Passos Coelho vaiado

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‘Quem semeia ventos colhe tempestades’, diz a sabedoria popular. Esta manhã em Gouveia, Passos Coelho foi alvo de estridentes vaias por parte de cidadãos que, assim, reagiram aos nefastos efeitos sociais das políticas de desemprego, de agravamento da carga fiscal e de injustiças sociais na saúde e outros domínios, de que muitas centenas de milhares de portugueses são vítimas. Uns no caminho da pobreza, outros com a miséria a bater à porta ou já dentro de casa. Tratou-se de uma manifestação muito participada, cuja realização, que se saiba, não foi reivindicada por qualquer organização.

Aos políticos, recomenda-se a ida a festas e romarias apenas em tempos de eleições. No poder, a executar uma política sem nexo de dogmática austeridade, é mais indicado que se refugiem em ‘Fortes’, ‘Palácios ou ‘Areópagos de Política Internacional’ – o ‘Paulinho das Feiras’ é que sabe desta poda.

PPC teve o mérito de não imitar Cavaco na fuga à contestação. Afirmou: “Sei que o salário mínimo é baixo”. Eu, pelo meu lado, sei que o descontentamento é enorme e está em crescendo. O povo beirão deu disso um exemplo.

Coelho terá, pois, de cuidar-se, perante a multiplicação de famintos “lobos” que, em número, transcenderam e muito a numerosa comitiva de guarda-costas e agentes da PSP de que se fazia acompanhar. Se provou queijo na feira, é bom que faça um esforço de memória para não esquecer o sucedido, em futuras passeatas.      

Comments

  1. É bom sinal… mas é preciso muito mais!

  2. joao says:

    Com o queijo, não.

    Mas com uns tomates…é carnaval. Ou não é?

  3. Dora says:

    Mas afinal, o Passos Coelho foi vaiado ou saudado?

    Ouvia-se muito mal…

  4. Nuno Castelo-Branco says:

    Tudo muito bonito, mas gostava que me dissessem qual é a alternativa? Instalarmos o camarada Jerónimo “à cubana”?É isso que pretendem? Como?

  5. Dora says:

    #4,

    Continuo a ouvir, especialmente a ler, a pergunta sobre: “Mas então, digam-me qual é a alternativa…”

    Os milhares de desempregados e as centenas de novos desempregados diários, 1 em cada 3 jovens sem emprego, os que têm de emigrar, os velhos que vão à farmácia e perguntam qual dos medicamentos será o que devem levar porque se levarem todos, não podem comer ou pagar a água e electricidade, os que vivem das refeições da caridade alheia……

    Tenho a certeza que não lhe vão falar do camarada Jerónimo.
    Talvez lhe perguntem, caso se mostre interessado, se conhece algum sítio onde possam trabalhar ou pedir mais ajuda para poderem sobreviver; enquanto esperam que os Nunos Castelo_Brancos deste país decidam se há ou não há qualquer alternativa….

    • Nuno Castelo-Branco says:

      Lá vem Salazar outra vez… Quando falei de Jerónimo, tal se deveu precisamente ao “argumento Salazar” que o citado usa e abusa, como se houvesse hoje algo de remotamente parecido!? A verdade é que nem sequer a indústria do Plano de Fomento temos e muito menos ainda, a arcaica agricultura que no pós-25 de Abril, deu para umas brincadeiras. Carlos, o Estado Novo ficaria horrorizado em bloco com aquilo que se passa na nossa economia de hoje, esta é a incómoda verdade. Enfim, a questão que deixo à Dora e ao Carlos Fonseca, é simples: estando o país descapitalizado, sem produção própria – e não me venham dizer que os sucessos de 74 e 75 não tiveram qualquer influência nisto -, completamente dependente do financiamento externo, cheio de erros crassos de “desenvolvimento” insustentável – os tiques pequeno-burgueses do betão – etc, etc, conseguem vislumbrar outra saída? Parece-vos que quem tem esse dinheiro estará disposto a brincar a sociais-democracias em países com uma natalidade deste tipo e sem qualquer hipótese de se manter este tipo de Estado Social? Bem gostaria eu que tal fosse plausível, mas a menos que se ergam barreiras e obriguemos chineses e indianos – fora os outros -a pagarem direitos para os seus produtos entrarem na Europa, simplesmente estamos a condenar a nossa indústria. Quando digo “nosso”a, refiro-me ao espaço comunitário, Alemanha incluída a médio prazo.
      Falando dos republicanos que julgam haver sempre mais “uma oportunidade de regeneração” – não há, acabou-se! -, há dois meses e em conversa com D. Duarte, dizia-me que talvez fosse preferível pesarmos bem a situação e vermos se não seria preferível declarar-se a bancarrota, evitando-se pagar os juros da extorsão a que estamos sujeitos. Falou mesmo m usura, agiotagem e outros termos que não quero aqui deixar escritos. Claro que me disse ser contrário ao não pagamento da dívida – há quem leve a sério o conceito de honra de uma nação – , …”mas com juros destes, não teremos qualquer possibilidade de sairmos do círculo vicioso”. Talvez tenha razão.
      Dora, a questão da aplicação dos fundos europeus, não depende de nós e aliás, devo dizer-lhe que tenho a certeza absoluta de que a nossa situação seria hoje muito pior, se o Sr. Barroso não fosse o presidente da comissão europeia. Talvez fosse possível a tal dinamização da economia, mas não consigo vislumbrar a razão pela qual os holandeses decidissem de repente, construir fábricas em Portugal em detrimento daquilo que poderia ser feito no seu próprio território. Apenas os néscios acreditam em mundos rosados e de facto, há que tentar utilizar todas as armas de que podemos dispor. lembra-se da reacção do Sr. Schultz à ida de PPC a Angola? Pois, a verdade é que eles procuram afastar todos os empecilhos e neste mundo que muitos querem ver globalizado, vinga sempre a lei do mais forte. Jamais critiquei qualquer investida socrateira ou passista em África, América ou Ásia, pois é esse mesmo o nosso futuro, na esteira daquilo que durante séculos sucedeu. Apenas esta imbecil “geração luso-europeia” ainda tem ilusões.
      Dora, apenas lhe deixo mais uma questão, ou melhor, um dilema a resolver: como poderemos nós manter o Estado Social sem recorrer a um constante aumento de impostos? É que a massa produtiva encolheu, há menos pagadores activos e assim, o ónus é cada vez mais gravoso sobre um número cada vez menor de contribuintes! É claro que existem outros instrumentos possíveis – barreiras alfandegárias, um certo proteccionismo sem exageros – mas já nem sequer temos o recurso da nossa moeda que a ser um dia restaurada – parece-me que tal acontecerá, gostemos ou não -, não poderá ser exclusiva de Portugal, mas sim tratada de outra forma e talvez incluída num espaço mais vasto onde estejam países da CPLP, num “núcleo duro” composto pelo Brasil, Angola, Portugal e Cabo-Verde, na primeira fase. Se quer saber a verdade, é este um sério estudo que a Causa Real está a fazer e é mesmo uma opção a ponderar.

  6. Dora says:

    5 alternativas.Não são minhas, como é óbvio. Mas são conhecidas. Estou certa que concorda:

    1- dilatar, no tempo, o pagamento do empréstimo;

    2- renegociar o valor dos juros desse empréstimo;

    3- investir na dinamização da economia, apoiando empresas e negócios que façam a diferença;

    4- utilizar os fundos europeus disponibilizados para dinamização da economia

    4- investir no crescimento do mercado interno, pagando salários justos e reavaliando impostos gravosos para famílias e empresas

    5- ser capaz de um discurso político sério, honesto, mobilizador e de esperança

  7. #4
    Nuno, essa redutora arma de arremesso do Jerónimo é o habitual truque do maniqueísmo. O ‘Princípe’ de Maquiavel está para a direira portuguesa como o corão para os islamitas ou a bíblia para os católicos.
    Não sou comunista, nem filiado em qualquer partido. Sou de esquerda, defendo a justiça social, combato as desigualdades, a agiotagem e as políticas desastrosas deste governo. Sou do contra, republicano e é no diálogo, sem etiquetas nem jargões, que me oponho com respeito a quem seja monárquico.
    A severa austeridade que, em Portugal, Grécia, Irlanda, Espanha e Itália, dizimam a vida de milhões tem alternativas doutrinárias no seio da própria da social-democracia (PSD) e da democracia-cristão (CDS-PP). O mal é que estes partidos, em conjunto com o PS, amparados pelo FMI e UE, optam por derivas ‘neo-liberais’ que destroiem a economia social de mercado e os mecanismos do Estado Social Europeu; fundado por Bismarck, lembras-te?
    Até já há comentadores de direita a criticar: Pedro Lomba, por exemplo.
    Deixa-te, pois, de réplicas dessa salazarenta ideia: ou são a favor do Estado Novo ou são comunistas.

  8. Nossa, nossa
    Assim você me mata
    Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego

    Michel Teló – AI SE EU TE PEGO

    Só faltava este refrão no sábado em Gouveia!

  9. MAGRIÇO says:

    É um reflexo recorrente: os simpatizantes (vá lá saber-se porquê…) da monarquia não perdem uma oportunidade para acenarem com um qualquer reizinho tirado da cartola e exibido como o salvador da pátria. Será nostalgia da promiscuidade que reinava, mais do que o monarca, entre os representantes da “nobreza” e fidalguia decadentes desses tempos? A Declaração Universal dos Direitos Humanos ensinou-nos que todos nascemos iguais em oportunidades e direitos, mas há sempre quem gostasse de prestar vassalagem a uma patética teoria de linhagem e direitos hereditários. Não se é nobre por herança, mas por formação de carácter.

    • Nuno Castelo-Branco says:

      Caro Magriço, vamos lá então a mais um desses mitos da “Estória de Portugal”. A partir do século XVII, é raríssimo encontrar membros da Nobreza com mais de duas “gerações de classe” na administração pública. Quer um bom exemplo, talvez o mais conhecido? Pombal e segue-se Pina Manique, etc.
      Quantos aos direitos hereditários, olhe, agora ainda existem sob o sofisma de “direitos adquiridos”. Pense no caso. Olhando para a teoria e para a realidade da prática, não lhe parece que existe uma contradição perfeita? Onde é que está esse grande princípio do todos “nascem iguais”? Claro que sim, em termos genéricos, mas já agora, questione-se acerca do porqueê de certas famílias andarem à volta do poder há cem anos: João Soares I, Mário Soares, João Soares II e já existe um Mário Soares quiçá II dentro de poucos anos. Não duvide, é assim mesmo e pior ainda, nada independentes em relação a grupos políticos ou económicos. Chegam à chefia do Estado, esse alfobre de oportunidades.
      Não alimento teorias bacocas e interesso-me mais pelo sentido prático das coisas. Ou parece-lhe que sua condição teórica de cidadão da república portuguesa é mais benéfica, justa e lhe confere mais direitos de igualdade do que a teórica condição dos “súbditos da rainha da Dinamarca”? Pense nisso, mas se é totalmente partisan do “porque sim”, então não deve reclamar.

  10. Nuno Castelo-Branco says:

    Caro Magriço, não quero aborrecê-lo muito, mas dê alguma atenção a isto:

  11. Nuno Castelo-Branco says:

    É o meu irmão Miguel: como poderá concluir, não falamos de cor, mas apenas há que focar os assuntos com uma certa seriedade e não através de ditos. Neste debate esteve também o Tomás Vasques e João Soares. Por feliz coincidência, aqui estão algumas respostas aos tópicos que o Magriço aqui deixou. Atente bem à última frase. É a verdade, nua e bem crua.

  12. Dora says:

    #10,

    “Dora, apenas lhe deixo mais uma questão, ou melhor, um dilema a resolver: como poderemos nós manter o Estado Social sem recorrer a um constante aumento de impostos?”

    Falo como cidadã que sempre tentou estar atenta a estas coisas, sem ser expert nas mesmas. A este estado de atenção junta-se agora esta realidade pessoal: tenho na minha família mais próxima 1 desempregado, um jovem altamente qualificado a viver de recibos verdes, e dois potenciais desempregados também futuramente qualificados….

    A resposta que tenho para lhe dar e em que acredito é esta: não se trata de um dilema, embora pareça que é. pelo menos para mim, não é.

    Pode-se manter o estado social estimulando a economia, criando mais emprego. Especialmente quando temos cidadãos cada vez mais qualificados- mais novos e menos novos. Pagámos, com os nossos impostos a formação destes cidadãos. Certo?

    Com mais emprego, há mais cidadãos a descontarem para o estado.

    Com salários justos e condições laborais justas, há mais consumo, mais confiança e mais dinheiro a circular. Os cidadãos sabem com o que contam e têm consciência da importância do pagamento dos seus impostos.

    Há muitas outras variáveis em jogo, para além da criação de emprego.

    Há a questão da banca.

    E deixo aqui estes breves excertos de um texto maior de que vou deixar o link:

    “(…) Por outro lado, os prejuízos da banca em 2011 não nos devem fazer esquecer os lucros que as mesmas instituições obtiveram ao longo de anos. Por exemplo, entre 2006 e 2010, os mesmos três bancos (BCP, BES e BPI) tiveram lucros de 5,7 mil milhões de euros – cinco vezes mais do que os prejuízos registados em 2011. Assim, se o prejuízo, como tudo indica, não se repetir este ano, o negócio do crédito arriscado e irresponsável mais do que compensou.(…)

    (…)

    É evidente que nesta crise a banca tem de ser tratada com todo o cuidado, até porque é nos bancos que estão as poupanças e ordenados dos cidadãos. Não há economia sem banca saudável. Mas também não se pode confundir sistema bancário com accionistas dos bancos. (…)”

    http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=538951

  13. #10
    Nuno, estás a ser batoteiro. Se falei em Salazar, foi para exemplificar o estratagema da dicotomia que usaste: ou isto ou o Jerónimo. Os salazaristas diziam precisamente o mesmo. Eras jovem, estavas longe e não ouvias.
    Quanto ao Estado Social, o problema não é exclusivamente português. Tem uma dimensão Europeia e é fruto de complexas causas, entre as quais a financeirização da economia, a injustiça na repartição dos rendimentos, a automatização do trabalho e a deslocação apátrida de investimentos para o Oriente. A despeito disto – e até deverias alegrar-te – tens três países monárquicos, onde, felizmente para os cidadãos, ainda prevalecem os benefícios do Estado-providência: Dinamarca, Noruega e Suécia.
    Como há pouco tempo citei no ‘Aventar’, “O Essencial é saber ver” (Fernando Pessoa).
    Não me venhas defender o Portas e outros que tais, só porque têm a desfaçatez de bailarem entre o republicano e o monáqruico, segundo as conveniências. Qualquer dia, também adiro à ‘Causa Monárquica’. Viver não custa… (NÃO É O TEU CASO, PQ TE CONSIDERO UM HOMEM DE CONVICÇÕES).

    • Nuno Castelo-Branco says:

      Carlos, claro que sou de convicções, pois caso contrário, ficava-me pelo eurosport e canais de futebol. Bom, compreendo o que queres dizer, mas a questão a colocar quanto às monarquias do norte europeu,decerto deverá relacionar-se com o seu aparelho produtivo, coisa que a loucura política do nosso regime, a multiplicação de contra-poderes (Supremos, Procuradorias, etc) condiciona. A verdade e que a excessiva dependência dos favores do Estado – e o que isso representa para a própria actividade política e o escabroso empernar das instituições com os sectores empresariais, num mortal círculo vicioso -, estiola a iniciativa, desencoraja aqueles que têm boas ideias mas não possuem verbas para se financiarem. Resultado? Um sistema educativo sem rei nem roque, fuga de cérebros, desemprego, investimento em obras supérfluas e ruinosas, negociatas boas para ladrões de primeira categoria – os tais comendadores da República, a actual nobreza – e outros tantos factores.
      Quando falei de Jerónimo, apenas deixei a pairar a questão relativa à solidez dos argumentos e do projecto, pois sabe-se o que significa uma economia estatal. Está à vista e imagine-se o que aconteceria se se tornasse a 95%!?

  14. #16
    Nuno, a falar assim, já te entendo, embora tenha divergências. Subiste à qualidade que é esperada da tua parte.

  15. MAGRIÇO says:

    Caro Nuno, não me maça nada! Vi o vídeo com atenção, mas devo confessar que não fiquei muito impressionado: em qualquer debate há sempre verdades que são manipuladas habilidosamente (nalguns casos, ardilosamente!) pelas partes, o que lhes não confere razão absoluta e inquestionável. Sendo verdade que, para vergonha minha, há quem não resista à tentação de se guindar aproveitando as falhas do sistema vigente, para mim elites são enfermidades da sociedade, sejam elas republicanas ou monárquicas, com as quais não se deve pactuar. Mas mesmo o meu caro Nuno, indefectível adepto da monarquia, tem de concordar que se ela, universalmente, tivesse respondido aos anseios dos povos, não teria dado motivos aos movimentos de rejeição que se seguiram, sobretudo após as tentativas absolutistas que marcaram a transição do feudalismo para um incipiente capitalismo ainda baseado no trabalho escravo. As monarquias que os seus defensores tanto gostam de citar como exemplo de desenvolvimento, casos do Reino Unido e países escandinavos, tiveram de se adaptar à evolução natural e delegar as responsabilidades da governação ao “Terceiro Estado”, abandonando as teorias do Direito Divino, tão queridas a
    Jean Bodin. E sabe, caro Nuno, eu não tenho a mínima vocação para conservador: não me passa pela cabeça trocar o meu humilde automóvel pelo mais rico e sofisticado coche dos gloriosos tempos monárquicos. A evolução é inevitável.

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