Do maior despedimento alguma vez feito em Portugal!
Nuno Crato continua a fazer o seu caminho – para os menos atentos é o percurso oposto ao do comentador televisivo no tempo de Sócrates. Para quem está a ver para lá da poeira dos dias, trata-se apenas de um assessor do Ministério das Finanças, que de Educação pouco sabe e que por isso se limita a mexer no que está quieto, fazendo de conta que muda tudo, para que tudo fique na mesma ou pior…
Desta vez temos a reorganização curricular. Não é a questão central do nosso sistema educativo, mas é uma questão importante que precisa de ser revista. No entanto, o MEC limita-se a elaborar uma proposta que apenas vai levar ao despedimento de mais de dez mil professores – não acrescenta nada e não resolve nada. Estraga, apenas!
Vejamos:
– 1ºciclo:
o MEC sugere “fomentar, no 1.º ciclo, a coadjuvação nas áreas das Expressões, por professores de outros ciclos do mesmo Agrupamento de Escolas, que pertençam aos grupos de recrutamento destas áreas;”
Isto é, o MEC tenta através do 1ºciclo resolver um problema (ENORME!) que vai ter em mãos: o despedimento de milhares de professores das áreas das expressões no segundo ciclo. Como? Numa lógica de Agrupamento, passando a sua componente lectiva para o 1ºciclo, numa lógica de coadjuvação. Pergunta-se: já acabou a monodocência? Ou estarão a pensar apenas nas AEC’s?
“promover o rigor na avaliação obtendo dados fiáveis sobre a aprendizagem, através da introdução de provas finais no 4.º ano e da sua manutenção no 6.º e no 9.º ano, a Português e a Matemática.”
Antigamente é que era bom! Que proposta tão infeliz. Ao contrário do Paulo, discordo completamente. E a questão da avaliação quantitativa / qualitativa é uma questão importante, claro, mas permitam-me que recorra a uma metáfora para que todos percebam do que se trata: estivesse o Douro poluído, adiantaria resolver o problema na foz e na a Afurada?
Pois… De que serve o exame no fim do 1ºciclo, se os problemas centrais da primária continuam todos por resolver?
Para daqui a umas horas uma análise à proposta para o segundo ciclo.
O subtítulo é absolutamente despropositado…
O resto… são opiniões, com escassos factos à mistura.
Ó Paulo, qual reorganização?
LOL
Isto parece eu a colocar o raio da capa do edredon – puxo para um lado, puxo para outro, enfio a cabeça, tento dar uns jeitos por dentro, mantenho a calma apesar de ficar tudo desorganizado, como sempre, e no final ponho uns preservativos por cima para ficar protegido o acto.
Os preservativos são assim como os “exames”.
A cama fica uma confusão mas os exames, no topo, são a garantia de conhecimento, rigor e meritocracia.
Assim como os preservativos se podem rasgar, muito menos os “exames” protegem a coisa, especialmente se contarem 25% para passagem de ano ou reprovação.
Mas há quem dedique algum tempo a analisar esta coisa da reorganização curricular, dizendo concordar, pois que sim, apesar de, mas acima de tudo porque – Tcharam! – pá, há exames!
E se há “exames”, há rigor!
Vivam “estes exames”, pois!
#1 Olá Paulo, boa noite e obrigado pelo comentário… acutilante…
Quanto ao sub-título, se calhar tens razão: deveria ser promovido a título. É que não encontro outra razão para esta proposta – encontras? Qual?
Depois, creio que a questão da passagem de professores do 2º para o 1º ciclos é uma evidência com o texto acima escrito – ou achas que é só uma opinião?
Quanto aos exames, a minha questão é de fundo – não acredito nos exames como instrumento de avaliação. Poderia escrever muito mais sobre o assunto, mas ao pegar na metáfora do rio procurei mostrar de forma simplista o que pensava.
Às vezes apetece-me perguntar a quem defende os exames: o que se faz aos meninos que reprovam? É que no “tempo dos exames” havia muitos que não eram “levados” pelos professores a exame porque iam reprovar. E agora? Fazem o exame e passam? Conta 30%? E no ano seguinte? Se voltarem a reprovar? E no outro?
Sabemos ambos, que há alunos que nunca irão conseguir fazer o exame, ou não?
O que resolve o exame para esses alunos?
E já agora, de que serve fazer um exame para os meus alunos fantásticos, com 5 a tudo?
Ou seja, para que é que serve o exame?
Abraços,
JP
#2 … Pois… tens razão… e ainda por cima o dito cujo pode estar furado e lá se vai a média nacional…
“Se os alunos são muito novos para fazerem exames?
Não me parece…”
Escreve o comentador em #1.
Evidentemente que o problema não é a questão de idades.
O que interessa é que em cima de uma organização curricular já abundantemente analisada e criticada, faz-se um retoques, avança-se com a “autonomia” e embrulha-se o kit com os “exames” que pretendem dar uma certa seriedade à coisa.
E fica-se feliz!
A tutela, a opinião pública e alguns pais e encarregados de educação dos petizes e petizas, mais em concreto.
(cont.)
….., mais em concreto, suspiram de alívio. Finalmente o rigor.
Oiço muitas vezes o comentário: ” Sim, senhor, acho muito bem! É importante o reforço da aprendizagem da língua estrangeira. O Inglês vai ser obrigatório no 2º ciclo! Grande medida de grande alcance e visão!”
E eu pergunto-me: Então e já não é assim há tanto tempo?
Aos pais e encarregados de educação dos petizes e petizas, estou enganado?
Voltando à questão dos exames, pedra fundamental para distinção entre “eduqueses” e “não eduqueses” por que sim e isso.
Sempre me dei bem com exames.Os meus professores preparavam-me muito bem para os exames. Para além do mais, tive a oportunidade de umas explicações a matemática e a Físico-Química.Como era muito responsável, decorava a matéria toda e estudava muito, causando-me este problema na curvatura do cristalino, da hipermetropia e hipometropia.
Entrei para a faculdade com média de 19,7 valores. Dei-me bem e saí com média de 18 final.
Sinto-me realizado e confiante em mim, nunca entendendo o que Oscar Wilde queria dizer com aquela “Examinations consist of the foolish asking questions the wise cannot answer”.
Depois houve um problema nas entrevistas para o 1º emprego. Grandes elogios à minha média, mas iam preferindo outros candidatos com mais, diziam, “achievements” para além dos académicos.
Aproveitei e fui um pouco à vida por aqui e por fora. Apanhei túlipas na Holanda, uva em França, fiz uns upgrades sociais e consegui.
Hoje sou um rapas feliz, não traumatizado com exames, mas não compartimentado por eles.
LOL
Poderão as horas de coadjuvação e só estas, se perfazerem 22 horas semanais, serem consideradas horário lectivo equivalente ao comum horário ordinário de outro ex-docente de EVT (agora EDV e EDT)? Atente-se que a coadjuvação é de carácter obrigatório para todos os discentes da turma ao contrário das AEC’s.