Merkel já dá palpites sobre o cozido à portuguesa

Aquela variante do homo sapiens sapiens que conduz o destino da Alemanha (para perder mais tarde ou mais cedo uma guerra, que isso é destino) abriu a boca para falar da Madeira.

Na ausência de moscas até pode parecer que não soltou disparate. Mas saiu, por omissão: a Madeira teria muito mais fundos comunitários para gastar (provavelmente mal, mas isso não é novidade nenhuma e é problema nosso, que não discuto o que faz a Alemanha aos seus) se um mirífico offshore não lhe tivesse aldrabado o PIB. E com mais esses 500 milhões nem o Alberto João conseguia gastar tudo em estradas, até porque teriam de ser utilizados no combate à pobreza (mais desvio, menos desvio, é verdade). Mas os offshores, a vigarice de forma e em forma do capitalismo actual, dão jeito a toda as merkles do mundo.

Entretanto vou-me sentar confortavelmente à espera, a eternidade ainda demora um bocadinho, que alguém no governo do meu país explique à gaja que ainda não chegou à Madeira. Embora pela parte que me toca, se votarem os naturais por fazer da ilha um protectorado alemã, nada a obstar; excepto as Selvagens, saibamos ficar com o que ainda não foi betonizado e sempre é o nosso extremo sul, pode fazer falta.

Comments

  1. Se fosse a Alemanha que estivesse perto da bancarrota e Portugal tivesse de desembolsar milhões para lhe equilibrar as finanças, talvez nos interessasse “o que a Alemanha faz aos seus”.

  2. marai celeste ramos says:

    O presidente dos Açores regiu logo de imediato contra a senhora no mesmo tempo do noticiário

  3. A Alemanha nos últimos 100 anos teve três “bancarrotas”, mais ou menos tantas como Portugal, a Grécia ou quaisquer outros. Acontece aos melhores!
    Quanto ao despesismo e obras de betão, infelizmente não foi só na Madeira. Olhem à volta…

  4. Acontece ao melhores? essas bancarrotas são consequência do pior que a humanidade tem: guerra, rapina, genocídio, provocados pela própria Alemanha.
    Como comparação parece-me um bocado relativista, para não lhe chamar outra coisa.

  5. Meio Vazio says:

    A senhora disse: o grande investimento feito pela Europa, por exemplo, na Madeira [sobretudo com dinheiro dos contribuintes alemães, claro!], não se terá traduzido num aumento da competitividade da ilha.
    O que a senhora disse é falso? Ok., rebata-se a sua opinião.
    O que a senhora disse é verdade (a julgar pela algazarra contra Jardim nos últimos meses do ano passado, diria que sim)? Então, por que se dispara contra ela? Apenas porque há 70 anos os alemães, liderados por um idiota austríaco, protagonizaram o maior disparate do último século? Convenhamos que é uma chantagem miserável. Mas que vai funcionando a favor dos pelintras. Quando os contribuintes alemães se livrarem do complexo de culpa das tolices dos seus avós (parece que os franceses 150 anos antes, com Napoleão não fizeram o mesmo…) vai ser lindo.

  6. Tito Lívio Santos Mota says:

    Se há governante que desprezo em Portugal é o gafanhoto da Madeira.
    Mas, alto e para o baile, a Merkel que meta o bedelho onde é chamada.
    Portugal sempre foi o país europeu que mais contribuiu per-captia para o fundo europeu.
    Ou seja, cada contribuinte português paga mais para estar na Europa que qualquer Alemão.
    Recebe muitos fundos?
    Não mais que regiões francesas como o Languedoc-Roussillon, inglesas como Conventry, ou alguns Landers alemães, sobre tudo a Leste.
    O dinheiro é para fundos estruturais que alinhem o conjunto da Europa por uma tabela comum.
    A Madeira se recebeu fundos foi porque consideraram que precisava deles.
    O AJJ gastou-os mal?
    A Comissão que intervenha. Mas não a Merkel, muito menos sob o pretexto falso de que “quem paga são eles”, quanto até, por acaso, “quem paga” somos nós.

    Tito Livio

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