Presidente dos EUA = Presidente da Guerra

Quando Obama foi eleito muitos exultaram e chegaram a falar em novo mundo e nova ordem mundial.

Tolice e ingenuidade.

O presidente dos EUA, seja ele quem for, é o presidente de um império que tudo fará para se perpetuar como tal. O presidente dos EUA é, acima de tudo, o presidente da potência que, desde a 2ª Guerra Mundial, se afirma pela força das armas para estabelecer os desequilíbrios que lhe sejam estrategicamente convenientes, independentemente dos valores que o discurso oficial americano possa, num momento ou outro, propalar. Acontece que, após a Guerra Fria, o mundo se tornou mais ameaçador para os EUA, com menos aliados seguros e inquestionáveis, com mais frentes de “consolidação” da sua força, com maior dispersão de vontades e de movimentações. Assim, de “vitória em vitória”, as forças militares americanas foram-se exaurindo e exaurindo os cofres do estado, ainda que para benefício dos grandes interesses privados e senhores da guerra internos.

Obama, o presidente do país que mantém a sua supremacia pelo recurso ao aparelho militar, é, neste contexto, obrigado a redefinir prioridades e, sobretudo, a redimensionar o dispositivo bélico. Além disso precisa de focalizar e concentrar-se no único país que poderá a médio prazo substituir a América como próximo império mundial. E veio dizer, se tal fosse preciso, que os EUA não perderão a hegemonia pela via paz ou, por outras palavras, que enfrentarão pela guerra e pelas armas qualquer desafio à sua posição de império mundial. E veio, claro, desmentir quem – Academia Nobel, etc.- pensasse que poderia ser diferente nas atitudes, nos processos e no xadrez internacional. O cargo de presidente dos EUA depende pouco da pessoa que o exerce.

Comments

  1. Albano Coelho says:

    O presidente dos EUA é um funcionário de turno, o RP de quem realmente governa: Os grandes grupos económicos.

  2. neste ” aventar ” só existem desgraças . gostava de ver os ” bloqueiros” dos anos 60 com um bocadinho de poder..

  3. A. Pedro says:
  4. Nightwish says:

    Desde a segunda guerra? Nunca ouviu falar no Manifest Destiny?

  5. A. Pedro says:

    Ouvi, ouvi, mas talvez não tenha sido claro: referia-me à escala planetária, com uso efectivo do poder militar.

  6. Realmente é uma “chatice” os EUA serem “o império”… Fora eles quem melhor desempenharia o papel? Os russos? Os chineses? Os talibans? É muito simples (ou simplório) reduzir a visão do mundo a uma dinâmica maniqueísta do poder… Daí parte-se facilmente para o ódio ao “gigante” apenas por ele ser grande e naturalmente ter poder. Os EUA são, quer pela dimensão quer pela influência, um Guliver entre as nações. Defendem-se, reagem… Como todos. No entanto tem mais poder, souberam criá-lo, com o seu estilo de vida e cultura. Tem aspetos bons e maus. E quem não os tem? Malhar nos americanos já cansa e nada acrescenta. O Obama, se virmos bem, tem sido um presidente “diferente” em muitos aspetos… Mais “low profile” que o antecessor, mas mais efetivo… Por alguma razão se queimam menos bandeiras americanas hoje em dia e por alguma razão foram os jatos europeus a queimar a terra líbia… Ele fez o que os outros não teriam competência para fazer e depois, retirou-se…
    Ao autor da prosa, com o devido respeito, recomendo a leitura (tranquila) de “A Obsessão Antiamericana” do Jean-François Revel.

  7. A. Pedro says:

    Luís F

    Eu não posso ser acusado de anti americanismo primário porque, simplesmente, não o sou.
    Por outro lado, você parece ver um anti americano primário em cada um que critique os EUA, o que fará de si um pró americano primário.
    De resto releia o texto. Mas sem “A Obsessão Proamericana” de Luis F.

  8. Pedro, está a ver como são as coisas?… Consegui que você visse em mim um “pró americano” e ainda por cima, “primário”!… Deverei agradecer-lhe pela delicadeza com que debate ideias? Para si a questão parece resumir-se a ser “pró” ou “anti”… Mas olhe, este seu leitor atento nem é uma coisa nem outra. E também não gosta de ser chamado “primário” (seja lá no que for) só porque tem opinião um pouco diferente da sua… Pessoalmente estou-me nas tintas para o poder americano; simplesmente não me incomoda. E este meu “nas tintas” é muito calmo, relaxado e tranquilo… Prefiro que sejam “eles” a ter poder (ou ser “império”, como é moda dizer…) do que quaisquer outros. Entende? Apenas isso…

  9. A. Pedro says:

    Ok, retiro o primário e reponho a delicadeza, mas veja como são as coisas:
    Você fala em visão maniqueísta (simplória) das coisas. Fala em ódio ao gigante e eu julgo não o ter manifestado em nenhum momento. Diz que malhar nos americanos já cansa e eu nem me lembro de quando o fiz pela última vez (e nem considero que o faça agora, procuro ser apenas analítico).

    Se você não se refere a um anti americano primário (no caso eu), parece.

  10. Sabe, no caso do debate de ideias como em muitas outras coisas, por vezes (e muitas vezes…) o que parece não é… Ou então, é… Para uns, uma coisa para outros, outra… Temos de viver com isso… A “ciência” da democracia é conseguirmos fazê-lo sem agressão (pelo menos física…).

    Portanto não se sinta acusado de “anti americano primário”, porque não foi minha intenção melindrá-lo. Apenas tentei enfatizar que no ocidente – e muito na Europa – “batemos” muito no “americano, quando na verdade “nós” (e a “civilização” no geral) lhes devem já (uma vez que são “novos” pelo padrão das nações antigas), contributos importantes.
    Sinto que o “ocidente” perde muito tempo numa querela de virtudes “americano-europeia-outra coisa qualquer” quando na verdade somos atualmente um oásis de humanismo num mundo ainda vergado à mais cruel barbárie (ver videos “interessantes” no “Liveleak”…). Sem qualquer “mania” ou tique chauvinista, o ocidente deveria congratular-se com o seu papel (também tendo consciência das suas – imensas – falhas).

    E aí, se existe algum “império” ele é o da civilização ocidental num todo. E nós, portugueses, ajudámos a construí-lo e também fazemos parte dele, ainda que não tenhamos porta-aviões (e ainda bem!…).

  11. maria celeste d'oliveira ramos says:

    Não temos porta-aviões ?? e a base das Lages o que é naquela bela ilha açoriana ? até “oferecida de borla” e mesmo já usada para passar nem se sabe para onde, os que estão em Guantânamo – mas não quero saber disso – Para quem nunca foi aos USA proponho que vão “divertir-se” a Orlando (Disneyworld) que vai ver um bom retrato (outro) dos usa sem belicosidades e a mais sofisticada tecnologia ao serviço da “fantasia” – outra faceta inesperada daquele país de que todos falam e sempre opinam Quanto a Obama quem não se entusiasmou em todo o mundo como nunca, e lembro algo lindo no ano de ser eleito – perguntaram a um preto o que achava da sua eleição a presidente do tal grande país com a titudes, também, de muito pequeno – o preto respondeu – estou feliz porque deixei de ser só preto e passei a ser apenas “homem”.Que felicidade emanava daquele preto ainda com as marcas de 2 séculos de escravatura e desprezo do branco racista (que ainda não se erradicou é claro. Quanto ao resto “ele” – Obama – lá saberá com quem tem de lidar e de limar e nós para aqui a aventar. E se tão poucos portugueses nem lidam com os maçons e os ladrões de ourivesaria e de impostos, nem com a crimalhada à solta, nem com os ladrões de colarinho “branco”, nem com a escolinha que nada ensina aos meninos nem pequenos nem grandes, e outras pequenas-grandes porcarias deste rectângulo de beira mar, mais pequeno do que o mais pequeno Estado dos USA que até acolhe todos os GRANDES portugueses muito instruídos que daqui fogem porque nem tomates têm para ficar a trabalhar e inventar e criar, e devolver-me a parte do meu IRS com que estudaram de borla com todas as exigências porque só têm direitos e topos de gama só com acelerador, que atrevimento dizer o que quer que seja embora hoje se possa dizer não importa o quê a propósito de não importa o quê e quem – Pelos vistos cada um (país e pessoa) à sua “escala” – e, actualmente, os portugueses perderam a escala de tudo, mesmo depois de terem inventado o nónio e o sextante para todo o mundo (e medir as coisas mas não palavrar e pensamentos), os que hoje estão no poleiro passaram a ser muito pequenotes, e os mass media que nunca sabem se devem ou não estar deste ou daquele lado (ou não estar em lado nehum e apenas relatar) só seguem estes, e não os “outros” – problemas “oftalmológicos” com certeza – e os outros que andam por cá de lingua afiada, também, aprenderam a ler e escrever com a % do meu IRS e nem têm nada de interessante para dar a ninguém e nem se piram daqui (ou nem têm lugar noutro local)para não xatiar os que, mal ou bem e pouco ou muito, ainda tentam conservar alguma soberania e dignidade para o “sítio” e aprar os golpista e limpar o esterco dos que gostam mais de sujar que de limpar – mas alguém disse um dia que era preciso de tudo para fazer o mundo – cá estamos no nosso mundinho com a prata da casa já que, os que não nasceram aqui mas daqui fizeram o seu mundo, nem se atrevem a dizer mal daqui, pelo contrário e os que disserem, pirem-se, não fazem falta porque uma coisa é analizar, outra coisa é ser vazio na má lingua – fados

  12. portugues suave

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