Arquitectura de Terra

Mesquita de Bobodjulasso, no Burkina Faso

“O prazer intenso que as civilizações tradicionais têm em manipular o ornamento (…) traduz-se no génio criativo, artístico e decorativo das arquitecturas de terra: gravado nas paredes ou aplicado em relevo, tanto é abstracto, gestual, geométrico, simbólico ou figurativo”.

A arquitectura tradicional de terra é resultado do acumular de saberes milenares, em que o homem utiliza o material retirado da natureza e o aplica para construir os seus edifícios segundo técnicas que tiram partido das suas características e potencialidades.

Essas técnicas mudam de local para local, não só em termos construtivos, mas sobretudo estéticos, assumindo cada uma delas uma identidade geográfica própria, que relaciona a sociedade, o edificado e o meio ambiente, e une o homem, a construção e a natureza.

É na plasticidade do material que o homem exprime toda a sua criatividade.

 “Os métodos de utilização da terra permitem não dissociar a materialidade e a espiritualidade do acto de construir, pois este material permite a simultaneidade e a síntese das acções construtivas e artísticas. (…) É numa arquitectura escultural de terra crua que floresce a voluptuosidade dos arredondados, o erotismo e a sensualidade das formas.”

A cidade de Bam, no Irão

A utilização da terra como material de construção remonta a tempos antiquíssimos, pensando-se que esta técnica se tenha generalizado há cerca de 10.000 anos a partir do Médio Oriente.

A terra enquanto material de construção encontra-se presente por todo o mundo, impondo-se como processo construtivo tradicional dominante, pela facilidade com que é aplicada, pela resistência que confere aos edifícios, pelo conforto que proporciona e pelas possibilidades plásticas que oferece.

Estima-se que actualmente mais de 1/3 dos habitantes do planeta vivam em construções de terra, material que se mostra eficaz em regiões com condições climatéricas muito diversas, desde as mais frias e pluviosas, às mais quentes e secas.

Em Portugal o material de construção dominante até ao século VIII era a pedra, apesar de anteriormente já existirem “bolsas” isoladas de utilização da terra. Com a chegada dos Árabes, mestres da construção com terra, o seu uso generaliza-se e passa a ser o material de construção dominante.

Habitações em Sirigu, no Gana

A terra, material de construção, refere-se ao solo não orgânico existente entre a terra vegetal e a rocha, localizado a uma profundidade que varia de local para local.

É constituída principalmente por argila, silte, areia e gravilha, aos quais se encontram associados em percentagens mínimas, os metais, sais solúveis, como sulfatos, nitratos e cloretos, e matéria orgânica.

A argila e o silte constituem o ligante do material, que como o nome indica lhe confere o poder de agregação, enquanto a areia e a brita constituem o seu inerte, fundamental para que contraia e dilate, por força das variações de temperatura ou em presença da água, sem sofrer fissurações. O equilíbrio entre ligante e inerte na constituição da terra é assim fundamental para a sua eficácia em termos construtivos.

A natureza do silte é determinante na composição da terra, já que, enquanto sedimento constituído por quartzo, mica, feldspato e agregados limoníticos ou argilosos, pode apresentar um carácter arenoso ou argiloso, influenciando a componente inerte ou a componente ligante do material.

A dosagem dos seus componentes para fins construtivos varia entre 15 a 18% de argila, 10 a 28% de silte e 55 a 75% de areia e 0 a 15% de gravilha.

Ghadamés, na Líbia

Muitos autores utilizam o termo barro ou argila para designar o material, sendo mais correctas as designações terra, lama ou solo, pelo facto de se tratar de facto de um composto em que a argila constitui uma percentagem relativamente pequena do mesmo.

Existem diversas formas de utilizar a terra enquanto material de construção. Nos elementos publicados pelo grupo CRATerre, foram sistematizadas 18 técnicas fundamentais detectadas um pouco por todo o mundo.

No entanto, existem dois processos universais para construir com terra, a taipa e o adobe, cuja escolha não depende de uma opção do construtor, mas das características do solo, já que cada um deles utiliza o material de forma diferente para o por em obra de forma adequada, conforme as suas características.

Em Portugal, para além destes dois sistemas que utilizam a terra enquanto material estrutural, existe uma outra forma de aplicar a terra em paredes, através do enchimento de uma estrutura de madeira, sob a forma de tabique, a que se chama engradado.

Execução de uma parede de taipa no Alto Atlas marroquino

A taipa é o processo indicado para solos pedregosos, grossos e secos, geralmente pobres em argila. O chamado betão de terra, utilizado na taipa, é muitas vezes corrigido com a adição de areia, caso se verifique que é demasiado forte, ou com argila ou cal, quando é demasiado pobre.

A utilização da cal no composto para a taipa resulta na chamada taipa militar, que, conforme o nome indica, era frequentemente utilizada na construção de fortificações.

A taipa baseia-se na compactação do material, que é apiloado conjuntamente com água dentro de um taipal. Cada metro cúbico de terra apiloada reduz o seu volume em cerca de 1/3, e quanto melhor compactada é, maior é a resistência conferida à parede que forma. O taipal vai sendo deslocado ao longo das paredes, formando blocos que se dispõem com as juntas verticais descentradas.

Fabrico de blocos de adobe em Sheikh Zayed, na Faixa de Gaza

O adobe é o processo utilizado em solos arenosos, finos e húmidos, geralmente ricos em argila, próprios dos vales e zonas ribeirinhas. Tendo em conta que o processo de secagem do adobe origina a fissuração do material, pelo seu elevado conteúdo de ligante e de humidade, o material é armado através da incorporação de fibras vegetais suficientemente finas para não originar vazios no seu interior, como sejam as fibras de arroz, sisal ou cânhamo, de modo a que não fissure durante o processo de retracção ao secar.

Ksar Ouled Soltane, na Tunísia

A colocação do material terra em obra implica assim que as suas características sejam melhoradas, reduzindo a sua porosidade e permeabilidade, e aumentando a sua resistência mecânica. Chama-se a este processo estabilização da terra, que, em termos práticos, procura reduzir o volume de ar existente, colmatá-lo, e reforçar a ligação entre as partículas.

A estabilização da terra obtém-se de diversas maneiras:

Estabilização por compactação, que no fundo é o processo que está na base da construção em taipa, e que consiste na redução do volume do material através da sua prensagem. Este tipo de estabilização começou a ser muito utilizada a partir dos anos 70 também no fabrico de blocos de adobe, utilizando-se prensas manuais, apropriadas para a autoconstrução, ou prensas hidráulicas, muito utilizadas em fabriquetas ou em projectos colectivos.

Estabilização por armação, utilizada geralmente no fabrico blocos de adobe, que consiste na incorporação de fibras orgânicas no material, numa quantidade não superior a 3%, aumentando a sua resistência à tracção, aligeirando a sua massa e evitando a sua fissuração.

Estabilização por correcção de granulometria, que como o nome indica, consiste em conferir ao material uma homogeneidade ao nível do tamanho das partículas que o constituem, acrescentando areia à terra grossa e gravilha à terra fina.

Estabilização físico-química, que consiste na introdução de elementos ligantes e hidrófugos, como o cimento, a cal, ou o betume, e alguns estabilizantes de origem vegetal ou animal, como sejam a goma-arábica, o latex, o óleo de coco, o óleo de algodão, o sangue de boi, o sebo de porco ou de carneiro, as cinzas de madeira ou a urina. Recentemente utilizam-se também alguns detritos industriais, como ácidos, resinas ou silicatos.

Shibam no Yemen, conhecida como a Manhattan do Deserto, onde os edifícios atingem os 11 pisos

A espessura das paredes das construções em terra, tratando-se de edifícios de utilização corrente, varia entre os 40 e 60 centímetros. Esta espessura é obtida no caso da taipa pelo comprimento das agulhas do taipal, ou seja, das peças que unem as pranchas laterais. No caso do adobe a espessura da parede obtém-se através das dimensões dos blocos e relação entre o seu comprimento e largura, sendo comum em Portugal blocos com 40x20x15, que podem ser dispostos de várias formas na parede, seja de forma transversal ou longitudinal aos pares.

As paredes de terra são construídas sobre uma fundação de pedra, que deve elevar-se acima do nível do terreno, evitando o seu contacto com o solo e eventuais efeitos de subida das humidades por capilaridade.

Em edifícios de múltiplos pisos, a espessura das paredes diminui com a altura, garantindo uma maior resistência nos pisos inferiores e permitindo o apoio dos pavimentos nos ressaltos entre pisos.

Coberturas planas de palha e terra no Alto Atlas marroquino

As soluções tradicionais para coberturas são geralmente baseadas em estruturas de madeira, sobre as quais se coloca um revestimento.

Nas coberturas inclinadas utilizam-se preferencialmente revestimentos com telhas cerâmicas ou colmo, enquanto nas coberturas planas a estrutura é coberta com canas, sobre as quais se colocam fibras vegetais e terra, constituindo uma superfície visitável. Como acabamento pode também ser aplicada uma tijoleira de barro cozido.

Muitas vezes verifica-se a construção de coberturas abobadadas ou de cúpulas, formadas por ladrilhos de terra cozida.

A observação de regras na construção das fundações e coberturas, que garantam a protecção as paredes de terra dos efeitos das chuvas, é determinante para a sua longevidade. Diz o povo que “para durar séculos, basta às casas de terra terem um bom chapéu e boas botas”.

Execução de um reboco ”à mão” na India

Geralmente as paredes são acabadas com a aplicação de um reboco, constituído por uma argamassa de características idênticas à da utilizada no suporte, mas com maior percentagem de areia, para que absorva os movimentos de dilatação e contracção sem fissurar. Ao contrário, a argamassa utilizada para ligar os blocos entre si, seja nas juntas da taipa ou no assentamento dos blocos de adobe, é mais rica em argila que a do suporte para garantir o seu poder ligante.

Reboco esgrafitado num interior em Timimoun, na Argélia

Os rebocos de cal exigem um cuidado especial na sua aplicação, já que a cal não endurece por secagem, mas por carbonatação, em contacto com o dióxido de carbono do ar. Para garantir a carbonatação o reboco deve ser executado em 3 camadas de 0.5 cm cada, salpisco, enchimento e acabamento, o que tem também como vantagem o facto de eventuais fendilhações durante o processo de retracção se desencontrarem, evitando a entrada de humidades.

O reboco deve ser reparado ou substituído periodicamente, já que constitui a camada de choque da parede, sendo também o elemento que mais facilmente se degrada.

Por sua vez o reboco é muitas vezes caiado, com a utilização do chamado leite de cal, operação que tem uma função não só de limpeza e desinfecção da parede, mas também de consolidação da própria argamassa.

Reboco de bolas de terra projectadas em Timimoun, na Argélia

As argamassas de reboco são também geralmente estabilizadas com materiais hidrófugos, com vista à sua impermeabilização. Em Portugal é comum a adição dos desperdícios de lagares de azeite, sebo de porco ou carneiro, ou sangue de boi.

A título de curiosidade refira-se que no Sul da Argélia utiliza-se um reboco não estabilizado, constituído por bolas de terra projectadas na parede.

A mesquita de Djenna em Timbuktu no Mali, o maior edifício de adobe do mundo.

Os troncos de madeira cravados nas paredes aumentam a sua resistência estrutural, permitem a sua dilatação e contracção sem fissurar e servem de apoios para a manutenção dos rebocos exteriores

Manutenção do exterior da mesquita de Djenné em Timbuktu

As paredes dos edifícios de construção com terra são estruturais, suportando o peso do telhado sem necessidade de introdução de qualquer estrutura de apoio. Esta grande capacidade de resistência à compressão e consequente bom comportamento estrutural, depende em boa medida de regras de design que ao longo dos séculos o homem aperfeiçoou.

Dessas regras ressaltam a necessidade de as construções terem uma configuração o mais regular possível, para que os esforços se distribuam de forma igual por todo o edifício e não se criem pontos de concentração de cargas. Devem evitar-se paredes demasiado compridas, altas e desapoiadas, sendo fundamental que sejam intersectadas por outras segundo um ritmo constante. Os vãos devem situar-se no centro das paredes, onde os esforços a que estão sujeitas são menores, e as coberturas devem ser o mais leves possível, conferindo ao edifício uma maior massa na base e não no topo.

Nestes pressupostos, as construções mais estáveis serão as de forma circular, já que, por não terem ângulos, distribuem uniformemente as cargas ao longo da parede.

Construção circular de terra e colmo na Irlanda

A generalidade das construções tradicionais, sejam de terra ou pedra reagem mal aos esforços de tracção, ou seja, aos movimentos horizontais ou laterais, provocados, por exemplo, por sismos.

Não é raro observarem-se nas habitações rurais os chamados gigantes, contrafortes de forma triangular, que têm como objectivo evitar que as paredes se desloquem para o exterior, movimento que é acentuado pelo peso do telhado.

A pedra e o tijolo cozido são muitas vezes utilizados nas construções de taipa para reforçar os cunhais, zonas geralmente mais sujeitas ao desgaste que o resto da parede, sendo também frequentemente dispostos em fiadas entre cada camada de taipa para conferir à parede maior estabilidade.

Existem muitas soluções tradicionais de reforço das construções de terra, baseadas sobretudo na utilização de elementos vegetais, como vigas de madeira, bambus ou fibras, ou metálicos, desde perfis a varões, passando por redes e pelo próprio arame farpado, aplicados principalmente na zona superior das paredes, com o objectivo de evitar o descolamento entre si e o seu desaprumo.

Aldeia de terra no Vale do Rheris, em Marrocos

Se é verdade que a construção com terra continua a ser uma realidade nos países em vias de desenvolvimento, onde a autoconstrução é praticada, a mão-de-obra contratada é barata, e os processos de fabricação e transporte de materiais não se encontram desenvolvidos, nos países industrializados a situação é inversa.

Não existindo mais uma pratica de construção com terra, existe a necessidade de recuperação dos edifícios tradicionais que ainda subsistem, a qual, se não for realizada em moldes correctos, com soluções compatíveis, será tão prejudicial como o seu próprio abandono.

Concretamente, a intervenção nesses imóveis com recurso a materiais como o cimento e o betão armado, infelizmente ainda muito em prática, vão acelerar a sua degradação. As argamassas de cimento introduzem nas paredes patologias por meio dos efeitos de capilaridade, que resultam no aparecimento de fungos e outro tipo de colonização vegetal. As estruturas de betão armado, para além de terem um carácter intrusivo nas paredes e diminuírem a sua resistência, imprimem à construção movimentos de dilatação e contracção que ela não acompanha, provocando fissurações.

Casa de terra na Irlanda

As experiências de reutilização da terra em edifícios de raiz nos países industrializados têm-se colocado num plano eminentemente cultural, constituindo geralmente opções de entidades públicas interessadas em fazer perdurar essas técnicas ancestrais, ou intervenções de iniciativa privada no domínio da habitação unifamiliar, promovidas por pessoas que fazem questão de desfrutar do conforto e das possibilidades estéticas que a construção com terra oferece.

No entanto, o conceito cada vez mais abrangente de custo de construção, que não se restringe ao valor necessário para colocar um imóvel pronto a habitar, mas que evolui para um conceito integrado de preço, consumo energético e custo de manutenção durante um período médio de 20 anos, pode colocar de novo a construção com terra na ordem do dia, como o fez durante a crise energética de 1973.

Apesar de não ser razoável pensar numa generalização desta técnica de construção, o seu âmbito e mercado podem ser consideravelmente alargados.

Habitação de terra energeticamente auto-suficiente no Canadá

De facto, a construção com terra, já por si uma técnica isenta de consumo energético, combinada com a utilização de fontes de energia renováveis e sustentáveis, como por exemplo a solar ou eólica, pode-se revelar como rentável nessa perspectiva abrangente.

“O recurso às arquitecturas de terra poderia também facilitar uma reinserção vital da arquitectura nas diversas tradições culturais e populares das comunidades e reconciliar-nos finalmente com o sentido e a realidade do espírito do lugar, recriando uma ligação de continuidade entre a história, a actualidade e o futuro”.

Bibliografia

ASSOCIAÇÃO CENTRO DA TERRA. “Arquitectura de Terra em Portugal”. Argumentum, Lisboa, 2005

CRATerre. “Traité de Construction en Terre”. Parenthèses, Marseille, 1989

DETHIER, Jean. “Le Génie de la Terre” in “Des Architectures de Terre”. Centre Georges Pompidou, Paris, 1982

SCHILDERMAN, Theo. “The Improvement of the Earthquake Resistance of Low Income Housing”. Skopje, 1982

Comments

  1. Parabéns pelo “post”! Excelente!

  2. Excelente trabalho, interessante e muito bem escrito.

  3. Os tuaregue estão em revolta says:

    Targui é plural…e essas construções representam a opressão dos nómadas…

    e o seu extermínio lento….

  4. Frederico Mendes Paula says:

    Caro ou cara “tuaregue”
    Não sei de que construções fala, mas os nómadas só vivem em tendas quando se deslocam. De resto têm casas como as outras pessoas…será que são mesmo as construções tradicionais que representam o seu “extermínio lento” ou o problema tuaregue e das restantes nações Amazigh tem outros contornos?

  5. maria celeste d'oliveira ramos says:

    Frederico mendes paula – boa lição e ilustração quanto à construção de barro do mundo muçulmano que visitei – todas as cidades do litoral de Marrocos até Casablanca, voltei até Maraqueche e atravesseipara o Atlas percorrento o dorso interior até Zebta – Por outro lado tenho ao lado e datadas de 1986, na rua onde habito, casario de 3 pisos de TAIPA que começou há 3 anos a ser restaurado e lá está de fora a armação em madeira e a pefdra e cal e areia a esboroar esventrada – edifícios lindos com cobertura final da fachada em azulejo – outra lição “árabe”, como foitambém a da construção e a da racionalizaçao do uso da água (rega por gravidade e a construção da “nora”) – Claro que adorei esta viagem de carro para parar onde me apetecia – Não esqueço o pormenor das “goteiras” para que a água da chuva não recuasse na borda do telhado escorrendo pela fachada, desfazendo-a, deixando a cobertura de palha (e barro) irregular e palhas de fora que eram as “goteiras” -. lindo como lindo eram os “ornamentos” de muitas edificaçãos de que tenho desde há anos um livro exactamente da habitação ornamentada – Já o mesmo não posso dizer do Palais Royal de L’Alambra (forme et couleur) (que entre outros comprei em Granada) e o Generalife mas recordo as “mil formas de uso da água nos jardins” – a água parada (lagos para beber e para rega) + mil formas de a usar em repucho (água em movimento) e os roseirais) e o belíssimo Pátio da Leoas, além das ogivas em gesso altamente ornamentadas mas já de colunas de mármore. ornamentos verdadeiras rendas de gêsso, creio, com elementos vegetais e do alfabto árabe já que só estes elementos são permitidos – De facto a “geometria” nasceu árabe – já que representações zoomórficas e antroprmórficas está “vedadas” pela religião – quanto aos azulejos muitos deles são IGUAIS no desenho e cores, a muitos que este país exibe e espero que guarde e estime e tome como património milenar e lições de saberes que por aqui ficaram – Até recordo que em menina de colégio, e sem saber a “origem” muitos destes desenhos “desenhei” e de costela árabe (???) era barra em geometria – obrigada por esta bela exposição sobre uma faceta desta civilização que por aqui andou (mas deixou cultura e artes) até Afonso Henriques se xatiar e que agora não se liga nem respitta já que o betão vence, mesmo que o betão já seja “romano” e tenhamos, igualmente, uma amostra que já nem sei onde mas vi aqui, em muro de pedra de basalto mas não sei com que “cimento” que era bem escasso e discreto – ora bem quantos aos “barros” ou argiulas remos 3 pelo menos – a ilite + caolite (indústria da cerâmica) e montemorilonita em que nesta, a capacidade de retenção de água é máxima – dá que as falésias de Caparica e de Albufeira, tenham caído e demoronado não apenas com a água de rega dos golf mas com a construção de habitação demasiado em cima das cristas das falésias, ajudadas pelas fissuras das raízes dos Pinheiros Mansos (mediterrânicos claro) – saber ler essas condições morfo-.geológias é fundamental para que CM e patos bravos não “matem” pessoas como aconteceu em Albufeira
    Ora a montmorilonira absorvendo (e dilatando) a zoana de argila durante a chuvada, quando vem o verão e água evapora mas não nas can«mas com menor % pelo que, vai caindo a argila mais pobre em que opredomina “areia” e fica a mais rica em “barro – e assim, alternadamente e sem cuidado, vai caindo e matando quem dessas falésias se aproxima, mesmo que “fossilizadas” (como em Caparica e Albufeira pois em que ambas existem fósseis atestanmdo a progrssão e regressão, milenar, do MAR em qualquer parte do mundo, rão que tem de levar os engºs civis e arquitectos (e autarcas) e outros que intervenham no solo, a saber o que fazem (se quizeram saber) mas creio que hoje os saberes mais e mais interdisciplinares estão longe de serem abraçados por quem de direito pelo que até penso que os “autarcas” e os a vir, deveriam, se enquanto na lista a poderem ser eleitos, fazer curso intensivo de algumas matérias sobre as quais irão decidir e despachar e autorizar sem saberem de que se trata – país e habitantes e paisagens (que já não há nenhuma paisagem selvagem pois que a última (de portugal e europa) foi vilipendiada – Vale do TUA), MERECEM isso, o que conduziu à sua classificação UNESCO aqui, mas sem “reconhecimento” pois a igorância dos decisores a todos os niveis de decisão, está acima da da Unesco (pelo menos)

  6. Pilidor utan nador da مدرسة nº 53 says:

    Frederico Mendes Paula em 24/03/2012 às 11:30 disse:

    Caro ou cara “tuaregue”
    Não sei de que construções …..as construções permanentes de todo o sahel levaram ou à submissão ou à aculturação dos nómadas

    levaram também ao aumento da carga humana e animal (especialmente rebanhos de cabras) que aumentaram o dito sahel e o sahara associado

  7. Pilidor utan nador da مدرسة nº 53 says:

    de resto tirando o metal nas construções toda a estrutura urbana incorpora solo

    que é o cimento senão marga argilosa com precipitados calcários

    e quanto ao cimento limonítico nã é o único dos ferrosos

    resumindo: são cousas interessantes as construções berberes e dos povos do sul mas são as responsáveis (secundárias ) pelo aumento do sahel nos últimos 5 ou 6000 anos

  8. Pilidor utan nador da مدرسة nº 53 says:

    e só duram séculos senão chover muito…no algarve cairam quase todas

    as da Irlanda desde 1991….desapareceram às centenas

  9. Frederico Mendes Paula says:

    A cal e o cimento resultam ambos da calcinação da pedra calcária, mas realizada a temperaturas diferentes. Apesar de terem a mesma origem, são materiais com características completamente distintas. Se é verdade que o cimento é bastante mais resistente e deformável do que a cal, quando utilizado armado e como material estrutural, também é verdade que tem um comportamento muito inferior ao da cal enquanto material de revestimento, exigindo sempre ser combinado com outros materiais para ter um desempenho razoável em termos hidrófugos e térmicos. Mas no que respeita a intervenções de recuperação de construções de terra e cal, o cimento é um verdadeiro inimigo, provocando danos quando utilizado estruturalmente e patologias que aceleram a degradação dos materiais existentes quando utilizado nos revestimentos.
    No que diz respeito a durabilidade, as construções tradicionais resistem de facto séculos, inclusivamente em climas húmidos, se forem correctamente executadas. No Algarve existem exemplos de sobra (veja-se por exemplo o Castelo de Paderne que tem cerca de 1.000 anos). Se no Algarve caem muitos edifícios de taipa e adobe não é por defeito do material. A razão principal é porque são demolidos para satisfazer interesses imobiliários. Outra razão é sem dúvida pelo abandono a que são votados e a consequente falta de manutenção. Mas felizmente ainda muitos resistem e inclusivamente existe hoje uma maior consciência no sentido da sua preservação do que há 20 ou 30 anos.

    • Celina Curado says:

      Olá, por acaso poderia dizer-me se conhece alguma literatura sobre este tipo de arquitectura no Algarve? Se encontrasse informações suficientes até poderia pensar em fazer a minha tese sobre este assunto.

      Muito obrigada

      • Frederico Mendes Paula says:

        Olá. Existem várias publicações sobre arquitectura de terra em Portugal, cujos títulos encontrará facilmente na net, das quais eu destacaria a obra “Arquitectura de Terra em Portugal”, pela sua visão muito completa e abrangente sobre o tema (http://www.argumentum.pt/ARQ_TERR_PORT.htm). Aliás a editora Argumentum publicou várias obras sobre o tema da arquitectura de terra.
        Relativamente ao caso específico do Algarve, que eu conheça, foi publicado um livro com o título “O Adobe na Arquitectura do Barlavento Algarvio” (http://arquitecturasdeterra.blogspot.pt/2011/02/conferencia-e-lancamento-de-livroismat.html).
        Apesar de existir um número muito significativo de obras sobre o assunto, são de consulta obrigatória, na minha opinião, as publicações do grupo CRATerre (http://craterre.org/), nomeadamente o “Traité de Construction en Terre” e a “L’Encyclopédie de la construction en terre”.

  10. Celina Curado says:

    Muito obrigada pelo seu comentário, vou investigar estes links e ver se encontro o livro. Mais uma vez agradeço a sua resposta.

Trackbacks

  1. […] As argamassas de reboco são também geralmente estabilizadas com materiais hidrófugos, com vista à sua impermeabilização. Em Portugal é comum a adição dos desperdícios de lagares de azeite, sebo de porco ou carneiro, ou sangue de boi. A título de curiosidade refira-se que no Sul da Argélia utiliza-se um reboco não estabilizado, constituído por bolas de terra projetadas na parede.  http://aventar.eu/2012/03/23/arquitectura-de-terra/ […]

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