Krugman: um americano em Lisboa

A pantomina é o único traço comum entre a visita de Paul Krugman a Lisboa e as técnicas cinematográficas de ‘Um Americano em Paris’, de Vincente Minnelli. Da mesma maneira que Paris e Lisboa são cidades bastante distintas, também os dois protagonistas divergem integralmente entre si.

No filme, Jerry, é um veterano da 2.ª Guerra Mundial, enfrentando dificuldades e perseguindo o objectivo de se firmar como pintor na Cidade-Luz, tendo ficado na história do cinema como um dos melhores musicais de sempre.

Krugman em Lisboa é outra música. O contraditório e mediático Nobel da Economia, a despeito das críticas insistentes às políticas de pesada austeridade, com a Sra. Merkel como inimiga de estimação, veio a Lisboa para ser honrado com o doutoramento honoris causa. Este doutoramento, ao que agora percebo, foi mero pretexto, usado a preceito pelo seu amigo e mandatário do governo de PPC, Jorge Braga de Macedo.

Afinal o infatigável lutador anti-austeridade, em prolixos artigos em “The New York Times”, através de almoçaradas e jantaradas promovidas por Passos Coelho e o governador do Banco de Portugal’, veio caucionar a severa e economicamente desastrosa política de Coelho, ao afirmar:

Detesto dizê-lo, mas não faria as coisas de forma muito diferente daquilo que está a ser feito em Portugal.

Se “detesta dizê-lo”, então por que razão o disse? Apontaram-lhe alguma arma à cabeça? A dúvida fica no ar.

Certa esquerda palaciana portuguesa, Dr. Morais Soares à cabeça, ficou certamente desapontada com Krugman. O pior é que este não tem culpa alguma. Apenas os incautos que desvalorizaram grosseiramente a defesa da descida de 20/30% dos salários dos portugueses em relação à Alemanha, feita pelo dito economista desde Maio de 2010, podem ter-se sentido defraudados e descoroçoados com a postura ‘deste americano em Lisboa’.

Vasco Pulido Valente, que é do centro-esquerda de manhã e do centro-direita à tarde, apressou-se, numa das suas cambaleantes crónicas, a tirar um sarro da imperícia das facções da esquerda portuguesa que têm divinizado Paul Krugman. A direita actuou com sagacidade e extraiu proveitos, até porque tinha um Braga de Macedo de serviço.

Filme a sério, continuo a preferir “Um Americano em Paris”. O outro do “americano em Lisboa” é demasiado abjecto. Que não regresse tão breve à tela política nacional!

Comments

  1. Ah o indivíduo que disse que deveríamos cortar 20 a 30% dos salários

    mesmo sem saber que a estrutura salarial do privado só pesa 14% nos custos de produção

    esse gajo que nem sabe que o salário médio fora do estado anda pelos 600 eurros?

    chiça pá adevias ter ido ouvir o gaijo ómenos…ê nã fui nã arrecebi con vitinho

  2. Xostre, já foste…!

  3. O americano em paris é um símbolo da colonização cultural norte-am

    merdell é apenas uma política que tal como miterrand prefere dizer que não tem filha “ilegítima” e ganhar eleições para o seu partido…a eurropa que se aguente

    de resto quem construiu um sul da eurropa subsidio-dependente e mestre em cimentos e compra de pópós para meter no asfalto de importação foram aqueles grandes líderes eurropeus que aparentemente fazem falta agorra

    os tinos de rans que andaram há anos a dizer que o moto continuo e economias em crescimento via crédito são coisas mitológicas…nem por isso foram ouvidos

    os devedores esgotam a capacidade de servir as dívidas?
    nã isse nã a con tece

    tou xateado e desempregado…e o subsídio só dura mais dois anos
    bou gastá-lo a ver porno…

    saravá…

  4. Porque é que Krugman disse o que disse detestando dizê-lo? Porque, conforme também disse, os verdadeiros centros de decisão estão em Bruxelas e Berlim, e as decisões que ali se tomam estão erradas. Até aqui concordo com ele. Deixo de concordar a partir daqui: perante as decisões erradas de Bruxelas e Berlim, as políticas seguidas em Portugal são as únicas possíveis – e, nessa medida, correctas. Talvez Krugman pense que Passos Coelho faria diferente de Merkel se estivesse no lugar dela, mas não faria: faria igual.

  5. os verdadeiros centros de decisão estão nos eleitorados que detestaram sempre os burocratas de bruxelas e se estão cagando para a eurropa

    de resto idêntico a 99%dos putogueses

    político que corta as vasas ao ir contra o eleitorado…chama-se ex..

    falência controlada é preferível a ir prá argentina em forza

    sem plata e sem ganado e triticale secale cereale

  6. A CGTP e o pcp pelo contrário aspiram aos 15% quando praticavam a velha máxima russa da terra queimada…de resto em escudos chegaremos ao fim em expresso do status associal

    800 mil desempregados para 800 mil funcionários é um racio de insustentabilidade

    felizmente há menos 12 mil reformados em Fevereiro

    infelizmente taxas de mortalidade semanais de 3080 geralmente são insustentáveis tamém

  7. Gosto do meu boneco
    :-))

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