim, seria uma boa prática. Isso é ser do contra? E daí? Prefiro ser do contra porque tenho meia dúzia de argumentos que explicito a não ser capaz de ter outros argumentos que não sejam o seu: é óbvio que é horroroso. É que o óbvio tem muito que se lhe diga: Na minha rua estão cortando árvores/ Botando trilhos/ Construindo casas.//Minha rua acordou mudada./ Os vizinhos não se conformam./ Eles não sabem que a vida/ tem dessas exigências brutas.// Só minha filha goza o espetáculo/ se diverte com os andaimes,/ a luz da solda autógena
    e o cimento escorrendo nas formas (Carlos Drummond de Andrade)

    • “Mas sabe, o que me motiva nesta discussão é que a intervenção em espaço público deve ter participação pública, e não percebo por que razão toda esta discussão não se fez antes da intervenção”. Estamos de acordo, então. E continuo a dizer o que escrevi no Obliviário e aqui no Aventar: a EDP julga que entrega aos pobres utentes, visitantes, turistas, passageiros, uma obra de arte, um «activo turístico». Ao menos existe um estudo de mercado que o ateste? Ou a ideia saiu miraculosamente da cabeça do Pedro Cabrita Reis ou de algum técnico da EDP. Se existem outras obras pelo mundo fora e o o resultado das mesmas foi um sucesso lá, não significa que o vá ser cá. Já que trabalho em integração decerto ouviu falar na psicologia das cores e na própria leitura das mesmas: não são são iguais de cultura para cultura. O problema, neste país é que funciona a 3 velocidades: 1, a das elites que pensam muito à frente e se pudessem pediam ao Christo para embrulhar este rectângulo em papel de seda; geralmente não têm noção de custos e estão desfasados da realidade em que vive a maioria dos cidadãos; estes constituem a 2 velocidade e estão a marimbar-se e finalmente uma 3 velocidade que é a de políticos e administradores como a EDP que se aproveitam da extravagância dos primeiros e da inaptidão e da acrisia dos segundos. Depois, claro, temos barragens pintadas de amarelo, onde não há gente, os empregos escasseiam e as estradas têm mais buracos do que asfalto.

      • henrique pereira dos santos says:

        Nuno, o argumento económico parece-me que aqui não faz grande sentido. 150 000 euros são 150 000 mil euros e devem ser escrutinados, mas se por esse valor se conseguir transformar um passivo paisagístico como o que lá está há sessenta anos (ou coisa que o valha) num activo paisagístico acho um preço bastante razoável (preocupam-me mais o meio milhão do projecto da reintrodução da pesqueira em Alqueva, que não tem nenhuma utilidade social, só para dar um exemplo). E eu acho que vale a pena discutir se aquela intervenção transforma um passivo num activo ou não em vez de se desembestar numa discussão de gosto irracional. Eu tendo a achar que sim, que vale a pena, com as ressalvas todas que disse antes. E que intervenções emblemáticas em sítios que as mereçam são um activo económico a prazo, embora esse seja um fringe benefit e não o essencial da coisa (não para a EDP, mas para os operadores turísticos. A EDP o mais que tenha ganhar aqui é reputação, mais nada, o que não tem nada de censurável em sim mesmo). Aquela paisagem merece que a volorizem só por si, discutindo o custo, mas sem grande discussão sobre o retorno económico que daí vem.

        • Continua a não responder à minha dúvida. Conseguem? Conseguem esses 150 mil euros o retorno? Consegue o amarelo promover mais desenvolvimento local, contribuirão para que aquele território deprimido receba outro impulso? É esse o objectivo da EDP?

          • henrique pereira dos santos says:

            O objectivo da EDP é reputacional, tanto quanto percebo. Pode uma obra de arte, qualquer que seja, ser um motor de desenvolvimento? Pode, mas é raro e normalmente demora muito tempo a ter efeitos. Pode uma intervenção ser positiva para a notoriedade de uma paisagem? Pode e sucede com frequência. Quantos empregos cria? Muito difícil dizer, mas é verdade que um conjunto de intervenções sucessivas num sentido positivo melhoram a reputação de uma região (acontece isso com a criação das áreas protegidas, apesar do barulho todo à volta a dizer o contrário e a repetirem o fadinho das coitadinhas das populações locais). Isso é prazo pode de facto ir criando visitação e emprego. Não por cada coisa em si, mas por cada coisa no seu conjunto. Este tipo de intervenções podem ter um efeito de se iluminarem mutuamente. E sim, existem vários exemplos disso pelo mundo fora (muitíssimos em meio urbano, menos fora desses meios, mas também existem). Esta intervenção em concreto gera algum desenvolvimento? Não sei. Mas interessa-me primeiro discutir se cria uma paisagemmais estimulante. O resto vê-se depois.

  4. Edp é dos Chineses.. por isso o Figueiredo as começou a pintar de amarelo … não por gosto mas… para manter o tacho

  5. Luís Teixeira Neves says:

    Um passivo?! Mas passivo porquê?! Uma barragem não é um passivo. Nunca vi uma barragem como um passivo. Começamos mal.
    Reconheço que, por vezes, há demasiada poluição em torno de uma barragem. No caso do Tua quero estar certo da capacidade do Souto Moura de a controlar caso o projecto avance, mas não estou nada incomodado com o paredão (em si) e a ideia de o “pigmentar” ou pintar parece-me bizarra e constituinte, ela sim, de um passivo. Prefiro que o projecto não avance, o paredão não seja construído, não por, em si, ser um passivo, mas porque vai destruir um outro activo, o vale e a linha que permite o seu desfrute e também porque me dizem que, em si, é um (muito) mau negócio.
    Não consigo entender que a pintura da barragem de Bemposta seja outra coisa além de publicidade. Má publicidade. À EDP e ao autor, Pedro Cabrita Reis. Porque não me ocorre que seja outra coisa que não uma grosseria. Como a daquelas pessoas que pintam a casa de azul porque são do FCP, de verde porque são do SCP e de vermelho porque são do SLB. Nada mais.

    • henrique pereira dos santos says:

      Do ponto de vista da paisagem pode indicar-me uma única só (em Portugal) em que o seu valor tenha sido aumentado pela existência de um paredão de uma barragem? Assim sendo, se o valor da pisagem diminui com a presença do paredão da barragem, ele é um passivo. Simples (tão simples que existem uns estudos de percepção da paisagem que demonstram mais, demonstram que a mesma fotografia legendada como lago ou como albufeira é classificada pelas pessoas, do ponto de vista da qualidade da paisagem, como 20% abaixo no caso da albufeira). Quanto ao resto do comentário são questões de gosto. Os gostos afinam-se, mas não se discutem.

      • Se as barragens são passivos, então talvez a EDP devesse deixar de as construir, não vá acabar com défice. As barragens são um passivo para a paisagem e para as populações circunvizinhas, mas são um flagrante activo para os accionistas.

        • henrique pereira dos santos says:

          Pensei que era claro que estávamos a discutir apenas a questão da paisagem, porque é essa a única que está em causa com esta acção da EDP. Por isso tenho falado em passivo paisagístico.

  6. Luís Teixeira Neves says:

    O Douro que é património da humanidade tem barragens. E são estas que permitem a actual navegação turística. Estou-me completamente a borrifar para as pessoas quando muitas delas se metem naqueles barcos rabelos horríveis que actualmente poluem o rio. E os gostos discutem-se. Não se discutem é com quem não tem nível suficiente para os discutir. Mas está a fazer confusão. Eu, atrás, referi-me exclusivamente às barragens, aos paredões, e não às albufeiras que estas criam. E foi só para dizer que não carecem de pintura, pigmentação ou camuflagem. Têm a sua beleza.

    • henrique pereira dos santos says:

      Sim, mas as barragens que são um activo para a produção de electricidade e para a navegação turística, continuam a ser um passivo paisagístico. O Douro vinhateiro (não o Douro electroprodutor) é património mundial apesar das barragens e não porque inclui as barragens. Continuo a perguntar-lhe se conhece uma única paisagem em Portugal que tenha ficado mais valorizada por ter o paredão de uma barragem. Eu não conheço. Conheço várias que mantêm um elevado valor, apesar dos paredões das barragens, mas não conheço nenhuma que seja mais valorizada por ter paredões, mesmo que os paredões sejam bonitos.

  7. Luís Teixeira Neves says:

    Uma pergunta. Porque é que a barragem (de Bemposta) só está pintada (e mesmo assim parcialmente) do lado português?! Falta de autorização das autoridades espanholas?!

  8. henrique pereira dos santos says:

    Tanto quanto percebi da reportagem (é a única fonte de informação que tenho sobre o assunto) a intervenção está a um terço, não está acabada. Não me parece que haja qualquer problema de acordos com os espanhóis porque existe um acordo para a exploração electroprodutora do douro internacional que atribui umas barragens a Portugal e outras a Espanha, sendo que as portuguesas são gerida, integralmente, por Portugal. Mas não tenho informação suficiente para ter nenhuma certeza.

  9. Luís Teixeira Neves says:

    Um tanque onde faz falta é algo precioso. O projecto de Lúcio Costa para Brasília contempla uma barragem. Lembro-me de viajar na linha do Douro antes e depois das barragens e de a minha primeira impressão perante a primeira albufeira não ter sido nada negativa. Era ainda uma criança. As albufeiras das barragens no Alto Douro limitam-se a cobrir o que era o leito de cheia. Mais tarde fui conhecendo uma a uma as barragens na bacia do Cávado e a experiência não foi negativa. Certo que ver uma albufeira meio cheia ou completamente vazia não é agradável da mesma forma. Como um tanque sem água.

    • henrique pereira dos santos says:

      Não estou a discutir a utilidade da barragem (ou, em geral, das barragens). A percepção da paisagem é um processo complexo em que os valores do observador são muito importantes (daí o resultado do estudo que referi, que se repete quando a mesma fotografia é legendada como mata ou povoamento florestal). As crianças, porque não têm quadros de referência e identidade tão definidos, tendem a não rejeitar a novidade da mesma forma que os adultos (veja-se a citação que fiz do carlos drummond de andrade que é fantástica na captação dessa realidade). Daí que os engenheiros de barragens (ou, genericamente, todos os que têm uma forte convicção do valor intrinsecamente positivo das barragens), ou os engenheiros de estradas, ou os promotores imobiliários, ou os beneficiários de um determinado bairro social tendam a ver positivamente as rupturas de paisagem provocadas respectivamente por barragens, estradas, grandes empreendimentos ou bairros sociais. Da mesma forma que os conservacionistas tendem a ver uma paisagem natural nas arribas do Douro (ou no vale do Tua), que claramente não é. Mas tirando os grupos sociais com interesse directo (positivo ou negativo) numa determinada ruptura na paisagem, a generalidade das pessoas tendem a rejeitar alterações bruscas de paisagem porque isso mexe com as referências identitárias que a paisagem cria. Essa é a reacção das pessoas que aparece na reportagem, mas que seria exactamente igual à que teriam se, por razões técnicas, a barragem tivesse sido originalmente pintada com esta cor e agora a intervenção fosse no sentido de a pintar de cinzento. É porque a percepção da paisagem é mais que uma questão de gosto e porque a paisagem é um bem público que acho que este tipo de intervenções devem ser precedidas de discussão pública. Mas é também pelas mesmas razões que me recuso a embarcar numa discussão de gostos que rejeita imedita e emocionalmente qualquer ruptura de paisagem. O que está aqui em causa não é o paredão da barragem e a pintura do paredão da barragem, o que está aqui em causa é a paisagem onde está um paredão de barragem. A questão está em discutir se é preferível uma situação de nem carne nem peixe como a que existia, uma situação em que a barragem é um passivo paisagístico que se aceita resignadamente, ou se há maneira de não procurar esconder que está ali uma intrusão evidente, como um elefante numa sala, e então mais vale procurar criar um sentido positivo para essa intrusão, assumindo, orgulhosamente, que se a barragem é útil não é preciso pedir desculpa da sua existência mas conviver com ela sem complexos. O assunto merece mais que o preto e branco.

  10. Luís Teixeira Neves says:

    Pois já não sou criança e também não sou engenheiro e continuo a não ver as barragens, os paredões, dessa forma. Já bem adulto conheci a barragem do Alto Rabagão e experimentei perante ela e a sua albufeira espanto e admiração. Não será por acaso que se tem feito imensas fotografias de barragens, de albufeiras de barragens e de barragens em descarga.
    A pintura não acrescenta nada. Tira. A patine, por exemplo. O sentido positivo de uma barragem é a sua albufeira. Não precisa de outro. Mas até têm outro. O de ser ponte.

  11. Luís Teixeira Neves says:

    O Douro Internacional! Uma outra paisagem protegida com barragens. As arribas seriam mais imponentes sem as barragens?! Seriam mais altas. Mas perderiam contraste. O espelho de água das albufeiras dá-lhes contraste. E reflexo. E mistério.

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading