Concursos de professores Olímpicos: escolas privadas nos concursos públicos

Os concursos de Professores, como antes escrevi, são um acontecimento mediático ao nível de uns Jogos Olímpicos: são de quatro em quatro anos e o fundamental é participar.

Só consigo registar uma diferença: os Jogos Olímpicos são em ano bissexto e os concursos de professores, nem por isso.

Seguindo a natural esquizofrenia que alimenta a mente dos nossos políticos, qualquer equipa que tome conta do Ministério da Educação tem que mexer na legislação de concursos. E esta é a primeira nota a salientar – torna-se impossível gerir uma carreira nestas condições, em permanente mudança.

Na proposta que agora foi apresentada pelo MEC há duas questões que estão a monopolizar a discussão:

– exigência de ter trabalhado 4 anos nos últimos 6 para entrar na 1ª prioridade (professores contratados).

– docentes do privado poderão ser considerados como se fossem do público.

E é sobre esta última questão que se tornam interessantes as posições da FENPROF e da FNE.

Para a FNE, Federação da UGT  e liderada pelo Social Democrata João Dias da Silva, a questão não é importante – pelo menos não aparece no documento escrito sobre o assunto.

Para a FENPROF, de Mário Nogueira (CGTP), a questão é central, associando aliás as duas questões que acima referi, mostrando o quanto as considera negativas:

“Que se exijam 4 anos completos nos últimos 6, em horário completo e anual, para integrar 1ª prioridade, mas, por outro lado, integra na 1ª prioridade quem não se sujeitou ao concurso público e não trabalhou em escola pública. Se o MEC quer levar até às últimas consequências a sua lógica – que os colégios com contrato de associação prestam serviço público, logo o emprego é equiparado a emprego público – então que preencha os lugares nesses estabelecimentos também através do concurso.”

Aqui está uma boa solução: se os docentes do privado podem concorrer como se fossem do público, então, as escolas com contrato de associação passam a integrar as normas de colocação como qualquer escola pública.

Fica, na posição sobre os concursos, bem claro o posicionamento das duas federações em relação à Escola Pública. Aliás, o acordo assinado pela UGT (FNE) com o Governo e os patrões mostra de que lado estão os dirigentes da FNE.

Comments

  1. A asneira principal é que este é sobretudo um problema de estado laico vs submissão a súbditos dos Vaticano. E já tem antecedentes na contagem de tempo de serviço dos “profes” de EMRC.

    • João Paulo says:

      Nesta questão concreta, da contagem do tempo de serviço dos docentes dos colégios com contrato de associação, essa observação faz todo o sentido. Na região centro é uma realidade muito presente, quer em Coimbra, quer em Leiria, por exemplo.

  2. paulo morais says:

    A questão dos professsores de primeira e de segunda é extraordinária! As escolas privadas ou públicas deveriam escolher os seus professores! Claro! Eu tirei o curso na melhor faculdade do país na minha área e acabei com um olímpico 14! O meu amigo, entrou na mesma área, numa faculdade com baixas notas e mal afamada. Resultado: tirou um pouco esforçado 16 e dá aulas há mais tempo do que eu, sempre sem ter ficado longe ou sequer fora!!!!!
    Este é o vosso conceito de um concurso eficaz e justo?! Enfim…

  3. João Paulo says:

    3 # Paulo Morais, percebo e até concordo com o seu argumento. Por isso defendo que uma norma possa valorizar a experiência, por oposição à nota da formação inicial. Se isto não resolver, só mexendo na formação inicial.

  4. Não sei se o entendi, Paulo Morais, mas quando me revolto quanto a isto estou a constatar o facto de a maioria das escolas privadas serem confessionais, e com toda a legitimidade seleccionarem professores de acordo com as suas convicções religiosas.
    A questão é mesmo muito grave e por mim, que não sou jurista, completamente inconstitucional.
    Claro que não vai ser devidamente tratada pelos sindicatos. O meu sindicato perdeu um processo nesta área e a partir daí calou-se muito caladinho, compreendido. Por ter durante o ano passado denunciado no Aventar o negócio e as ilegalidades dos colégios da minha zona já vou sofrendo as devidas represálias, discretas mas com a indelével marca d’água que não engana.
    Azar, porque sou teimoso. Lá vou ter um destes dias de voltar a escrever sobre educação no Aventar.
    O problema das médias iniciais é velho, e só tem duas soluções: corrigir as médias de curso ponderadas as médias das faculdades, como foi proposto na década de 80 e foi um aí jasus, ou através de uma prova de ingresso na profissão, que tem os seus inconvenientes. De qualquer forma hoje em dia é um problema menor porque o acesso à profissão está bloqueado. Mas que sempre foi injusto, foi, queixo-me eu que venho da faculdade com as médias mais baixas de todo o país, muito mais os meus colegas vindos de longe que tiveram grandes dificuldades em se estabelecerem na sua zona de origem.

  5. Paulo Morais says:

    Relativamente às escolas confessionárias, realmente têm uma opção clara e quem lá lecciona tem uma opção clara! Mas, repare, parece que muitas destas escolas não são confessionais! Portanto, não se pode colocar tudo no mesmo saco!
    A mexer nos concursos, mexa-se em tudo! Causa-me alguma impressão ver sempre os comentários do contra, mas a subserviência e silêncio relalivamente a outras injustiças, como é a dos concursos nacionais, neutros, assépticos que têm em conta somente a nota final de uma qualquer escola superior de vão de escada, construída pela vbontade e interesses de um autarca português, no seu mau sentido, ou de uma faculdade privada que incha as notas dos seus alunos, por uma questão de sobrevivência e com o concluio com todos: estado (interesses maiores); oposição (podem dar lá umas aulitas); sindicatos (ibem)… São os interesses!!!!

  6. João José Cardoso em 26/02/2012 ás 17:29 disse:

    Não sei se o entendi…….provavelmente não com 2 linhas tal é difícil

    , mas quando se revolta quanto a isto….ou seja o dito cujo… está a constatar?

    o facto de a maioria das escolas privadas serem confessionais….lamento informar o senhor doutor mas deve viver no norte se calhar em braga a magnífica…

    aqui nem 20%….e isso contando com o colégio islâmico…,

    e com toda a legitimidade seleccionarem professores de acordo …com a aceitação de salários muito baixos….e ajustáveis às necessidades
    contrariamente às públicas menos de 30% do pessoal é de longo prazo

    mesmo nas de excelência (isto é as elitistas de Lisboa…há muitas onde não chegam aos 80%

    com as suas convicções religiosas……no São João de Brito sabem que sempre me caguei prá religião…e em tempos passei por lá…e não como aluno nem como contínuo.

  7. Diga-se de passagem que apesar da precariedade e da diferença salarial as privadas são mais maleáveis e mais humanas que muitas públicas

    exceptuam-se desta lista todas as que me classificaram acima de 8….(ou seja as únicas 3 em que estive mais de 6 meses nos últimos anos…

    daqui a uns anos ….isto reequilibra-se outra vez

    basta ver a idade média do pessoal do quadro…morreu ontem um no hospital

    infelizmente tinha sido reitor e já estava reformado desde o 25 de Abril….de 74

    37 anos de reforma….+ 58 anos tinha uma idade grande

    teve mais anos de reforma que de trabalho…

  8. Os professores agora vão para onde tiverem trabalho, os salários já não são o que eram, nem no público nem no privado. Há que se adaptar á crise

  9. Claro, os colégios já se adaptaram, à conta do estado, como de costume.

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