Não Sejas Piegas, Ó Zé

NO PAÌS DOS CHORÕES, VIVEMOS DE NIQUICES E PINTELHOS

Apesar do que o título e sub-título deste texto podem sugerir, no lugar do senhor Primeiro Ministro eu teria usado termos mais duros e cáusticos.

Na verdade vivemos num País de chorões. Damos relevo a niquices e “pintelhos” (razão tinha o antigo Ministro) e os dirigentes políticos, sindicalistas e afins, jogam com as palavras e com alguns factos para distorcer a realidade e com isso poderem ganhar alguns beneficios.
Vivemos num País onde nunca nada está bem, desde que tenha sido feito ou deixado de fazer por alguém que não seja da nossa cor política, religiosa ou clubística.
A frase “é mau porque tem cão e é mau por o não ter” aplica-se com toda a propriedade ao pensamento constante dos  nossos concidadãos.
Ninguém gostou que o senhor Primeiro Ministro nos dissesse para deixarmos de ser piegas. Mas na realidade nós não somos muito mais que isso.
Habituamo-nos ao longo dos últimos anos a que nos dessem tudo sem termos tido necessidade de lutar para o alcançar e de preferência sem que tivessemos muito trabalho. Conquistamos direitos sem darmos contrapartidas nos deveres. Ao longo de anos, aprendemos a ser calaceiros e a deixar para amanhã o que deveríamos fazer hoje. Deixamos de ser exigentes connosco e com os outros, especialmente connosco, aceitando facilmente a realidade de nos igualarmos pela medíocridade. Deixamos de ter orgulho em mostrar as nossas muitas capacidades e passamos a penalizar quem se notabilize por elas. Não ligamos ao essencial e preocupamo-nos com o supérfulo. E com todo esse hábito que se enraizou na nossa sociedade, passamos a entender que só chorando nos dão o que queremos e que entendemos ser nosso por direito, adquirido ou herdado. Entendemos que somos uns “calimeros”, e choramos por tudo e por nada. Uma pieguice pegada.
Mais do que nunca está na hora de trabalhar, e só depois de ultrapassarmos esta crise, que hoje é de todos nós, poderemos pensar nos nossos direitos e nas benesses a que todos julgamos ter direito.
Dos países em dificuldades e intervencionados, olhemos para a Grécia e para a Irlanda e pensemos com qual dos dois gostaríamos de ser comparados.

Comments

  1. Caro José, fantástico texto! Subscrevo-o inteiramente!

  2. Jaime Marques says:

    A escrita que faz no plural (nós) insulta todos aqueles que não fizeram esse percurso procurando generalizar um comportamento para ter mais eco. Quanto a lições de moral de um rapaz que nunca estudou a sério, que andou sempre aos saltos no conforto do PSD, no Parlamento Europeu e na empresa de tio Ângelo, não muito obrigado!

  3. João says:

    Fala por ti camarada! Fala por ti.

  4. E quando não somos “calimeros” suspirando entre dentes “It’s an injustice, it is!” é porque somos “Patinhas” e tomamos banho de notas no mais recôndito silêncio…

  5. Quanto mais leio o texto, mais gosto dele! Fiel retrato de uma grande maioria indolente e interesseira!

  6. Nightwish says:

    O pior é a quantidade de pessoas que ainda acredita nesta patetice, insistindo em perder dinheiro e direitos em favor dos mestres que acumulam mais numa guerra de classes em que não vamos a jogo à décadas.
    É caso para perguntar, novamente porque ainda ninguém respondeu, quando será então a altura para ser piegas? Quando chegarmos com o desemprego aos 25%? Quando chegarmos ao nível da Grécia? Quando nos expulsarem também a nós do Euro? Quando tivermos os mesmos direitos que os cidadãos e trabalhadores da China? Ou de Angola? Quando voltarmos ao século XIX?

    Quanto a sermos comparados com a Irlanda ou com a Grécia, a escolha não é nossa é à muito que foi feita; e tem muito menos a ver com o facto dos trabalhadores serem privilegiados e cheios de direitos do que com a corrupção (legal e ilegal) e desigualdade económica, lições que nunca quisemos aprender.

  7. Luís says:

    Pode falar por si, pela sua família, pelos seus amigos e próximos.
    Eu falo por mim, pela minha família, pelos meus amigos e pelos que comigo trabalham.
    Por isso devo concluir que o país está assim por sua culpa e de fulanos como voçê que não gostam de vergar a espinha!

  8. Não José Magalhães. O problema é termos quem nunca fez nada na vida a dar lições de moral (?!) a quem trabalhou a vida inteira. O que faltou a esse puto mimado foi passar por algumas das minhas professoras. Garanto que não falava agora assim! Ele que cresça e se faça homem! Que ande na rua sem os capangas! Quero ver se o menino tem tomates para isso.

  9. É engraçado! Não imaginava que houvesse tantos “vidrinhos de cheiro”! Basta um idiota qualquer chamar piegas ao povinho, e ei-lo que se sobressalta, que se indigna, que se ofende!

    Grande povinho este que, em vez de fazer uma séria introspecção e tomar atitudes mais sérias e menos pueris, se dedica, durante dias a fio, como se de uma questão de vida ou de morte se tratasse, a contestar o referido adjectivo e a defender-se acerrimamente não sei contra quem ou o quê!

    Enfim, atitudes noveleiras e falsas indignações que servem para camuflar uma muito pouca vontade de mudar atitudes e comportamentos!

  10. Isabel G, então sou obrigado a concluir que você é uma piegas!

    piegas
    (origem obscura)
    adj. 2 g. 2 núm. s. 2 g. 2 núm.
    1. [Depreciativo] Que ou quem é muito sensível ou assustadiço.
    2. [Depreciativo] Que ou quem se prende ou se preocupa com pequenas coisas ou com coisas consideradas sem importância.
    3. [Depreciativo] Que ou quem se lamenta demasiado. = LAMECHAS

  11. E eu levada a concluir, caro Hakeem, que interpretação de textos não é definitivamente o seu forte! Nem sequer com assíduas visitas ao dicionário!

  12. Idem, idem, aspas aspas Isabel G. Chiça!…

  13. Nightwish says:

    IsabelG, continua sem responder. Quando temos direito à pieguice, antes ou depois do cenário posto pelo The Economist, Wall Stree Journal e Financial Times?
    Quanto a mudar de atitudes, há muita gente que já mudou: deixou de ter 3 refeições por dia e de comprar medicamentos.

  14. maria celeste ramos says:

    MAs que conversa edificante e aibda há quem se dê ao trabalho de responder e perder tempo com vazios – os “aventares” mereceriam melhor

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