Isabel Stilwell tem todo o direito de, porventura, ter sido má aluna a História. Tem todo o direito de não perceber que, quando Salazar nasceu, já o comboio circulava em Portugal há 33 anos e seria, portanto, impossível que Salazar e Franco tivessem cometido o erro de optarem “por uma bitola (a largura entre os carris) diferente da dos outros países europeus (nós escolhemos a larga, eles usam a estreita), numa tentativa de isolar a Península Ibérica“. Dois erros numa só frase: nem Salazar ou Franco escolheram bitola alguma nem a Europa usa a bitola “estreita”, antes a “padrão“, “internacional” ou “UIC“, como também se pode dizer: 1435 mm entre o bordo interior dos carris em alinhamento recto, por oposição à “bitola ibérica”, 1668 mm.
A Tudologia é cada vez mais uma ciência exacta…
Isabel Stilwell e o TGV
28/03/2012 by dariosilva
Filed Under: sociedade Tagged With: bitola, comboio, comunicação social, isabel stilwell, tgv, transportes
E escreve esta senhora romances históricos. Mais valia que bordasse ou pintasse, apenas.
A bitola ferroviária adotada na Espanha era originalmente de seis pés castelhanos (1672 mm); em Portugal foi inicialmente 1435 mm (mais tarde adotada internacionalmente como bitola padrão), posteriormente convertida para cinco pés portugueses (1664 mm) — esta conversão foi concretizada no terreno pela deslocação dos carris para o antigo parafuso/terifon exterior). Posteriormente, em 1955, procedeu-se à uniformização dos dos standards dos dois países numa bitola comum de 1668 mm — a bitola ibérica.
a solução para este país é adoptar um “imposto sobre a estupidez”.
A Espanha escolheu uma bitola mais larga por razões válidas, na altura.
No século XIX ainda não havia uma “bitola standard UIC” como hoje, havia vários sistemas e cada rede optava pela bitola que lhe servia melhor.
Isambard Kingdon Brunel construiu uma linha na Inglaterra com bitola 2 metros!
A razão da Espanha ter adoptado uma bitola mais larga era para poder construir máquinas a vapor com fornalhas maiores (ficavam obrigatoriamente entre as rodas) e assim ter máquinas mais potentes para vencer as regiões montanhosas.
Quem é essa loura?
Viajo frequentemente de comboio e aprendi algumas coisas com o que aqui li.
Meus caros amigos. Quer queiramos ou não, toda a sociedade tem um pouco de culpa pelo facto de hoje em dia, certas “personagens”, terem sido endeusados pelos não pensantes, com o boom da comunicação social. E então lá do seu pedestal, tudo o que disserem, não tem dúvida, ou vamos agora questionar, e não preciso de citar nomes, os famosos comentadores dos nossos canais de televisão , por exemplo. Já repararam que têm o atrevimento de “saber” falar de tudo, mas mesmo todo, repito, mesmo tudo.
Caro Dário, foi nos anos 30 que se mudou a bitola das linhas estreitas de jarda (36 polegadas = 914,4 mm) para métrica. O Salazar e o Franco também poderiam normalizar as bitolas das linhas largas, optaram por não o fazerem. Também quando o comboio se iniciou em 1856 a nossa bitola (Lisboa-Carregado) era a bitola inglesa ou seja 1435mm (4′ e 8,5″). Como depois o comboio evoluiu para Madrid, via linha do leste, aí a bitola foi imposta pela Espanha. Agora deveriam ser os Espanhóis a pagarem o erro da adaptação.
É caso para dizer: “quem te manda a ti sapateiro, tocar rabecão…”
estamos num país de sapateiros……………
Caro Manuel,
De facto, nos anos 30 foi alterada a bitola da ex-linha da póvoa e ramal de famalicão, numa extensão aproximada de 55 km; os restantes ± 650 km de “via estreita” portuguesa era já em bitola métrica desde o seu nascimento.
Portanto, alterar a bitola em 55 km de via e em alguns veículos é muito diferente de sequer pensar em alterar a bitola, nesses idos anos 30, nos quase 3.500 km de extensão da rede de então. Falaríamos, neste caso, de uma operação cerca de 63 vezes mais extensa e, obviamente, mais cara.
No caso espanhol, um país a viver tempos dificílimos, a braços com mudanças de regime e guerras fraticidas, não imagino que a mudança para uma bitola europeia fosse ponderável. Ponderava-se, imagino, se haveria Europa no dia seguinte…
Rectifico: nos anos 30, “europeizar” a nossa bitola ibérica implicaria não ±3500 km – dos quais já cerca de 600 eram via métrica – mas 2900 km. Apenas um esforço 53 vezes superior ao dispendido no alargamento da Boavista-Póvoa-Famalicão.
Nota: só faria sentido Portugal alargar a via caso a Espanha o fizesse; atendendo aos 11 ou 12 mil km de vias largas de Espanha numa década assolada pela guerra civil…