Sócrates e Passos Coelho: Uma diferença

Quando ouvi o Presidente da Câmara de Cabeceiras de Basto a propósito do encerramento dos Tribunais, referindo que todos os dias o Governo ataca um sector diferente (o que até é verdade) – serviços de Saúde, de Educação, etc. – lembrei-me de José Sócrates.
A verdade é que, apesar de tudo, há diferenças entre Sócrates e Passos Coelho. Independentemente das medidas, que são mais ou menos as mesmas – e por agora não me vou pronunciar sobre o encerramento dos Tribunais (que é diferente, ainda assim, de encerrar Escolas e Centros de Saúde), Sócrates personifica o que de mais odioso tem a política. Porque se Passos Coelho ataca os serviços públicos em nome do Orçamento, Sócrates atacava de forma constante os próprios funcionários, os próprios profissionais, em nome de guerras mesquinhas que tinham como única intenção pôr uns contra os outros.
Foram os Magistrados, depois foram os Professores e por aí fora. Nunca me senti insultado por Nuno Crato, por exemplo, apesar de não concordar com as suas medidas. Mas nunca fui tão insultado e humilhado, directamente, como no tempo da Prevaricadora Maria de Lurdes Rodrigues.
Estou completamente à vontade para escrever isto, até porque tenho batido em Pedro Passos Coelho, desde o princípio, com alegria e entusiasmo. Por isso rapidamente mudarei de opinião se vir que, afinal, estava errado.

Comments

  1. jorge fliscorno says:

    Concordo, Ricardo, os anteriores governos foram inenarráveis quanto a virar uns contra os outros. Basta recordar Valter de Lemos e as afirmações traiçoeiras em dias de greve, por exemplo.

    Mas esta táctica não começou com Sócrates. Ao que me recordo, Leonor Beleza foi a pioneira nesta cobarde abordagem quando, para impor mudanças, começou com a descredibilização da classe médica.

    E neste governo é de ver certas declarações no sector dos transportes.

  2. relvas e os seus muchachos apenas seguem o próximo passo para a guerra civil da classe média: fomentar a FP contra os trabalhadores precários do privado, fazendo-os esquecer a verdadeira luta de classes que estamos (em Portugal e no resto do mundo) a perder desde 1970.

  3. mortalha says:

    uma das razões porque concordei com o BE na sua moção de censura. antes uma direita que chicoteia a manada do que uma suposta terceira via pseudo-socialista formada em cartel de corrupções!
    agora que a merda está na ventoinha, vamos ver de que cêpa veio este povo…

  4. Jorge Anyous says:

    Chega lá mais depressa do que pensa.Para sua desgraça e nossa.Não tenha ilusões.

  5. FSerra says:

    Muito bem observado.

  6. Dora says:

    Entre um e o outro – e como dirão os Ingleses – Come the Devil and Choose One!

  7. Dora says:

    Já agora, e porque me lembrei da anedota….

    “Quando, por falta evidente de recursos à mão, temos de limpar o rabo a dois dedos da dita, veremos que não há qualquer diferença de odor, se formos levados a cheirar um dedo e o outro”

    Esta é a diferença, metaforicamente falando.

    De bosta.

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