Acampados: de Tianmen aos actuais indignados

Ao jeito de campanha suja e desonesta da sua prelidecção, esse ex-maoísta militante, chamado José Manuel Fernandes, com a ligeireza de um cérebro desprovido de massa encefálica,  enfunado de desonestidade intelectual ou das duas coisas, escreveu um ‘post’ abjecto. Da matemática cerebral que lhe escasseia, descobriu a seguinte lei algébrico-social: “Unidos contra a democracia”.

Confesso que estranhei o facto da ensaísta, de voz sensual e afectada, não se ter também indignado, como é habitual, contra os “Indignados”, no mesmo blogue. Ficámos, pois, reduzidos ao dislate de Fernandes que faz equivaler o comportamento censurável de cerca de uma dezena de nazis à atitude de mais de um milhar de cidadãos cívica e politicamente correctos que, com legitimidade e em obediência às leis, protestavam contra as medidas governamentais e em reacção às penosas condições de vida a que estão submetidos.

De todos estes juízos sumários,  de gente cujo desplante e a falta de verticalidade os levam a fácil ascensão social e profissional,  há histórias a lembrar. Uma delas é recordar que a Praça de Tianmen e a carnificina sobre acampados de que foi cenário em 1989 ficaram, definitivamente, gravadas na ‘História Política do Mundo’, no capítulo dos horrores contra a humanidade.

Ignoramos se, ao tempo, JMF ainda era maoísta. Mas temos a certeza de que ele, Passos Coelho, Paulo Portas, Catroga, Celeste Cardona, Braga de Macedo, Teixeira Pinto, de uma forma, e o parcimonioso e misterioso PCP  de outra, fazem parte do lote de ‘democratas’ portugueses amigos da China oligárquica, monolítica, ditatorial e imperial.

Quem tenha dúvidas sobre o terror do regime chinês – aliás, nossos patrões da EDP e provavelmente da REN – sugiro a leitura da primeira parte deste artigo do “The New York Review of Books”, onde se demonstra que a obra de Liu Xiaobo – Nobel da Paz actualmente preso – é esclarecedora quanto à evolução da ditadura chinesa até à situação actual, época em que começam a caminhar na consolidação do domínio do mundo. Com a conivência das empresas e poderes ocidentais, diga-se.

Versão do artigo em português:Ele disse a verdade acerca da Tirania da China.

Comments

  1. Joao says:

    Entre esses e os bloquistas defensores dos Taliban (como já ouvi um conhecido bloquista que agora anda por bruxelas fazer)…

    Mas nesse caso o que interessa o passado?

  2. Carlos Fonseca says:

    Caro João,
    O passado explica o próprio passado, o percurso e o presente. A vida dos seres humanos, das insituições e de todo o tipo de organizações não se corta à fatia.
    Se há bloquistas a defender os Taliban, tb. não merecem o meu apoio.

  3. clara says:

    Bem, que eu saiba, o PCP, não é, nem nunca foi maoísta.
    Aliás, os nossos maoístas nutriam e nutrem um ódio figadal ao PCP. Não percebo o que faz este partido nesse artigo.
    Mais, quem neste momento está a tratar o seu povo como lixo, é o governo e o presidente da república portugueses, que, para além de nos considerarem absolutos e colossais atrasados mentais, nos querem confiscar as casas, os carros, os terrenos, a televisão, o cão, o gato… e as pantufas.
    Apesar de não simpatizar com o regime chinês, prefiro que eles ataquem com empresas, do que ataquem com bombas, como a NATO, ou antes, aqueles países que se sabe fizeram, no Iraque, no Afeganistão, na Líbia; que vão fazer na Síria, no Irão… e por aí fora. Ou com golpes de estado que os americanos já deram na sua coutada a sul, como no Chile, etc.
    Abraço

  4. marai celeste ramos says:

    Xina-Tienamem-escusamos de visitar a xina – dos que tenho por vizinhos, virão juntar-se muitos mais com certeza e nem sei quem os “mandou chamar” ?? Com o aval do presidente da República ou nem deu por nada ??? e nem teve uma palavra a dizer ou quem tem a última palavra é quem – O PR Já mem disparates diz ?? ??? É só status e há tantos anos ?? E nem conseguiu fazer “mealheiro” para ir para casa de pantufas ??Ninguém o apeia ??? e Xina CÁ para pagar à Moody’s (e o país a parte que lhe cabe – cabe mesmo ???) e a que preço será ?? Até parece que HOJE (23 janeiro) começámos, MAL, muito mal; o signo do “dragão” que parece ser ano da “abundância” – de quê para nòs ??? – Nem os adivinhos adivinham, mas poderíamos perguntar a Angola onde entraram e se instalaram e parece que estâo para ficar -minha querida Luanda

  5. Carlos Fonseca says:

    Clara,
    Compreendo que discorde da alusão ao PCP. Também para mim, creia, não foi fácil fazê-la. Simplesmente por honestidade intelectual, e abrindo todo o leque político português, o silêncio do PCP em relação à China de hoje, não maoísta, ou mesmo as palavras elogiosas em relação à Coreia do Norte (Bernardino Soares) constituem cumplicidades que jamais posso calar.
    O PCP, ao invés de relações amistosas com o PC Chinês, deveria assumir um papel de forte crítica sobre a “pátria actual das multinacionais”, onde a escravidão e as infracções em matéria de direitos humanos constituem o pão de cada dia. E não o faz. Silêncio e muita parcimónia.

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