2012 A caminho de um país racional

Desde pelo menos 1974 que não houve ano em que não tivéssemos tido défice no orçamento do estado. E o mesmo seria a nível da da dívida não fossem as privatizações.

Ao mesmo tempo tornamos-nos um dos países com o maior número de proprietários (se é que podemos considerar proprietário quem fica a pagar uma casa até aos setenta anos).

Também conseguimos ser um dos países com mais quilómetros de auto-estradas e o estado sempre gostou de pagar mais aos seus funcionários (ou não) do que os privados conseguiam (ou queriam) aos seus.
Temos um sistema de saúde interessante (ou não) e gastamos na educação mais ou menos o mesmo que os outros países da europa.

Enfim chegamos a um ponto onde não há capacidade de inventar dinheiro como foi para as scuts, barragens ou parques escolares.

Não adianta (e não, não é resignação) dizer que não pode ser, que assim não vamos lá (sem apresentar alternativas)… é óbvio que vivemos muitos anos acima das possibilidades, basta comparar o nossos hábitos (pagar casa, andar de carro, jantar fora, etc.) com o salário médio português que não chega a 900€.

Só nos resta uma alternativa, liderar quem sabe liderar, inovar quem sabe inovar, replicar quem sabe replicar, trabalhar quem puder trabalhar.
Claro que ajuda se ao mesmo tempo que aparecem estas medidas, acabem com as poucas vergonhices como negociatas das scuts, barragens, e outras que estouraram o nosso (dos cidadãos que pagam impostos) dinheiro.

Talvez assim consigamos caminhar para um país racional que vive, com ambição, de acordo com as suas possibilidades.

Comments

  1. MAGRIÇO says:

    Nunca votei no melhor partido, nunca votei no melhor candidato: tenho-me limitado a votar no que me parece menos mau e, mesmo assim, senti-me sempre defraudado. Felizes aqueles que votam com convicção no “seu partido” e que, apesar de verem as suas condições económicas agravarem-se e o futuro do país comprometido, continuam a dar todo o apoio ao “seu candidato”. Será deles o reino dos céus, mas como não tenho tanta pretensão, peço-lhe, como favor especial, que quando encontrar quem saiba liderar e inovar não seja egoísta e partilhe connosco esse verdadeiro achado.

    • disclaimer: acho que nunca votei em nenhum partido que tenha ganho as eleições.

      >>quando encontrar quem saiba liderar e inovar não seja egoísta e partilhe
      assim farei. mas olhe que eu normalmente não procuro estas caracteristicas nos políticos ou pessoas de alto perfil, vou mais procurá-las a micro+pme ou algumas universidades… não estou à espera de encontrar um salvador da pátria

      • MAGRIÇO says:

        Acho que caçamos ma mesma coutada. Apesar disso, as desilusões acontecem.

  2. Pior do que o défice é o facto de termos a balança comercial deficitária desde há muito tempo e a tornar-se cada vez pior.

    Na realidade o bicho papão do défice das contas do estado pode, por princípio, existir sempre. Este acaba por reflectir a expectativa de crescimento do país (as dívidas só se podem pagar com crescimento ou contracção, sendo que na segunda hipótese a capacidade de pagar se esvai muito rapidamente).

    Um dos muitos factores que precipitaram a crise actual foi exactamente a estagnação do nosso crescimento nos últimos 10 anos. A nossa capacidade para pagar a dívida evaporou-se:

    Edição I: quanto ao resto, concordo contigo a 100%, não temos outra saída.

    Edição II: typos.

    • >>Na realidade o bicho papão do défice das contas do estado pode, por princípio, existir sempre.

      por principio pode, mas olhando para o nosso caso concreto vemos que o défice/dívida que deveria servir para investimentos que em 5, 10, 20 anos seriam reprodutivos foram no nosso caso simplesmente (no saldo liquido da coisa) um simples torrar dos milhões que por cá entraram

  3. Gostava de saber quem foi o génio inventou essa bonita ideia de que vivemos acima das nossas possibilidades? Trabalho desde os 18 anos, não tenho carro ando de transportes públicos para ir para o trabalho, e as poucas vezes por ano que vou jantar fora é ao macdonalds e afins. Não tenciono tentar sequer comprar ou arrendar casa porque a ganhar o salário mínimo é impossível. Alguém que me explique como é que eu e calculo que a maioria dos portugueses viveu acima das possibilidades ou como a culpa da divida é nossa?!

    • O meu entendimento da questão é o seguinte: se tivermos um negócio e se para esse negócio pedirmos 100€ emprestados, então o negócio para ser viável tem de produzir os 100€, mais o suficiente para pagar o juro, mais um bocadinho de lucro de modo a que valha a pena termos pedido emprestado o dinheiro (tipicamente entre 4 a 8% do capital investido já se considera um bom negócio). É claro que isto pode complicar, e complica, mas isto dá um esqueleto e enquadra a conversa.

      O que se passa é que nós, como país temos estado a pedir emprestado para pagar despesas correntes que não produzem retorno de espécie nenhuma ou que produzem um retorno muito diminuto. A pergunta legítima é: para onde vai esse dinheiro todo? Vai por exemplo para a saúde, educação, investimento (estradas, pontes, etc), para as os vários níveis das administrações públicas (não estou a ser exaustivo). É certo que a corrupção leva uma parte desse dinheiro, os nossos políticos roubam de muitas formas, mas o volume não é o suficiente para explicar o problema. Este é o problema do lado do estado.

      Do lado dos privados ainda temos um problema maior, pediram ainda mais dinheiro emprestado ao exterior que os próprios governos! E investiram em quê? Aqui o desastre é completo, investiram em imobiliário, em automóveis, nas suas próprias acções – tudo coisas que não produzem crescimento económico sustentado.

      Nesta perspectiva vivemos acima das nossas possibilidades.

      É claro que também não teríamos crescimento sem termos uma educação decentes, saúde, etc. Acontece que luminárias como o medíocre PR que temos, tomaram decisões estratégicas de desenvolvimento da economia erradas, adoptando pressupostos dogmáticos e inflexíveis que não produziram um ritmo de crescimento da economia suficiente para pagar as respectivas dívidas.

      • jorge fliscorno says:

        Acontece que luminárias como o medíocre PR que temos, tomaram decisões estratégicas de desenvolvimento da economia erradas, adoptando pressupostos dogmáticos e inflexíveis que não produziram um ritmo de crescimento da economia suficiente para pagar as respectivas dívidas.

        Mas que, em contrapartida, deram muitas vitórias eleitorais. A democracia é lixada.

    • MAGRIÇO says:

      Caro M, de um modo um pouco simplista, a coisa pode ser explicada assim: se somar o seu vencimento anual (475,00€ X 14 = 6 650,00€) com o de António Mexia (3 000 000,00€) a média dos dois dá 1 503 325,00€ (com um vencimento médio destes, ainda se queixa?). Do mesmo modo, o estado decide comprar submarinos, aviões, automóveis de luxo e outras mordomias (por exemplo, Portugal tem 123 generais, quatro deles de 4 estrelas, enquanto países “subdesenvolvidos” como a Alemanha e o Canadá só têm 1) todos nós, mesmo sem termos voto na matéria, somos “contemplados” com uma dívida “acima das nossas possibilidades”. E chamam a isto democracia…

      • jorge fliscorno says:

        Muito bom. Mas o Mexia talvez não seja o melhor exemplo (apesar da situação de monopólio privado). Talvez o presidente da REN, dos Correios ou da CP. Mas para ser mesmo um comentário cinco estrelas só falta uma nota (digo eu, que às vezes digo coisas): fizeram-nos ganhar eleições durante décadas com promessas (e realização) de estradas, obras, aeroportos, rotundas, pavilhões multidisciplinares, POLIS, formação profissional à la FUNDETEC, subsídios da CEE para não produzir e mais uma infinidade de coisas, não fizeram? É a vida, aguentem-se!

        • jorge fliscorno says:

          «Mas o Mexia talvez não seja o melhor exemplo»

          Já agora, isto não é nenhum elogio à gestão Mexia. Quem não faria o mesmo se pudesse praticar os preços que precisa para ter lucro?!

  4. maria celeste d'oliveira ramos says:

    MAs nunca houve tanto dinheiro + tantos milhºoes por DIA da UE mas nunca tivemos tantos LADRÕES – LADRÕES e pessoas que deviam ser PRESAS – mas nunca tivemos tantos desonestos mesmo tendo sido eis ministros – mas nunca tivemos tanto ladrão com cartão de crédito e nunca tivemos tanto membro na UE e façam CONTAS a quanto se gasta com a sua (destes) “ALIMENTAÇÂO” – é pior do que alimentar BURROS a pão de ló já agora, Pão de ló de Alfeeizerão que se pode comer até sem dentes
    E este PSD não fez nada em 2 mandatos PS do que 1º destruir-se por dentro vergonhosamnete – depois lá colaram os CACOS e durante 8 anos desfizeram sócrates que não sei como aguentou – miseráveis por mais asneiras que teha feito e fez – mas agora são ainda miseráveis porque não tendo mais partidos a destruir chega a quem, como eu, não é “governamentável” – olhar só para ontem não chega – pelo menos vejam desde 1986 e analisem o artigo que enviei de Miguel Sousa Tavares porque os habituais comentadores de TV e de jornais também vêem muito CURTO .- são apenas jornalistas de PASQUINS – e há jornalistas de TV que só dão ao rabo como a catarina furtado e o idiota do alentejano GORDO e luzidio que dá pelo nome de alato , que ganham pelo menos ambos, 7 mil contos por mês- e há oas centenas de topos de gama do governo central e das câmaras – ou seja, o dinheiro do OE não chega para alimentar tanto parasita – PARASITA – PARASITA e ninguém nos jornais fala deles e dos seus ordenados mas no entanto acabou o segredo BANCÁRIO excepto para todos esses ladrões – e a eis ministra das finanças no tempo do desastrodo governo cavaquista da década de 80 ,já vendia as jóias da corôa – mas ninguém se lembra – pena – só se olha para o lado – é bom que se olha para trás – até encontar a origem das coisas e quem as despoletou – a maior arvore nasce de pequena semente enterrada (não se vê mas está lá) – um pías de 10 milões de habitantes não precisa de tanto “enpregado do estado central e regional, que come 60% do OE – sem que possa evitar alimento uma ESTRUTURA PARASITA e mesmo criminoso do ponto de vista económico e cultural – os portuguses sabem governar-se e não precisam de uma estrutura destas que estrangula a VIDA e o viver e que nem perde os subídios de natal e férias, é aumentada .sempre, não perdeu nenhuna rehalia e deviam mandar para a rua e alguns para a prisão por crime económicos e de falta de moral e de ética . o PÂNTANO de facto existe – não o que é viveiro de peixes mas o que mata homens e vidas e esperança – é um país de merda feito por gente de merda, ignorantes, imbecis e vendilhões do TEMPLO

  5. Alternativa?! Pois, não sei…Agora matar o país na esperança de o ressuscitar não me parece boa ideia.

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