Como ao Ricardo, também a questão da paisagem me preocupa. Mas preocupa-me ainda mais o impacto que esta barragem terá na produção de vinho do Porto. Basta ver o que aconteceu com a Barragem da Aguieira para se perceber que o micro-clima do Douro será drasticamente alterado, tendo os nevoeiros frequentes e densos passado a fazer parte do dia-a-dia daquela região.
Elevada humidade favorece a incidência de doenças fúngicas, em particular o míldio [daqui]. A severidade da doença apresenta alta correlação positiva com o número de horas diárias de molhamento foliar e com a humidade relativa do ar maior que 90% [daqui]. O desenvolvimento da doença é favorecido pelas chuvas na primavera e pela formação de um micro-clima húmido junto à videira: terrenos impermeáveis, solos húmidos e muito férteis, plantações densas, nevoeiros até tarde, orvalhos muito fortes, etc. [do próprio Ministério da Agricultura, que, afinal, também sabe das consequências]
Há um bem precioso e único no mundo, e que constitui a forma de vida de muita gente, que está em risco para que uma barragem seja feita. Obrigado EDP pelo egoísmo-negócio. Obrigado PS pela propaganda-negócio. Obrigado PSD pela cobardia-negócio.
Obrigado, sincero, aos que procuram que esta calamidade não avance. Que, por uma vez, seja feita a vontade dos cidadãos em vez da vontade de alguns cidadãos.
O Vinho do Porto, sua região e cultura, parecem estar em perda. Não deixem de apreciar um bom cálice de Tawny com os amigos, tentem conhecer o Douro vinhateiro Património mundial da Humanidade, pois receio bem que não existirão para sempre tal como os conhecemos.
Espero estar muito enganado.
Bravo!… Vou tomar a liberdade de dar a maior publicidade a este texto, com os devidos créditos ao autor, como é devido.
David Ribeiro (Tovi)
Interessante leitura (e esclarecimentos técnicos):
“Plano Nacional de Barragens é bem-vindo.”
“Movimento anti-hidroeléctricas e a troika (I a VII)”
http://horabsurda.org/category/unica/
Também aqui: http://ecotretas.blogspot.com/2011/12/contas-das-novas-barragens.html
Doenças graves da videira – mildio mas também a filoxera tal que durante muitos anos até a terra ficar limpa com a morte e desaparecimento dos esporos do fungo do próprio solo, não se cultivaram vários hectares durante muitos anos porque quem cultiva não precisa de ministras para saber o que e como se faz -agora os que decidem no min da agricultura “é que sabem” que se num dos solos mais pobres (ver carta de solos) do país se cultiva o vinho único no mundo e que o mundo inteiro já conhece, não há como o betão para reter água – e parada – para acabar com paisagens e vida ancestral dos habitantes (agricultura tradicional ancestral) do vale do Tua só porque os governantes acham que governam bem e sabem de tudo e ficaram contentes por ser UNESCO pelo que se “outros” valorizam a paisagem, eles acham que ?’ sei lá o que acham – não acham, PERDEM
Não falei na luminosidade e qualidade do ar e temperatura do lugar + etc – não vale a pena falar